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Falcão defende mobilizações para reforma

"Só vamos obter a reforma política com mobilizações. Só pelo Congresso Nacional, seja com essa legislatura, seja com a futura, é praticamente impossível", afirmou o presidente do PT, Rui Falcão; ele minimizou a avaliação de que o país precisa ser "pacificado" após uma eleição permeada por agressões: "Não vejo necessidade de pacificar o país, porque não está conflagrado. Tirando um ou outro episódio de atrito eleitoral, que é natural, o TSE registrou poucos incidentes no Brasil", disse; "É natural que nas democracias, nos regimes presidencialistas, o governo dialogue com a oposição. Esse diálogo vai ser mais exercitado agora, a partir das tratativas políticas para constituição do novo parlamento"

São Paulo 26/10/2014 ELEIÇÕES - Rui Falcão Presidente Nacional do do Partido dos Trabalhadores (PT) durante entrevista coletiva no Hotel Braston em São Paulo. Foto Paulo PInto/Fotos Publicas (Foto: Roberta Namour)

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por Eduardo Maretti, da Rede Brasil Atual - São Paulo – O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse ontem (27), em entrevista coletiva em São Paulo, que a reforma política, defendida pela presidenta Dilma Rousseff como a mais necessária ao país em seu primeiro pronunciamento após a reeleição, não acontecerá se não houver mobilização social. "Só vamos obter a reforma política com mobilizações. Só pelo Congresso Nacional, seja com essa legislatura, seja com a futura, é praticamente impossível", afirmou Falcão. Em setembro deste ano, um coletivo de sindicatos, movimentos sociais e partidos políticos realizou campanha nacional por uma constituinte exclusiva pela reforma política em que reuniu 7 milhões de votos favoráveis às mudanças na democracia representativa brasileira.

Segundo o dirigente petista, a regulação dos meios de comunicação é outra prioridade do governo. "São duas as reformas prioritárias, a política e a reforma do sistema democrático da mídia. Defendemos também a reforma agrária, tributária e outras estruturais, mas tudo isso depende da correlação de forças no Congresso e sobretudo de uma mobilização social que se manifestou nas últimas semanas da eleição e que queremos manter ativa."

Ele minimizou a avaliação de que o país precisa ser "pacificado" após uma eleição dramática e permeada por agressões, intolerância e manifestações de ódio principalmente por parte do eleitorado tucano. "Não vejo necessidade de pacificar o país, porque não está conflagrado. Tirando um ou outro episódio de atrito eleitoral, que é natural, o TSE registrou poucos incidentes no Brasil", disse. "É natural que nas democracias, nos regimes presidencialistas, o governo dialogue com a oposição. Esse diálogo vai ser mais exercitado agora, a partir das tratativas políticas para constituição do novo parlamento."

Falcão afirmou também acreditar que a agitação do mercado financeiro nesta segunda-feira, após a vitória da presidenta, não será duradoura. Hoje, a Bovespa caiu 2,77%, a ação preferencial da Petrobras caiu 12,33% e o dólar fechou em alta de 2,68%.

O dirigente disse ainda que não se oporia à indicação de um quadro ligado ao mercado para eventualmente comandar o ministério da Fazenda, desde que se enquadre às propostas do governo de priorizar das políticas sociais e à política econômica. "Há muito tempo diferenciamos o que é partido e o que é governo. O partido não manda no governo, e o governo não controla o partido. Há uma separação entre Estado e partido. Se for um quadro preparado e leal ao programa que a maioria do povo aprovou, não haveria restrição", explicou.

Falcão disse ainda que serão bem-vindos, nas negociações para compor a base do novo governo, "todos os partidos que quiserem levar a frente" o programa de governo vitorioso nas urnas. Questionado se caberiam nessa aliança as legendas que adotam posições contrárias à criminalização da homofobia, por exemplo, ironizou: "provavelmente esses não estarão do nosso lado".

Rui Falcão negou que o ex-presidente Lula, que teve participação ativa na campanha de Dilma, vá ser "recrutado" para ajudar nas negociações para a formação do novo governo. "O Lula não vai ser recrutado para nada. Ninguém recruta o Lula. Ele pode ajudar muito, como tem ajudado, em articulações, em conversas, mas a tarefa de formar maioria governamental vai ser do ministro das Relações Institucionais [Ricardo Berzoini], da presidenta e dos partidos que atuam em conjunto".

O dirigente comentou que a opção de lideranças de partidos à esquerda do PT, como Psol, pela candidata petista no segundo turno deve proporcionar condições de diálogo em torno de propostas comuns. "Esse apoio vai criar uma aproximação maior e um diálogo que pretendo desenvolver com eles, para que, em conjunto nas mobilizações sociais, tenha condições de viabilizar propostas que defendemos e eles também, como a reforma política, a regulação da mídia e outros temas em torno dos quais existem divergências pontuais, mas que podem ser aplainadas no correr dessa nova relação."

Falcão negou que haja um "movimento" pela candidatura de Lula à sucessão de Dilma na eleição de 2018, mas se disse adepto da ideia. "Movimento não existe, porque a presidenta acabou de ser reeleita. Pessoalmente, tenho defendido essa alternativa", admitiu, ressaltando que a alternativa será analisada futuramente, mas que teria grande apoio no partido. "É uma candidatura que, se apresentada, terá grande apoio do PT. Mas isso depende do presidente Lula aceitar. Ele já disse que não quer. Mas sempre, na história do PT, ele atendeu aos apelos da maioria. Acho que vai ter bastante apelo nessa direção. Não vou ser só eu".

O presidente petista preferiu não fazer uma avaliação das causas que levaram os candidatos petistas a ter votações muito abaixo do esperado no estado. "A direção do PT estadual deve estar iniciando um balanço sobe os resultados. Vamos deixar a direção concluir para podermos dialogar para saber que medidas podemos adotar em conjunto com a militância e o partido em São Paulo."

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