Goleiro Bruno: violência desde antes da prisão
Relatrio final com depoimentos polcia mostra que o ex-jogador do Flamengo e do Atltico-MG agrediu Eliza Samudio no incio da gravidez
Minas 247 - A tese da defesa do ex-goleiro Bruno, principal acusado de ter matado sua ex-namorada Eliza Samudio, é contrariada pela maioria dos depoimentos colhidos pela Polícia Civil mineira no caso. O relatório final com os testemunhos, de amigos tanto de Eliza quanto de Bruno, mostram que o ex-jogador de futebol tinha um perfil violento e teria feito várias ameaças à vítima.
O corpo de Eliza está desaparecido há quase dois anos. Nunca foi encontrado e, na prática, é considerada morta. Desde então (julho de 2010), Bruno, seu amigo Luiz Henrique Romão (o Macarrão), e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos (o Bola) estão detidos na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem.
A defesa de Bruno tenta convencer a Justiça que o ex-goleiro queria um herdeiro homem e, por isso, “estava gostando do garoto” que estava na barriga de Eliza. Relatório obtido pelo jornal O Tempo, de Betim, na Grande BH, mostra contudo, outra situação. Amiga de Eliza, Milena Baroni Fontana disse à Justiça que o jogador agrediu a ex-namorada com puxões de cabelo para forçá-la a desmentir na imprensa que esperava um filho dele. O pai de Eliza, Luis Carlos Samudio, informou que Bruno teria sumido com documentos pessoais da jovem para impedir que ela entrasse com açõ de reconhecimento de paternidade.
Ainda segundo o relatório obtido pelo jornal, a polícia encontrou, em computadores pessoais de Eliza e de Macarrão, várias conversas comprometedoras entre ambos - elas comprovariam a tese das ameaças.
Leia abaixo reportagem da jornalista Joana Suarez publicada no jornal O Tempo (ou clique aqui para lê-la no próprio site do jornal)
Inquérito revela perfil violento
Enquanto os advogados do goleiro Bruno Fernandes tentam provar a inocência do réu no caso de desaparecimento e morte de sua ex-namorada Eliza Samudio, testemunhas do caso revelam o perfil violento do acusado e as ameaças que ele fez à vítima. Os depoimentos dados à Polícia Civil contradizem a nova tese da defesa de que Bruno sempre quis um herdeiro homem e passou a " a querer e gostar do garoto". A reportagem de O TEMPO teve acesso ao relatório final da polícia sobre o caso e, durante esta semana, publica uma série de matérias mostrando detalhes do crime que chocou o Brasil.
Em depoimento à polícia, duas amigas de Eliza, Larissa de Oliveira Barcelos e Milena Baroni Fontana, dão detalhes do relacionamento conturbado entre Bruno e Eliza. Milena conta que, no início da gravidez da amiga, o jogador a agrediu com puxões de cabelo para forçá-la a desmentir na imprensa que esperava um filho dele. Procurada pela reportagem ontem, Milena disse que não quer mais falar sobre o caso. "Vamos ver se a Justiça vai resolver ", disse.
Outras testemunhas, de acordo com o relatório policial, confirmaram que Bruno queria o aborto e era agressivo com a ex. Silvia Cordeira de Oliveira, madrasta de Eliza, afirmou que o goleiro não acreditava ser o pai da criança e que a enteada temia que o suspeito "roubasse" seu filho após o nascimento.
O pai de Eliza, Luis Carlos Samudio, relatou que Bruno tinha dado sumiço nos documentos pessoais da jovem para impedir que ela entrasse com ação de reconhecimento de paternidade. Ainda de acordo com o pai da jovem, em junho de 2010, Eliza deixou sua casa no Rio de Janeiro em direção à capital mineira para tentar negociar a pensão alimentícia do filho e fazer o exame de DNA.
Em depoimento, outra amiga de Eliza, Wiviane Leão, afirmou que ela jamais abandonaria o filho e disse ter estranhado quando a ex do goleiro ficou vários dias sem dar notícia após ir para Minas. As duas moravam juntas em São Paulo.
Nos computadores pessoais de Eliza e do então amigo do goleiro, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, a polícia encontrou conversas comprometedoras entre ambos que comprovariam a tese das ameaças. Em um dos trechos citados no inquérito, Eliza diz que Bruno tentou matá-la: "Viu o que seu amigo louco fez? Tentou me matar... mais (sic) tô sendo mulher e me virando sem ele ...jamais prejudicaria alguém para me promover...".
O perfil do jogador é retratado também por juízes que participaram do processo. Em dezembro de 2010, quando condenou o goleiro por sequestro, lesão corporal e constrangimento ilegal de Eliza Samudio -, o juiz Marco José Mattos Couto, da 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá, no Rio, descreveu o jogador como um homem covarde, com personalidade de criminoso, apreciador de orgias, drogas e álcool.
Há quase dois anos, Eliza desapareceu, e seu corpo nunca foi encontrado. Desde de julho de 2010, o goleiro, o Macarrão e o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, estão detidos. Outras seis pessoas respondem ao processo em liberdade.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), ainda não há previsão para que seja marcado o júri popular do goleiro Bruno Fernandes e dos outros oito acusados. O motivo da demora seria a existência de recursos que aguardam julgamento. A Vara de Execuções de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, deve decidir ainda neste mês se concede o pedido de liberdade condicional ao goleiro Bruno Fernandes. Em 7 de dezembro de 2010, o acusado foi condenado a quatro anos e seis meses de prisão por sequestro, lesão corporal e constrangimento ilegal de Eliza Samudio pela Justiça carioca.
O processo foi transferido para Contagem, onde o goleiro também é julgado pelo desaparecimento e a morte de Eliza. Segundo o advogado de Bruno, Rui Pimenta, o cliente já tem direito à liberdade condicional por ter cumprido quase metade da pena.
Uma das teses utilizadas pelo advogado Rui Pimenta na defesa de Bruno Fernandes é a de que o goleiro queria muito ter um herdeiro, já que era pai de duas meninas. Segundo Pimenta, no início da gravidez da ex-namorada, Bruno não queria o filho e tentou que Eliza Samudio interrompesse a gestação. "Hoje ele já está pagando por isso. Mas, depois que o menino nasceu, ele passou a gostar do garoto", afirmou o defensor.
No inquérito policial, os depoimentos das amigas e parentes de Eliza mostravam que ela veio para Minas porque o goleiro teria mudado o comportamento e indicado que aceitaria o filho. No entanto, para a polícia, tudo não passaria de uma emboscada para sumir com mãe e filho.
Já o advogado defende que Bruno mudou "200% quando descobriu que o filho era homem" e que por isso jamais teria intenção de matar Eliza. A defesa aguarda agora o julgamento do habeas corpus pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que pode sair neste mês.
Confiante na liberdade próxima do goleiro, Pimenta afirma que os outros advogados não souberam impetrar os pedidos de soltura. "Eu sei pensar e fazer tudo de acordo com a forma como o Supremo faz e, por isso, acredito que o Bruno estará solto em breve. E se o Flamengo não aceitá-lo de volta, já está cheio de clubes o procurando", afirmou.
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