Mortes e alta no preço dos alimentos: os impactos do frio intenso
Óbitos entre as pessoas em situação de rua e destruição de plantações são impactos diretos da massa polar
Caroline Oliveira, Brasil de Fato - A situação de rua durante o frio intenso em 2021 já matou 16 pessoas, até esta sexta-feira, somente no no município de São Paulo. Os dados são do Movimento Estadual das Pessoas em Situação de Rua (MEPSR-SP). O levantamento não contabiliza, ainda, uma morte suspeita registrada na madrugada deste sábado (31), que ocorreu na República, região central da cidade, segundo o padre Julio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo da Rua.
De acordo com o Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE), a última sexta-feira (31) na capital paulista teve a menor temperatura em 17 anos. A média mínima registrada foi de 3,2°C e a temperatura mínima absoluta de - 3ºC.
Durante o frio intenso, a Paróquia de São Miguel Arcanjo, onde o padre Julio Lancellotti é pároco, abrigou cerca de 20 pessoas em situação de rua desde a quinta-feira (29).
Na madrugada deste sábado, o líder religioso, junto com Paulo Escobar e Viviana Torrico, que também atuam com pessoas em situação de rua, salvou a vida de um senhor de 60 anos que estava congelando.
“Vitor estava ali deitado na calçada e nos aproximamos. Ele se levantou dolorido, congelado, grogue. Segundo os enfermeiros, estava congelando, sim congelando, seu sangue e sua vida indo. Tudo isso a 30 metros de um pernoite cheio de camas vazias, pois a burocracia impede de ver estas situações. Pois o padrão precisa ser seguido e há hora de entrada”, afirmou Escobar, em suas redes sociais.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo afirmou que os casos de “mortes por causas naturais", independentemente da patologia, são encaminhadas aos órgãos de saúde para a emissão da declaração de óbito e demais providências legais”.
Questionada, a Secretaria de Saúde municipal ainda não respondeu sobre os casos de mortes entre a população em situação de rua.
Impacto no preço dos alimentos
Entre os impactos do frio intenso que chegou às regiões sul e sudeste do Brasil, também está o aumento no preço dos alimentos nas próximas semanas.
Um relatório da XP Investimentos, publicado ainda na segunda-feira (26), mostrou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, que mede a inflação dos alimentos, pode chegar a 7,3% em 2021, já prevendo o impacto das geadas. Antes, a projeção era de 6,7%.
Nesse cenário, alguns agricultores e associações já começaram a pedir socorro ao poder público. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP), nesta sexta-feira (30), enviou um ofício ao Ministério da Agricultura e Agropecuária (MAPA).
A entidade pede ajuda para atenuar os impactos negativos da frente fria. De acordo com o relatório da XP Investimentos, os cultivos mais impactados são o café, as hortaliças e as frutas.
Ainda segundo a federação, algumas regiões registraram perdas de 10% a 20% em alguns cultivos, em outras, de até 100%. A perda das hortaliças, por exemplo, chega a 15%, no alto do Tietê Paulista, no interior de São Paulo. No médio Paranapanema, o prejuízo estimado chega a 50%.
No Rio Grande do Sul, foram registradas perdas em lavouras com a queda de granizo. No município de Erebango, nas comunidades de Santo Antônio, Linha Seis, Linha Mergalli, Linha Scolari, Linha Pilar, São Judas e Chalet, foram registrados estragos nas plantações de de trigo, cevada, aveia, pastagens, erva mate, olericultura e fruticultura.
Em Santa Catarina, um agricultor chegou a utilizar um aquecedor para proteger a plantação de tomate. Em Epagri, interior do estado catarinense, a Prefeitura informou que o maior risco para a agricultura local se dá com a presença de geadas.
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