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"O governo precisa aprender a falar com os evangélicos", diz o pastor Ariovaldo Ramos

Para ele, é preciso fazer chegar ao segmento informações sobre a melhoria da qualidade de vida, mas "não pode ser mera propaganda, é preciso conhecer o público"

Luiz Inácio Lula da Silva e o pastor Ariovaldo Ramos (Foto: Reprodução | Felipe L. Gonçalves/Brasil247)

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247 - O pastor Ariovaldo Ramos, que coordena a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, diz que o governo federal está falhando gravemente na comunicação com os brasileiros adeptos das denominações evangélicas.

"Não pode ser mera propaganda, é preciso minimamente conhecer o público com o qual você está falando, e minimamente conhecer as categorias que esse povo usa. Isso para mim é o grande desafio. Eu não sei se o governo vai conseguir, de verdade", disse, em entrevista à TV 247.

Ariovaldo Ramos deu entrevista ao jornalista Joaquim de Carvalho depois que foram divulgadas informações no sentido de que o governo estuda formas de aproximação do presidente Lula com o segmento evangélico, onde sua popularidade não tem aumentado.

Para Ariovaldo Ramos, a extrema direita se infiltrou no meio evangélico e provocou um retrocesso.

"A extrema direita que se infiltrou no meio evangélico convenceu os evangélicos de que  respeitar a tradição evangélica é promover um retrocesso civilizatório", afirmou.

Para ele, a resposta do governo não pode ser a concessão a uma pauta de retirada de direitos. "O governo não pode cair na esparrela de fazer favores ao fundamentalismo , principalmente estes que atentam contra os direitos civis", declarou.

E advertiu: "Se fizer isso, vai se comprometer gravemente, inclusive se contradizer de forma irrecuperável, porque vai ter que negar direitos absolutamente consagrados, legítimos, para negociar com um grupo que escolheu um caminho de retrocesso civilizatório em algumas áreas do relacionamento humano."

Ariovaldo considerou enorme o desafio do governo, e defendeu a formação de um gabinete de crise. "(O governo) precisa entender que é preciso criar um gabinete de crise na fala com os evangélicos, para que seja eficaz, mas que não comprometa os avanços civilizatórios, para que não produza retrocessos, principalmente no que tange aos direitos humanos (...) O governo vai precisar ter muita sabedoria, e eu não sei se tem", disse.

Ariovaldo também reclamou do que considera erro político do governo ao não convidar evangélicos para o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o chamado Conselhão, que tem 246 integrantes e a missão de representar a diversidade da sociedade e dar suporte à formulação de políticas públicas."

Outras religiões, como o Judaísmo e a Igreja Católica, estão presentes no Conselhão. Os evangélicos representam hoje cerca de 30% da população. 

"O governo perdeu a chance no início deste ano. Não levou nenhum evangélico, por exemplo, para o Conselhão, não reuniu os evangélicos que apoiaram o governo para ouvi-los e para pensar formas de falar com esse povo, e não conseguiu compreender ainda que o meio evangélico é uma nova cultura: ser evangélico é ser gente de forma particular.Não é um mero movimento religioso, é o surgimento  de uma nova cultura, que disputa, inclusive, na base da pirâmide, a formulação de uma nova cultura brasileira", destacou.

Ariovaldo foi um dos criadores da Frente de Evangélicos para o Estado de Direito e, em 2016, se posicionou contra o impeachment de Dilma Rousseff, e também denunciou os abusos da Lava Jato, principalmente a prisão de Lula.

Ariovaldo visitou o presidente no cárcere da Polícia Federal várias vezes, e criticou duramente o governo Bolsonaro, inclusive a negação da ciência durante a pandemia. E continua a se manifestar em defesa da democracia num programa de rádio. 

"A gente está há um ano, um pouco mais, falando na rádio uma vez por semana, no programa Papo de Crente, e nós já vimos avanços. É claro que são avanços tímidos, porque nossa audiência também é reduzida, e é um ano de trabalho, intenso, falando dos avanços democráticos e civilizatórios que o Brasil está vivendo, numa linguagem que construa a fé daqueles que nos ouvem", contou.

Ariovaldo entende que é preciso abrir canais de comunicação direta com os evangélicos, e entende como positiva a iniciativa para que Lula participe de programas dirigidos a essa população. 

"O governo precisa aprender a falar com essa gente, não a usar categorias religiosas, mas a entender que tem de dizer profundas e muito bem-vindas verdades, porque ajudam esse povo que é o que mais carece dessas realizações, de forma que eles a entendam, não se sintam agredidos pela comunicação. O governo precisa entender que, quando está falando com a classe C, D e E, que é a maioria da população brasileira, está falando basicamente com evangélicos, e está falando com religiosos de forma geral, e é preciso entender as novas categorias", observou.

Veja a entrevista na íntegra:

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