Qualidade de vida, um benefício que não tem preço
Prmio nacional aponta empresas campes em programas de bem-estar e mostra por que investir na rea hoje um imperativo estratgico
Luciane Macedo _247 - Caos no trânsito, correria em casa, metas a cumprir e contas a pagar. É cada vez mais escasso o tempo que sobra para o lazer, sem falar nas coisas que, na avaliação particular de cada um, são realmente importantes. É neste cenário que a qualidade de vida vem lutando para ganhar terreno. Nos últimos anos, vem desbravando resistências e colecionando vitórias onde a maioria das pessoas passa a grande parte do seu dia: no trabalho.
Para as empresas, investir no bem-estar dos funcionários já é considerado um imperativo estratégico, mostra pesquisa da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV). As iniciativas contribuem não só para o corte de gastos, mas também para combater alguns dos piores males que, hoje, mais afetam a performance no trabalho: stress e problemas emocionais, quaisquer que sejam suas causas e origens.
E quando foi a última vez que você foi trabalhar -- afinal, ausentar-se várias vezes é arriscar-se a uma demissão por justa causa --, mas sua cabeça estava longe, em algum problema pelo qual você está passando e não consegue resolver? Este é outro alvo dos programas de qualidade de vida: o presenteísmo, o famoso "estar de corpo presente, com a cabeça em outro lugar".
As ferramentas para combater todos estes problemas estão à disposição em muitas empresas brasileiras. Entre tantas, vale citar: clubes de corrida ou caminhada, para dar um up natural nos hormônios do bem-estar; psicoterapia breve, para ajudar a solucionar problemas pessoais ou com alguém da família; academia de ginástica e grupos de apoio para perda de peso; saraus, para exercitar a veia artística; massagem itinerante, que vai até a mesa de trabalho para aliviar os ombros de um dia tenso.
Ninguém é obrigado a participar de nada. Mas poder contar com a própria empresa para resolver problemas que fogem do escopo profissional, sentir-se menos estressado, mais produtivo e mais saudável torna-se um benefício que não tem preço, especialmente para quem já conheceu bem o oposto.
Os melhores programas de qualidade de vida conseguem promover o bem-estar em várias frentes, nas áreas de saúde, esporte, lazer, cultura, combate ao stress do dia-a-dia e ajuda psicológica. Muitas iniciativas se estendem também aos familiares dos funcionários, é o caso de grupos de acompanhamento de doenças crônicas.
"Não basta ter ações, os programas de qualidade de vida precisam ter uma estrutura, pilares bem definidos, uma boa comunicação, alinhamento com a liderança da empresa, geração de valor e resultados", comenta a psicóloga e gestora de saúde Luiza Cruz, coordenadora do Prêmio Nacional de Qualidade de Vida (PNQV).
Segundo sua percepção e vivência na área, Luiza acredita que, atualmente, cerca de 85% das empresas brasileiras já implantaram iniciativas direcionadas ao bem-estar dos funcionários, e 60% estão trabalhando na estruturação de programas de qualidade de vida mais completos. Ao contrário do que se poderia imaginar, nem sempre as grandes empresas, que têm mais recursos, são as melhores na área. "O nível de maturidade entre as empresas ainda é muito diferente, não tem a ver com tamanho", comenta Luiza.
Embora as pequenas empresas tenham menos condições de investir em bem-estar, é perfeitamente legítimo indagar, durante um processo de seleção em empresa de médio ou grande porte, se ela tem alguma ação ou programa de qualidade de vida. "As próprias empresas já divulgam seus programas, porque é um diferencial", diz a coordenadora do PNQV. "Os novos funcionários também preenchem uma ficha para que a empresa saiba quais ações podem ser boas para ele já no ato da contratação".
Colaboradores temporários, funcionários terceirizados e estagiários também podem se beneficiar. "As empresas mais maduras já têm esse olhar", observa Luiza. "A força de trabalho é composta por todos os profissionais que trabalham pelo sucesso da empresa, inclusive os estagiários", assinala. "Incentivamos pelo menos três ações ao ano que incluam a todos", continua a gestora. "Nem todas as empresas dão conta de financiar, mas existem ações coletivas que podem incluir a todos, como orientação nutricional no refeitório ou de um professor de educação física na academia".
Reconhecimento e resultados
A ABQV premia as empresas campeãs do bem-estar há mais de uma década. Desde a primeira edição do PNQV, 65 empresas, de diversos portes e segmentos, já receberam a honraria. O reconhecimento pelas boas práticas e excelência na gestão dos programas de qualidade de vida é um catalisador para que iniciativas de sucesso se alastrem Brasil afora.
Em março deste ano, o prêmio foi entregue às empresas que tiveram os melhores programas em 2011. As vencedoras da 15ª edição do PNQV foram reconhecidas em duas categorias: "Excelência na Gestão" -- Grupo Caixa Seguros, Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), CCR e Elektro -- e "Boas Práticas de Gestão" -- Allergan Produtos Farmacêuticos, Sabesp, Seguros Unimed, Unimed-Rio e Victory Consulting.
Onze critérios foram avaliados, entre eles liderança e constância de propósitos, visão de futuro, valorização das pessoas, orientação por processos e informações, geração de valor, cultura da inovação e desenvolvimento de parcerias. Todas as empresas que participaram da etapa de avaliação recebem um diagnóstico da ABQV, que indica os pontos fortes dos programas de qualidade de vida e onde estão as oportunidades para melhorar.
Um dos vencedores, o programa "Viva Bem", da Caixa Seguros, está estruturado em quatro frentes: Saudável, Mulher, Trabalho e Cultural. "Notamos uma diminuição grande no absenteísmo e na procura por consultas médicas, e a sinistralidade do plano de saúde também caiu consideravelmente", conta Maria Cláudia Valle, coordenadora do programa.
Além de fazer apurações mensais de participação e medir a receptividade global das iniciativas através de perguntas, críticas e sugestões, o "Viva Bem" também incentiva a adesão com recompensas. "No caso do Clube de Corrida, por exemplo, apuramos quem são os dez mais assíduos e levamos esses colaboradores para a Meia Maratona do Rio", diz Maria Cláudia.
Na CCR, o programa de qualidade de vida gerou mais saúde e satisfação entre os funcionários, com resultados expressivos. "Há cinco anos não temos reajustes na apólice do plano de saúde", diz o Dr. Sérgio Ferreira, coordenador do programa. "O grupo de acompanhamento de doenças crônicas é diretamente responsável, já que é o que mais precisa de assistência nesse sentido", explica o médico. "Para cada Real investido, calculamos que recebemos R$ 2,50 de volta", assinala. O número de internações também diminuiu cerca de 40%, segundo os cálculos da CCR.
A Chesf, que recebe o PNQV pela segunda vez, tem como missão sensibilizar os funcionários para a autogestão da saúde. A empresa mantém, desde 2000, um Plano Corporativo de Saúde e Qualidade de Vida, que abrange aspectos físicos, sociais, financeiros e psicológicos de sua força de trabalho. Um dos desafios é criar e manter iniciativas de acordo com as necessidades da equipe.
"A gestão da qualidade de vida está atrelada ao resultado geral da empresa", afirma Heloísa Nóbrega, uma das responsáveis pelo programa. Segundo ela, as lideranças acompanham de perto e são altamente comprometidas com os resultados. "Eles têm uma visão diferenciada, são entusiastas dos programas".
Outra premiada pela segunda vez é a Elektro, cujo programa "Estar Bem" é estruturado em três vertentes: Cultura, Saúde e Movimento. A empresa é a única em seu segmento com um Programa de Biomecânica, em que fisioterapeutas acompanham os eletricistas em seus postos trabalho para orientá-los sobre a postura corporal adequada durante o exercício de suas funções.
"Conseguimos reduzir gastos e diminuir o número de colaboradores doentes ou afastados", diz Lilian Cristina Martinazzo, analista de Qualidade de Vida da Elektro. "O Prêmio mostra que o nosso programa de qualidade de vida está dando certo".
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