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    Quantidade de moradias desocupadas ultrapassa 18 milhões no Brasil, mostram dados

    O número representa três vezes o déficit habitacional, de acordo com o IBGE

    Programa Bairro Carioca entrega 180 moradias (Foto: Divulgação)

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    247 - Ter uma moradia digna é o sonho de mais de 30 milhões de pessoas no Brasil, de acordo com dados de 2019, que somam o déficit quantitativo e qualitativo no país. Essa situação afeta, em sua maioria, à população de menor renda, que vê distante o desejo de viver de uma forma melhor. Estima-se que o déficit quantitativo no Brasil esteja entre 6 e 7 milhões de moradias, segundo o site o Melhor Trato. A população no Brasil é muito menor do que a projetada e que a quantidade de moradias ociosas ultrapassa 18 milhões, três vezes o déficit habitacional, de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

    O déficit habitacional qualitativo é o mais prevalente, com mais de 24 milhões de moradias. O termo refere-se a imóveis existentes com falhas na infraestrutura básica, construção precária e falta de serviços como água, saneamento ou energia. 

    O número é dado entre a soma das moradias vazias, que seriam 11 milhões 397 mil 889, e as de uso ocasional, que são 6 milhões 672 mil 912. Paralelamente, houve um aumento de 34,2% no número total de domicílios existentes em relação ao censo anterior, em 2010, passando de 67,46 milhões para 90,69 milhões em 2022. 

    Em relação à quantidade de moradias ociosas, para José Eustáquio Alves, doutor em demografia e pesquisador aposentado do IBGE, a política habitacional baseada na construção de novas unidades perdeu o sentido. "A falha do mercado é corrigida com a ação do poder público para redistribuí-las, por exemplo, com um imposto progressivo sobre imóveis urbanos vazios ou aluguel subsidiado para os pobres", disse em entrevista à Inter Press Service. 

    Para coletar essas informações, o IBGE usou novos recursos, incluindo imagens de satélite, dados da rede de distribuição de eletricidade e outros mecanismos que ajudaram a melhorar a medição em relação aos censos anteriores. De acordo com a pesquisa, na cidade de São Paulo, que tem 11,45 milhões de habitantes, há mais de 588 mil 978 unidades desocupadas, o que é o dobro do número registrado em 2010 e supera o déficit habitacional, que está próximo de 400 mil, segundo a prefeitura.

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou o que foi um dos carros-chefes de seu governo, o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), para reduzir o déficit habitacional por meio de mais subsídios e taxas de juros mais baixas. A iniciativa tem como objetivo garantir 2 milhões de unidades habitacionais acessíveis até 2026. "Há um déficit habitacional crônico no País. Em 1974, na primeira campanha bem-sucedida do PMDB, a campanha dizia que o Brasil tinha um déficit de 7 milhões de unidades habitacionais. E vemos pessoas dizendo que há um déficit de cerca de 6 ou 7 milhões. Isso mostra a necessidade de que o Estado se sinta na obrigação de consertar para que as pessoas tenham uma casa", disse o presidente.

    Entre as principais mudanças do novo Minha Casa, Minha Vida, criado em 2009, estão o aumento da faixa de renda para participar, o maior acesso para a classe média, a redução das taxas e a melhoria das condições de financiamento e da qualidade dos imóveis, bem como a localização dos terrenos no tecido urbano.  

    Pessoas em situação de rua 

    De acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em 2022, 281 mil pessoas estão em situação de rua no Brasil, 38% a mais do que em 2019. Desse total, que teria aumentado em grande parte devido à pandemia de Covid-19, 20% estão em São Paulo. 

    O relatório destacou que esse problema também aumentou a partir de 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, quando houve um fim das políticas públicas de habitação destinadas a reduzir os aluguéis, situação que levou muitos indivíduos a acabarem vivendo em barracas ou nas calçadas. 

    Embora entre 2012 e 2022 o crescimento populacional tenha sido de 11%, o segmento de pessoas que vivem nas ruas aumentou 211%, sendo que a região Sudeste - São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte - responde por mais da metade da população de rua do Brasil, cerca de 151 mil. Enquanto isso, na região amazônica, a população sem-teto cresceu de 8.000 para 18.000 pessoas em quatro anos. 

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