‘Ratazanas glaciais’ chocam cientistas por resistirem a temperaturas extremas e se moverem como ‘rebanho’
Um tipo raro de vegetação glacial que sobrevive a temperaturas extremas chamou a atenção de pesquisadores de geleiras. As ‘ratazanas glaciais’ são ‘bolas de musgo’ que comportam atividade microbiológica e são capazes de se mover como um rebanho, em busca de melhores condições de temperatura
Sputnik News - Chamadas por alguns pesquisadores de "ratazanas glaciais", são descritas como uma espécie de almofadas feitas de musgo de consistência macia e úmida, proporcionando um habitat único.
A presença de estranhas bolas de musgo em ecossistemas glaciais chamou a atenção da comunidade científica, que desde há décadas busca compreender sua origem e como coexistem nas baixas temperaturas e extremas condições deste entorno.
Recentemente, um grupo de cientistas norte-americanos revelou nova informação sobre estas particulares formações, que são pequenos ecossistemas para a vida microbiana e importantes componentes da atividade biológica nas geleiras.
Em um estudo publicado pela revista Polar Biology, especialistas analisaram essas formações no estado norte-americano do Alasca e descobriram que podem sobreviver por anos e são até capazes de se mover - como um rebanho.
"Todo este agrupamento se move aproximadamente na mesma velocidade e nas mesmas direções", assegura um de seus atores, Timothy Bartholomaus.
Bartholomaus e sua equipe identificaram 30 destas formações na geleira Root e rastrearam seu movimento durante 54 dias em 2009. Nos três anos seguintes, voltaram e compreenderam que este musgo se movia "relativamente rápido", a um ritmo de um centímetro por dia.
Para além disso, demonstraram que muitas destas bolas de musgo podiam ter uma vida média de mais de seis anos.
Aqui estão algumas fotos dessa carismática megafauna de geleira
"Realmente são como pequenos mamíferos, pequenas ratazanas, esquilos ou algo que corre pela geleira, ainda que obviamente corram em câmera lenta", comenta a bióloga Sophie Gilberto, coautora do trabalho.
A equipe de cientistas não foi capaz de explicar o padrão de direção do movimento, que acreditam depender do derretimento do gelo onde crescem, das correntes ou do vento. Também podem seguir a direção da luz do Sol. "Provavelmente, a explicação está em algum lugar da física da energia e do calor ao redor da superfície da geleira, porém, ainda não chegamos lá", salientam Ruth Mottram, cientista do Instituto Meteorológico da Dinamarca.
De qualquer forma, o longo período de vida das bolas de musgo mostra sua importância como unidade ecológica "relativamente estável" nas geleiras, que seguem sendo vistas como territórios estéreis, e poderia explicar sua colonização por parte de alguns invertebrados simples.
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