Tecnologia no Casino: quem fica a ganhar?
Se para a maior parte das pessoas o mundo dos casinos ainda é visto como ultrapassado e antiquado, para outras encontra-se na vanguarda do avanço tecnológico. Na verdade, os maiores casinos do mundo destacam-se por apresentar ambas as facetas. Os grandes proprietários da indústria dos jogos de azar esforçam-se por preservar o tradicional espírito de jogo dos seus casinos, mas não se coíbem de investir milhares ou mesmo milhões de dólares em tecnologia de ponta. A tendência tem mesmo vindo a aumentar de ano para ano.
A relação entre os casinos e a tecnologia existe; na indústria dos serviços, o sector do jogo é um dos poucos que tem vindo a ser marcado pela aposta em sistemas tecnológicos de ponta baseados em Inteligência Artificial (IA) e Realidade Virtual (VR). Mas quando os casinos decidem apostar em novas tecnologias, quem fica a ganhar? Se por um lado o casino procura oferecer a melhor experiência possível ao jogador de modo a aumentar o número de clientes, por outro depende de diversos factores que, na sua essência, vão contra os interesses dos consumidores.
Num momento em que mesmo os maiores casinos do mundo têm vindo a perder clientes para a excitante indústria dos casinos online (que gera biliões de dólares em receitas todos os anos), é pertinente reflectir acerca da relação entre o casino e as novas tecnologias e perceber de uma vez por todas quem fica a ganhar - se a casa, ou o jogador.
RNG's e o seu papel nos jogos de azar
Antes de explorarmos os tópicos da Inteligência Artificial e da Realidade Virtual é importante mencionar que, pelo menos no que toca ao uso de RNGs, os clientes de casinos já foram beneficiados pelo uso da tecnologia.
O termo RNG vem do inglês e significa Random Number Generator; consiste muito basicamente num algoritmo utilizado em software de programação que tem como função a criação permanente de números e sequências aleatórios. Os tradicionais dados de seis faces são um exemplo de um RNG mecânico muito básico. Um RNG é caracterizado pela sua capacidade para gerar valores de forma absolutamente arbitrária e utilizado extensivamente na indústria dos videojogos. São os RNGs que tornam possível que em determinados jogos situação x mude de acordo com circunstâncias y, contribuindo para uma maior imprevisibilidade.
Quando aplicados ao mundo dos casinos - seja na sua versão real ou digital - os RNGs contribuem de forma decisiva para o sucesso dos jogadores. Antes do uso de RNGs se ter tornado obrigatório, as máquinas e software de jogo estavam programadas para gerar sequências que, ainda dispondo de um certo nível de arbitrariedade, estavam desenhadas para beneficiar a casa. A aplicação de RNGs nos jogos de azar veio mudar de forma decisiva as hipóteses dos jogadores; hoje em dia, ao contrário do que acontecia no passado, é possível negar com razão o velho ditado que diz que the house always wins (a casa ganha sempre).
IA: segurança... ou lucro?
Enquanto que o uso de RNGs escapa a qualquer tipo de polémica por parecer evidente no contexto dos jogos de azar, o mesmo não se pode dizer da Inteligência Artificial. A IA já chegou aos casinos, mas será que esta tem os melhores interesses dos jogadores em conta?
Os blogues mais optimistas de jogos de azar pareciam acreditar que o IA poderia desempenhar um papel decisivo no combate ao vício do jogo. Identificando padrões de risco associados ao vício, reconhecendo jogadores que exibem sinais de instabilidade mental e avaliando quanto tempo cada jogador passa nas mesas de jogo, a IA parece possuir todos os recursos necessários para contribuir de forma acutilante no combate aos perigos associados aos jogos de azar. Mas os casinos parecem ter outro plano em mente...
Cuidando o interesse do seu próprio lucro, os maiores casinos do mundo têm vindo a desenvolver IA focada no reconhecimento de padrões e na identificação de jogadores que podiam trazer benefícios de segurança, mas que serão essencialmente aplicados em estratégias que convençam os jogadores a jogar durante maiores períodos de tempo. Os casinos começam a utilizar a IA para criar grandes bases de dados - à semelhança do que acontece na Internet - e para guardar as "pré-definições" associadas a cada um dos seus clientes; como por exemplo, quais os seus jogos favoritos, quais aqueles a que dedica mais tempo, e quais aqueles em que perde mais dinheiro.
VR: dois mundos, um só espírito
Qualquer casino online em Portugal e no Brasil procura até certo ponto replicar a autenticidade que está associada a um casino verdadeiro. Mas foi na Nova Zelândia que se registou o primeiro exemplo de um casino online que utiliza sistemas de Realidade Virtual para fazer com que os seus utilizadores se sintam integrados num casino "a sério".
As indústrias do jogo territorial e do jogo online são muitas vezes colocadas em espectros opostos e tomadas como rivais, mas tecnologias como a VR podem ironicamente contribuir para que as duas se tornem cada vez mais semelhantes. Com os casinos reais e virtuais decididos a apostar na VR, será que daqui a 10 anos ainda conseguiremos dizer qual é qual?
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