Um resumo do mundo moderno
O jornalista Raimundo R. Pereira resume a história do capitalismo e afirma que “as democracias de base socialista têm ganhado terreno no mundo do pós-guerra”
Por Raimundo Rodrigues Pereira e a colaboração de Armando Sartori
1 - As indulgências, o papel moeda e Inglaterra como fábrica do mundo
Dinheiro e finanças são criações antigas. As indulgências foram criadas no começo do século XVI. Eram, como poderíamos chamar hoje, títulos imobiliários de longo prazo: os ricos os compravam dando ouro para os cofres da igreja de Roma; de posse deles em vida, conseguiriam, depois da morte, abrigo provisório num purgatório - um estágio intermediário, criado pelos papas de Roma entre o céu e o inferno - onde “purgariam” suas culpas até ficarem limpos para entrar no reino do céu. A denúncia de tal armação não tardou e teve ampla repercussão no mundo medieval. Em outubro de 1517, o monge Martinho Lutero, pregou na porta da Igreja de Todos os Santos, em Wittenberg, na Alemanha, 95 teses nas quais denunciava a corrupção e os excessos da cúpula romana, tendo como alvo central o conluio do papado com os ricos.
Mas o grande abalo político da ordem antiga não veio do campo das ideias religiosas a respeito do além, mas da produção material terrestre. O mundo medieval era o do trabalho dos camponeses, servos dos donos da terra, e dos artesãos, donos de instrumentos de trabalho realizado em suas próprias casas. O aparecimento da indústria, com o uso de máquinas como as movidas a vapor, criou as duas classes sociais modernas: a burguesia - os donos dos novos locais e equipamentos de produção; e o proletariado, aqueles que tinham para oferecer ao novo sistema apenas sua força de trabalho e em troca recebiam um pagamento em dinheiro, um salário.
O dinheiro já teve várias formas. Os ingleses foram os primeiros a transformar sua moeda, a libra esterlina, então metálica, em papel moeda oficial distribuído através de bancos privados e garantido por estoques de barras de ouro mantidas pelo governo em um banco estatal central. Essa transformação facilitou enormemente os negócios. Os patrões obtinham dinheiro na venda de seus produtos ou emprestado de bancos. Os trabalhadores gastavam o salário com alimentação, vestuário, aluguéis e outras necessidades, assim fomentando novos negócios.
De início, a exploração dos trabalhadores foi brutal: os patrões passaram a assalariar não só homens adultos, mas também mulheres e crianças, pagando salários mínimos para jornadas de até 18 horas diárias. E como esse novo regime de produção criou muita riqueza, em poucas décadas se espalhou pelos quatro cantos do planeta. A Inglaterra tornou-se “a fábrica do mundo” e a libra, a primeira moeda internacional.
O modo capitalista de produção teve ampla repercussão política na França com a revolução que mobilizou todas as classes e camadas sociais, especialmente a burguesia, interessada no fim dos privilégios da nobreza, e principal responsável pelo grande movimento iluminista que pôs por terra a velha ordem medieval.
Numa série anterior, destacamos os pensadores liberais e os limites de suas doutrinas para explicar a criação da riqueza no mundo moderno. Nesta, vamos apresentar a teoria da criação da riqueza com o trabalho assalariado, seu aparecimento e sua evolução, começando pelos dois principais criadores dessa doutrina: os alemães de nascimento, Karl Marx e Friedrich Engels.
2 - Da Comuna de Paris aos Sovietes de Moscou
Karl Marx e Friedrich Engels, dois alemães, viviam em Londres junto a uma comunidade de trabalhadores também emigrados e que faziam parte de uma clandestina Liga dos Comunistas, para a qual escreveram o Manifest der Kommunistchen Partei, o Manifesto do Partido Comunista, finalmente divulgado em inglês em 1848. O manifesto faz uma análise das formas de opressão social durante os séculos. Não deixa de citar o papel revolucionário da burguesia, “na codificação dos princípios últimos e na concepção de mundo do vasto movimento progressista e libertador que pôs por terra o mundo feudal”, como disse outro marxista, o húngaro Georg Lukács.
Mas apresenta a burguesia moderna como a nova classe opressora, da qual os trabalhadores só poderiam se livrar pela organização e a revolução. Com essa inspiração, os operários parisienses estabeleceram na cidade, a partir de 18 de março de 1871, o governo revolucionário da Comuna de Paris, que decretou a igualdade entre os sexos, reduziu o limite da jornada de trabalho para 10 horas, proibiu o trabalho noturno, fuzilou uma centena de contrarrevolucionários e durou apenas 40 dias. Foi esmagada pelo exército francês.
A revolta proletária ressurge com mais força cerca de meio século depois, com a revolução comunista na Rússia de 1917. O país tinha 75% da população de camponeses, uma burguesia e uma classe operária em formação e vivia sob um regime político monárquico que parecia eterno - com governos da dinastia dos Romanov que se sucediam no poder há 300 anos. Em 1905 os socialistas criaram em Moscou núcleos de poder paralelos ao oficial, os sovietes, eleitos por organizações de operários, camponeses e soldados e cujas ações acabaram forçando o governo a concessões, entre as quais a abertura do país para o retorno dos exilados políticos. O principal deles, Vladimir Ilitch Ulianov, mais conhecido como Lênin, iria comandar a Revolução de 1917 com a consigna de derrubar o regime monárquico e entregar “todo o poder aos sovietes”.
A resistência aos bolcheviques, como assim foram chamados os revolucionários, foi enorme. A guerra civil que acabou por consolidá-los no poder foi de março de 1918 até o começo de 1920 e deixou 12 milhões de mortos. Marxistas ortodoxos russos esperavam outro tipo de transição para o poder, como estaria previsto nos textos de Marx: o estágio inicial de desenvolvimento da economia russa deveria estar a cargo da burguesia. Na doutrina que se impôs, o marxismo-leninismo, os papéis do Estado e do partido tornaram-se centrais. De início, todos os principais meios de produção foram nacionalizados, as maiores propriedades rurais foram coletivizadas e o Estado passou a ter o direito de requisitar os estoques agrícolas.
Essa política de choque foi substituída um ano depois por uma NEP (sigla em inglês) – Nova Política Econômica, que retirou do controle estatal todas as empresas com menos de 20 operários e de setores considerados não estratégicos, instituiu prêmios para aumento da produtividade e, no exterior, contratou técnicos e procurou atrair capitais.
A política dos bolcheviques teve outro grande determinante, além da economia: a guerra. A Rússia dos Romanov fazia parte, desde 1907, da chamada Tríplice Entente, composta com a Inglaterra e a França; e era adversária, na Europa, da Tríplice Aliança, mais antiga, de 1882, articulada entre a Alemanha, Áustria e Itália. E, de 1914 a 1918, essas duas coligações se chocam na Primeira Guerra Mundial, considerada até então o maior morticínio na história da humanidade, com aproximadamente 10 milhões de soldados e outros 10 milhões de civis mortos.
A participação dos bolcheviques nos movimentos dessa guerra tem duas etapas: a primeira, até sua vitória na revolução em outubro de 1917; e, a outra, depois de instalados no poder. Na primeira, ocorre o episódio do apoio dos alemães ao retorno à Rússia de cerca de duas dúzias de exilados bolcheviques, entre os quais Lênin, numa viagem de uma semana que os levou da Suíça até Petrogrado, o centro da revolução. O objetivo óbvio dos alemães, da Tríplice Aliança, era ganhar a grande guerra em curso, enfraquecendo o governo russo, da Tríplice Entente.
O objetivo óbvio dos bolcheviques era, evidentemente, consolidar sua revolução. Eles negociam, então, um acordo de paz com os alemães para se retirar da guerra e cuidar de seus problemas internos. O acordo é assinado em Brest Litovsk, que fica na atual Bielorússia, a 3 de março de 1918, entre os bolcheviques e os representantes da Tríplice Aliança – formada então pelo Império Alemão, o Império Otomano, a Áustria-Hungria e Bulgária. Para conseguir um acordo, os bolcheviques fazem várias concessões territoriais. Mas os alemães acabam derrotados na guerra mais ampla. Eles lutavam em duas frentes. Na oriental, seus aliados - Áustria-Hungria, Bulgária e Império Otomano - se renderam. Na ocidental, são derrotados pela força conjunta dos exércitos francês e inglês e obrigados a assinar, em junho de 1919, em Paris, o humilhante Tratado de Versalhes, que lhes impõe a culpa pelo conflito, estabelece pesadas multas e reparações a serem pagas aos vencedores e anula todos os seus direitos coloniais. E, assim, as concessões territoriais dos bolcheviques a eles acabam sendo desfeitas.
3 - A doutrina racial ariana que visou judeus e comunistas
Os bolcheviques iriam ser, junto com os judeus, os alvos principais do regime novo que surgiria na Alemanha em decorrência das duas grandes crises da época: a econômica, iniciada em 1929, marcada pela depressão geral dos negócios e o desemprego em massa; e a política, com o surgimento do nazismo. Este nasce dos escombros da República de Weimar, governada por um partido social democrata, após a derrota do Império Alemão na guerra. O comando nazista vem de um Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães e seu líder é um cidadão chamado Adolf Hitler.
Os nazistas chegam ao poder pelo voto. Nas eleições de 1922 para o Reichstag, o equivalente à nossa Câmara dos Deputados, eram o menor partido, com 12 eleitos. Na de 1930, elegeram 107. E em 1932 tornaram-se o maior partido, com 200 deputados. Na condição de representante do maior partido da assembleia, em 30 de janeiro de 1933 Hitler é convidado pelo presidente do Reich, o equivalente ao nosso presidente da República, Paul von Hindenburg, para ser o Chanceler, uma espécie de primeiro-ministro, e formar um novo governo.
Menos de um mês depois, a 27 de fevereiro, um acontecimento espetacular, o incêndio do Reichstag, iria lhe dar o pretexto para transformar a democracia alemã então vigente num regime de partido único do qual ele seria o chefe supremo, o Fuhrer. Há um certo consenso entre os historiadores de que o incêndio foi provocado por um jovem comunista holandês, Marinus von Lubbe, como um protesto contra os nazistas. Há inclusive um memorial em Berlim em sua homenagem por essa postura. Ele foi preso, julgado, condenado à morte e guilhotinado no início de 1934.
Hitler percebe a oportunidade para ir além dessa punição. O Reichstag tinha sido dissolvido no dia 1 de fevereiro e havia eleições marcadas para sua nova composição no dia 5 de março. Hitler discursa no dia seguinte ao incêndio. E define o projeto de fazer uma limpeza moral da nação e seu alvo principal a partir de então: um suposto casamento de interesses entre os judeus e os comunistas.
Diz que o incêndio do Reichstag foi “uma tentativa frustrada de uma ação maior” dos comunistas. Ordena a prisão dos 81 deputados comunistas e de muitos outros funcionários do partido. Diz que a nação está dividida “em grupos com opiniões inconciliáveis provocadas sistematicamente pelas doutrinas falsas do marxismo” em relação a “termos como Estado, sociedade, religião, moral e economia”.
E anuncia que:
“o governo do Reich procederá a um inteiro expurgo moral do corpo da nação. Todo sistema educacional, o teatro, o cinema, a literatura, a imprensa e o rádio — tudo será empregado como um meio para este fim e dessa forma avaliado. Todos estes elementos devem servir para a manutenção dos valores eternos presentes no caráter essencial de nosso povo. A arte sempre ficará sendo a expressão e o reflexo dos anseios e da realidade de uma época. A atitude do alheamento, de neutralidade e internacionalismo, está desaparecendo rapidamente. O heroísmo avança apaixonadamente e no futuro moldará e norteará o destino político. A tarefa da arte é ser a expressão desse espírito determinante da época. Sangue e raça serão mais uma vez a fonte da intuição artística.”
Por que essa referência tão destacada ao papel do “sangue” e da “raça”?
Hitler partia de uma deturpação da teoria da evolução de Darwin. Dizia que todos os povos teriam traços transmitidos sem alteração, qualidades herdadas de sua raça, para a geração seguinte. Ninguém poderia superar essas qualidades, não apenas as da aparência e estrutura físicas, mas também em relação às formas de pensamento, à inteligência, aos gostos, à valorização da cultura. Manter a pureza da raça seria importante pois com o passar do tempo a mistura das raças levaria ao abastardamento e à degeneração.
Para Hitler, os alemães fariam parte de um grupo superior, ariano; mas era preciso que vencessem inimigos internos e externos. Os internos vinham de casamentros interraciais, entre alemães arianos e membros de raças inferiores como judeus, ciganos, africanos e eslavos.
Nessa competição, a raça judaica teria desenvolvido o comunismo soviético para mobilizar os eslavos fazendo-os acreditar que o instrumento artificial da luta de classes superava o instinto natural da luta racial. Para sobreviver, dizia Hitler, a Alemanha precisava romper as limitações que lhe tinham sido impostas pelo Tratado de Versalhes e conquistar espaços dos países eslavos ao leste para poder concretizar seu destino biológico de raça superior. Os judeus representariam um inimigo prioritário. Sua genética inferior teria gerado os sistemas de exploração do capitalismo e do comunismo. Eles fariam proclamações — de direitos iguais para todos e paz internacional — para minar a consciência racial de raças superiores, como a alemã, para possibilitar a diluição do sangue superior com os casamentos inter raciais. A democracia parlamentar, com seu foco em direitos individuais e as organizações internacionais, dedicadas à solução de conflitos, seriam usadas pelos judeus para levar adiante seu impulso biológico para controle do poder mundial.
Se a Alemanha não agisse decisivamente contra eles, dizia Hitler, as multidões de eslavos e asiáticos sub-humanos e não civilizados que os judeus poderiam mobilizar, acabariam por exterminar a raça ariana. Para Hitler, os judeus eram a única "raça" capaz de organizar as raças inferiores através da doutrina bolchevista-comunista. Essa doutrina seria uma ideologia "da raça judaica", ou seja, seria biologicamente determinada. Para eliminar essa doutrina, seria necessário eliminar as pessoas que por natureza eram seus criadores e mantenedores. E é isso que seu governo vai tentar fazer quando, poucos anos depois, na Segunda Guerra Mundial, tendo ocupado diversos países da Europa, constrói campos de trabalhos forçados e extermínio nos quais morreram mais de 10 milhões de pessoas, na maioria judeus.
4 - Da Grande Guerra à Guerra Fria
A Grande Guerra termina em 1945. Primeiro, com a ocupação da Alemanha a partir do leste, pela URSS; e, logo a seguir, a partir do oeste, pelas forças aliadas dos EUA, França e Inglaterra. Pouco depois, pela rendição do Japão após os norte-americanos terem explodido as duas bombas nucleares sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki. A guerra fora devastadora. Estima-se o número de mortos em 73 milhões de pessoas. Os dois grandes países comunistas tiveram as maiores perdas: entre os chineses e os soviéticos teriam sido mortas 40 milhões de pessoas. A Polônia foi pesadamente atingida: 6 milhões de mortos. Os países agressores, também: Alemanha e Japão, em torno de 10 milhões de mortos cada. Perdas relativamente menores foram as dos Estados Unidos e da Inglaterra, com cerca de meio milhão de mortos e da França, com cerca de 600 mil.
A guerra termina na Ásia com dois episódios marcantes. Um, já citado, é a rendição do Japão após a morte de cerca de meio milhão de japoneses na explosão das bombas nucleares norte-americanas sobre Hiroshima e Nagasaki. Outro é a vitória na China, dos comunistas liderados por Mao Tsetung, depois da guerra civil contra as forças da direita lideradas por Chiang Kai Chek e apoiadas pelos norte-americanos: os derrotados são internados na ilha de Taiwan, sob proteção norte-americana; e, em Pequim, Mao Zedong proclama a República Popular da China em 1949. Esses episódios abrem uma nova fase do confronto entre as forças da direita e da esquerda em disputa pela liderança global nos diversos campos, ideológico, político e militar.
No campo militar, depois da Grande Guerra, a novidade foi a Guerra Fria, a corrida das superpotências por armas nucleares que acabaram sendo tão poderosas que não poderiam ser usadas. Os comunistas saem atrás, em 1949: quatro anos depois da bomba dos norte-americanos em Hiroshima, a URSS explode, para efeito demonstração, sua primeira bomba atômica. Três anos depois, em 1952, os norte-americanos se põem novamente à frente, com a explosão, também para efeito demonstração, de uma bomba H, de hidrogênio, 50 vezes mais poderosa. E no ano seguinte os soviéticos os igualam, com sua bomba H. Hoje, um balanço do poderio nuclear dos dois países é dado pelos cálculos de uma sigla de nome apropriado, “Loucura”. Em inglês, a MAD, de Mutual Assured Destruction, a capacidade de cada um dos dois lados destruir completamente o outro uma vez começada, por qualquer um deles, uma guerra nuclear. Por contas recentes, os norte-americanos teriam 5.113 ogivas nucleares prontas para disparo a qualquer instante que julgarem necessário; e a antiga URSS, 3281 (hoje, com o desmantelamento da União Soviética, esse arsenal estaria distribuído entre quatro nações – Rússia, Ucrânia, Bielorússia e Cazaquistão).
Se poderia dizer que a paridade nuclear teria igualado os dois campos em disputa. É um engano. O governo norte-americano, formado a partir da vitória contra os ingleses na guerra de independência de 1776, não só criou a nova moeda internacional, o dólar, como, a partir de seu poder econômico e militar, de 1788 até 2021, realizou 340 intervenções militares no exterior, desde as maiores e mais antigas como a anexação do Texas, território que foi parte do México até 1845, à criação, no final da Segunda Guerra de bases militares enormes para ocupação da Alemanha e do Japão em 1945, onde estão até hoje. E todas, mesmo as menores, também de conteúdo político claro como o deslocamento da frota norte-americana do Atlântico na direção do Brasil na operação Brother Sam em sinal de apoio ao golpe de 1964 que depôs o presidente trabalhista João Goulart (Jango) e instalou em Brasília uma ditadura militar que, com algumas concessões menores, governou por 20 anos.
Mas a intervenção norte-americana mais típica desse período é a da Indochina, a região que compreende o Vietnã, o Laos e o Camboja onde suas forças se instalaram para substituir as tropas coloniais antigas, as dos franceses que foram derrotadas pelos insurgentes comunistas liderados por Ho Chi Minh em Dien Bien Phu, em 1954. Os norte-americanos entram na parada com a Conferência de Genebra daquele ano, na qual propõem dividir o Vietnã em duas partes, uma ao norte, governada pelos comunistas, e outra ao sul, com seu apoio, com eleições gerais dois anos depois, para escolha de um presidente que governaria as duas partes. O resultado prático dessa proposta foi uma guerra que durou até 1975. Em 1964, alegando que uma embarcação sua tinha sido atacada pelos comunistas no golfo entre o Norte e o Sul, os norte-americanos entraram pesadamente na guerra que afinal perderam depois de terem tido 58 mil baixas e participado da morte de mais de um milhão de adversários vietnamitas.
A Rússia tem outra história. A URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas foi criada no governo de Lênin em 1922 e era formada por seis países: Rússia, Ucrânia, Bielorússia, Armênia, Azerbaijão e Geórgia. Em 1941, quatro anos antes do final da II Guerra, tinha 15 países — além dos já citados, Letônia, Lituânia, Estônia, Moldávia, Turcomenistão, Azerbaijão, Cazaquistão, Tajiquistão, Quirguistão e Uzbequistão. Foi dissolvida meio século depois, em 1991, com esse mesmo número de estados integrantes. Mas, logo após o fim da guerra teve de encarar o problema da expansão militar norte-americana nas suas vizinhanças na Europa, com a criação da OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Pode-se resumir a Guerra Fria da seguinte forma: os norte-americanos espalham bases e equipamentos militares pelo mundo, para combater o chamado “perigo comunista”. E os comunistas criam partidos, também mundo afora, com vistas a difundir as ideias da revolução anticapitalista. Esta guerra continua fria, graças a uma espécie de empate em um de seus principais aspectos: os dois lados têm meios suficientes para destruir um ao outro do ponto de vista militar. E, para saber quem ganha do ponto de vista ideológico e político, depende de quem avalia. Para o autor destas linhas, as democracias de base socialista tem ganhado terreno no mundo do pós-guerra.
*Nota: dizer, por exemplo, como faz o autor dessas linhas, que a China é uma democracia de base socialista exige maiores explicações, para muita gente. Mas isso é tema para outra série.
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