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    Urticária. Por que ela é tão frequente?

    Cerca de 20% da população mundial manifesta, pelo menos uma vez na vida, uma crise de urticária. Essas placas avermelhadas que coçam e provocam pruridos quase sempre desaparecem tão rapidamente como surgiram. A não ser em casos de urticária crônica.

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    Por Juliette Camuzard – Le Figaro

      

    Placas avermelhadas e em relevo que aparecem imediatamente após uma picada de inseto ou a absorção de um alimento, que coçam e que se assemelham a picadas de urtiga (urtica significa urtiga em latim), todos nós sabemos o que acontece quando temos uma crise de urticária. Cada lesão permanece no mesmo lugar menos de vinte e quatro horas e desaparece sem deixar traço. As coceiras são frequentemente acompanhadas por sensações de queimaduras. A extensão das lesões é variável: ela pode se limitar a alguns poucos centímetros quadrados de vermelhidão , ou, inversamente, invadir uma grande parte do corpo.

    “A crise é desencadeada pela hiperatividade de certas células, os mastócitos, que liberam ao nível da pele pequenas quantidade de histamina, uma molécula responsável por coceiras, placas e inchaços ao nível das extremidades e do rosto (até chegar ao muito perigoso edema de Quincke)”, explica a dra. Brigitte Milpied, dermatologista no CHU de Bordeaux, França. Alguns fatores predispõem a ocorrência desses sintomas: antecedentes familiais, consumo de aspirina ou de medicamentos anti-inflamatórios, estresse, esfregação, exposição ao sol ou ao frio, esforços, consumo de certos alimentos, etc. Além disso, encontramos um terreno atópico – ou seja, suscetível às alergias – em cerca de 40% dos casos de urticária.

    Apesar disso, pacientes e médicos ignoram o que desencadeia a inflamação. A urticária se manifesta geralmente entre os 20 e os 40 anos, mas um grande número de pacientes tiveram pequenos alertas desde a infância, tais como a urticária provocada por morangos. Este fruto é considerado bastante alergênico . Na verdade, o morango não o é: ele é simplesmente “excitante” para os mastócitos. Se a crise dura de algumas horas a três ou quatro dias, ela é então chamada de urticária aguda. Mas trata-se sempre de uma afecção dermatológica banal.

    A urticária crônica, vivida como um handicap

    Em revanche, quando as crises são quase diárias durante mais de seis semanas, falamos de urticária crônica. Trata-se de uma patologia que afeta cerca de 1% da população mundial. Algumas crises são provocadas por elementos externos (pressão atmosférica, calor, frio, etc) mas outras são desencadeadas sem nenhuma razão aparente. A metade dos casos estão curados em até seis meses, mas acontece que pacientes tenham de se submeter a tratamentos que podem durar vários anos. Esta forma de urticária pode então ser muito perturbadora.

    “Ela é às vezes vivida como um verdadeiro handicap. Uma urticária crônica pode ser um fator de invalidez, sobretudo nos casos mais severos”, estima a dra. Milpied. Prestar atenção na qualidade de vida sócio-profissional é muito importante para os que sofrem de urticárias. A visibilidade das lesões, a ansiedade que deriva do aspecto imprevisível das crises, insônias (a coceira fica mais intensa à noite), abstenção no trabalho, isolamento social, etc. Em média, uma urticária crônica durante entre 2 e 3 anos. O tratamento mais corrente são as drogas anti-histamínicas: elas impedem as coceiras, mas tratam apenas dos sintomas. Tais drogas serão prescritas até que os sinais clínicos se atenuem, até que desapareçam espontaneamente. É bom notar que esses dois tipos de urticária não são interdependentes. Se você já passou por uma crise de urticária aguda, você não corre necessariamente o risco de desenvolver uma urticária crônica.

     

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