Verticalização, o novo maior inimigo em BH
Liberao de prdio de 22 andares em regio com espcies da Mata Atlntica retoma polmica. Tema j o que mais crticas desperta contra a gesto de Mrcio Lacerda na prefeitura
Minas 247 - Belo Horizonte? A pergunta faz sentido à luz das críticas crescentes na capital mineira acerca dos arranha-céus que se multiplicam como nunca na cidade. A campanha contra a verticalização de BH tomou conta das redes sociais, mobiliza políticos contrários à gestão de Márcio Lacerda na prefeitura e pode até contar com o apoio de vereadores, mesmo os da base aliada ao prefeito.
O tema ganhou novos ingredientes depois da liberação, sexta-feira, de um prédio de 22 andares no bairro Vale do Sereno, em Nova Lima, região metropolitana de BH. A promessa era de rigor na liberação de novas construções verticais na região, mas seus moradores temem que o novo arranha-céu seja o início de um processo de verticalização sem controles. A preocupação deles é que ocorra, com o Vale do Sereno, o mesmo que ocorreu com o vizinho Vila da Serra, tomado por arranha-céus.
A construção do prédio, a cargo da EPO Engenharia, já teve a aprovação do Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental (Codema). O alvará de construção, portanto, já pode ser solicitado. Há duas condicionantes: um parecer favorável da Copasa, sobre a rede de esgoto, e do Ibama, uma vez que a região tem espécies da Mata Atlântica. Roney Rocha, membro do Codema e do movimento SOS Nova Lima (e voto vencido na votação) critica abertamente o novo prédio. “Foi uma aprovação imprudente, pressionada pelos empreendedores”, disse ele ao jornal O Tempo. “O novo prédio está numa área verde preservada.”
A imagem abaixo desse texto é uma das que faz parte da campanha na cidade contra a verticalização. Por enquanto, seus adeptos basicamente são os mesmos que fazem campanha contra a gestão de Márcio Lacerda na prefeitura, simpáticos principalmente aos chamados partidos de esquerda - inclusive do PT, que faz parte da base aliada ao prefeito e ajudará na sua tentativa de reeleição, em outubro.
Mas há também a expectativa de participação dos vereadores na campanha. Seria uma boa oportunidade de a Câmara Municipal fazer as pazes com a opinião pública, já que sua imagem foi muito abalada pela tentativa de aumento salarial muito acima da inflação (61,8%), no início deste ano - tentativa, depois, abortada por pressão popular. Alguns parlamentares já falam, nos bastidores, em pedir uma CPI sobre a verticalização.
A população da Pampulha, na zona norte da capital, também está preocupada. O sinal verde para a construção de dois hotéis de 13 andares, pertinho da orla da Lagoa, foi o estopim para o aumento das campanhas contra a verticalização na região. O ex-deputado federal e atual vereador Cabo Júlio (PMDB), um dos que mais sofreu com críticas ao aumento salarial na Câmara, é agora um dos líderes do movimento contrário aos arranha-céus. “Se a população aceitar, outras leis poderão liberar mais prédios”, diz o parlamentar. Ele afirma que tem o apoio de pelo menos outros 13 colegas na Câmara. A Prefeitura de BH, por sua vez, alega que os moradores tiveram conhecimento de todo o processo que liberou a construção dos hotéis na Pampulha.
Flávio Marcos Campos, presidente da Associação dos Moradores da Pampulha, aposta na mobilização. “É a demonstração de que existe um problema na aprovação das obras”, afirma.
Os críticos à verticalização sempre citam o que ocorreu no bairro Belvedere, perto do BH Shopping, o primeiro centro de compras erguido na capital, no fim dos anos 1970. Na época, a população se manifestou contra, mas foi vencida. O bairro, que é alto, antes permitia avistar de longe as montanhas que circundam a cidade. Hoje, a vista é apenas de prédios - e há quem garanta que o clima da cidade também ficou prejudicado.
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