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    Recorde de desmatamento engrossa herança maldita de Bolsonaro na Amazônia

    O desmatamento na região em novembro aumentou 123% na comparação com igual período do ano passado, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

    Floresta amazônica, perto de Novo Progresso, Pará. (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)

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    Murilo Pajolla, Brasil de Fato | Lábrea (AM) - Os alertas de desmatamento na Amazônia de novembro deste ano totalizaram 555 km2, segundo divulgou o Inpe nesta sexta-feira (9). É um aumento de 123% em relação ao mesmo mês do ano passado e o segundo pior novembro da série histórica iniciada em 2015. O pior mês foi em 2020, segundo ano de Jair Bolsonaro (PL) na presidência.

    Já entre agosto e novembro deste ano, a área sob alertas de desmatamento foi a pior de toda a série histórica do Inpe, com 4.574 km2. É mais do que o acumulado entre agosto e dezembro de 2020, quando foram registrados 4.476 km2.

    "Herança nefasta" 

    A taxa anual de desmatamento na Amazônia é medida pelo Inpe entre agosto e julho do no seguinte. Por isso, a devastação recorde registrada no final deste ano entrará na conta do desmatamento do primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a ser divulgada em agosto de 2023.

    A equipe de transição do governo federal anunciou medidas emergenciais com o objetivo de derrubar os índices de desmatamento já no primeiro trimestre de 2023. Entre elas o embargo de terras remoto, feito a partir do monitoramento por satélite, e a reconstrução orçamentária do Ibama, sabotado pelo governo Bolsonaro. 

    “O que vemos na Amazônia é resultado de um plano de destruição implementado pelo atual governo. Bolsonaro deixará uma herança nefasta para o Brasil, e deve ser responsabilizado legalmente por toda a destruição que causou”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima (OC). 

    Efeito Bolsonaro  

    O município campeão de desmatamento dos últimos quatro meses foi Lábrea, no sul do Amazonas, com 209 km2. A cidade fica na região chamada de Amacro, junção das siglas de Amazonas, Acre e Rondônia. Na tríplice fronteira estadual, consolidou-se uma nova frente de desmatamento durante o governo Bolsonaro, impulsionada pelo enfraquecimento da fiscalização e o incentivo ao agronegócio predatório. 

    Segundo o Observatório do Clima, o desmatamento em Lábrea (AM) também é explicado pela expectativa de reconstrução da BR-319 (Manaus-Porto Velho), uma das obras consideradas prioritárias por Bolsonaro que corta uma das áreas mais preservadas da floresta amazônica. A licença prévia da rodovia foi concedida pelo Ibama em junho deste ano, contrariando pareceres técnicos do próprio órgão ambiental. 

    Números prejudicam Brasil no exterior, diz OC

    “Esse resultado chega três dias depois da aprovação da regulação europeia contra o desmatamento importado. Os números nos deixam mais distantes de nos ajustar à nova lei, prejudicando o agronegócio brasileiro e a imagem do país no exterior", diz Astrini, do Observatório do Clima. 

    Uma decisão histórica da União Europeia proibiu a entrada de commodities agrícolas produzidas em áreas desmatadas de 2021 em diante. Empresas importadoras terão que provar a origem legal dos produtos, por meio da geolocalização de culturas associadas a imagens de satélite. 

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