Altman diz que vitória de Doria foi positiva para a esquerda
"Divide mais a terceira via", disse ele, que também fez duras críticas ao fascismo de Jair Bolsonaro e do ex-juiz suspeito Sergio Moro
247 – O jornalista Breno Altman, editor do Opera Mundi, considerou positiva para a esquerda brasileira a vitória do governador paulista João Doria nas prévias do PSDB. Segundo ele, Doria não deve apoiar o ex-juiz suspeito Sergio Moro, declarado parcial pelo Supremo Tribunal Federal, e portanto divide mais a "terceira via". Confira os tweets de Altman:
BRASÍLIA (Reuters) - O governador de São Paulo, João Doria, venceu as prévias para definição do nome do PSDB à Presidência da República em 2022, buscando se cacifar como um candidato competitivo com as bandeiras da boa gestão econômica e combate à pandemia apesar da baixa intenção de voto registrada nas pesquisas até aqui.
"Eu quero liberdade, quero democracia no nosso país", disse Doria em seu pronunciamento, ressaltando posição de antagonismo em relação ao presidente Jair Bolsonaro ao citar, entre os temas focais do seu projeto para o Brasil o respeito às minorias e ao meio ambiente, duas frentes em que Bolsonaro é criticado.
Doria afirmou que o atual governo é genocida e destacou que sua gestão em São Paulo sempre defendeu a vacinação. Ele disse ainda para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "se preparar" para os debates, sinalizando que seria incisivo com o potencial adversário em relação ao tema da corrupção.
"Nós vamos vencer a corrupção e a incompetência, vamos vencer as trevas e o negacionismo, vamos resgatar a esperança, vamos juntos unir o Brasil", disse.
Com 54% dos votos, Doria derrotou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (45%), visto como seu verdadeiro oponente, e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio (1%), que já vinha reconhecendo publicamente não ter chances na disputa.
A candidatura ainda precisa ser ratificada em convenção do partido no ano que vem.
Ao participar do anúncio do resultado, Leite disse que houve enfrentamento no campo das ideias, mas sem que um quisesse passar por cima do outro. Ele também buscou destacar o caráter acirrado das prévias.
"Eu fiz a minha parte, me apresentei, lutei o bom combate", afirmou. "Tivemos cerca de 45% desse universo de eleitores, desse grupo que decidiu o futuro do PSDB", complementou.
Doria sai do pleito com a missão de angariar apoio e conquistar popularidade para a corrida ao Planalto, após o PSDB ter amargado um desempenho pífio nas eleições presidenciais de 2018 com Geraldo Alckmin como candidato, com a sigla perdendo protagonismo na cena política desde então.
Filiado ao PSDB desde 2001, Doria participou de sua primeira eleição --e de sua primeira prévia-- somente em 2016, para prefeito de São Paulo apadrinhado por Alckmin. Venceu o pleito em primeiro turno --o que jamais havia ocorrido em eleições de dois turnos na capital paulista-- e logo adotou discurso nacional, passando a ser rapidamente visto como possível presidenciável.
Nas pesquisas de voto, ele segue distante do ex-presidente Lula e de Bolsonaro, líderes nas intenções. Os postulantes à Presidência Ciro Gomes (PDT) e o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) também aparecem à sua frente.
As prévias do PSDB foram marcadas por reveses, tendo sido interrompidas no último domingo após problemas identificados em aplicativo desenvolvido pela Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Faurgs) para a votação.
Após destacar que o programa não havia suportado o tráfico de filiados, o PSDB indicou que estava tomando providências para eventual investigação sobre a possibilidade de um ataque hacker.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o partido tem 1,3 milhão de filiados. Mas foram computados na votação somente cerca de 30 mil votos, sendo que o voto dos tucanos com mandatos teve peso maior do que o de filiados não eleitos.
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