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    Antipetista histórico, Diogo Mainardi abandona o jornalismo: "vou sair de mansinho"

    "De tempos em tempos, desisto do Brasil. Estou desistindo novamente agora", escreveu o editor do site O Antagonista

    Diogo Mainardi (Foto: Reprodução (Youtube))

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    247 - O jornalista Diogo Mainardi, editor do site O Antagonista, anunciou nesta quarta-feira (10) que deixará o jornalismo. 

    Em texto de despedida publicado no site, Mainardi, ativista histórico do antipetismo, disse que foi o modo que encontrou para cumprir a promessa de se atirar do décimo quinto andar, caso tivesse que votar em Lula ou Bolsonaro nas eleições. 

    "Estupidamente, eu havia prometido me atirar do campanário de São Marcos em caso de segundo turno entre Lula e Jair Bolsonaro. A aposentadoria precoce foi o jeitinho acovardado que arrumei para descumprir a promessa. É uma espécie de terceira via particular", escreveu Mainardi.

    Leia o texto de Diogo Mainardi na íntegra:

    De tempos em tempos, desisto do Brasil. Estou desistindo novamente agora. Além de renunciar às urnas, resolvi renunciar também ao nosso site. A partir de hoje, vou parar de escrever para a imprensa. No caso, O Antagonista e a Crusoé.

    O plano é me dedicar a atividades mais gratificantes do ponto de vista intelectual e espiritual. De fato, pretendo passar meus dias deitado no sofá, tirando meleca do nariz. Quanto tempo isso vai durar? O trato é permanecer um ano de folga. Pode ser mais, pode ser menos. A única certeza é que vou me abster de comentar a campanha eleitoral, os debates na TV, o resultado do primeiro turno, a festa do vencedor, os nomes dos ministros, as tentativas de golpe, a compra dos parlamentares. Sinto-me revigorado só de ver essa lista.

    É claro que há reciprocidade nisso. Eu desisti do Brasil, o Brasil desistiu de mim. Ninguém está disposto a ler pela trigésima-oitava vez os mesmos comentários sobre os mesmos assuntos. Eu já disse o que tinha a dizer. O afastamento, portanto, é consensual. O Brasil e eu enjoamos um do outro. Vou sair de mansinho e o leitor nem vai notar.

    Estupidamente, eu havia prometido me atirar do campanário de São Marcos em caso de segundo turno entre Lula e Jair Bolsonaro. A aposentadoria precoce foi o jeitinho acovardado que arrumei para descumprir a promessa. É uma espécie de terceira via particular. Minha vida vai virar uma Simone Tebet: estreita, tediosa, supérflua e sem brilho, mas longe daquela gentalha fedorenta que há vinte anos embosteia meu dia a dia.

    A última vez que desisti do jornalismo – e do Brasil – foi em meados de 2010, antes do estelionato eleitoral de Dilma Rousseff. Fiz as malas, voltei para Veneza, escrevi um livro. Foi a melhor fase da minha vida. Vou tentar replicá-la agora. Sim, tem tudo para dar errado, mas estou pronto para o fracasso: sou Simone Tebet.

    Quatro anos depois de desistir do jornalismo – e do Brasil -, desisti de desistir e, juntamente com Mario Sabino, meu amigo fraterno, lancei O Antagonista e a Crusoé. Foi uma aventura e tanto. Fizemos o impeachment e trancamos Lula na cadeia. Denunciamos o bunker de Michel Temer e a sociopatia assassina de Jair Bolsonaro. Chega. É preciso renovar o site. Sem mim. Estou gagá. Já fiz o que podia. Ou mais do que podia.

    Quanto ao meu futuro, ele é inexistente: só tenho um presente, cada vez mais curto. Vou cuidar do meu jardim. E da minha sepultura. O epitáfio, esculpido no granito, é dedicado aos leitores que me aturaram até aqui.

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