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    Berzoini: 'nós não vamos aceitar violência e ruptura'

    Ministro das Comunicações admite que governo Dilma falhou na sua comunicação até agora e que a sociedade quer ouvir a verdade tanto sobre o ajuste fiscal quanto sobre os desafios políticos; para o petista, não houve mentira sobre os números da economia, que são públicos, e que as manifestações que pedem o impeachment da presidente atendem a uma estratégia golpista: “Não há os pressupostos fundamentais para isso, o que não fortalece a democracia”

    Ministro das Comunicações admite que governo Dilma falhou na sua comunicação até agora e que a sociedade quer ouvir a verdade tanto sobre o ajuste fiscal quanto sobre os desafios políticos; para o petista, não houve mentira sobre os números da economia, que são públicos, e que as manifestações que pedem o impeachment da presidente atendem a uma estratégia golpista: “Não há os pressupostos fundamentais para isso, o que não fortalece a democracia” (Foto: Realle Palazzo-Martini)
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    247 - O governo Dilma Rousseff (PT) falhou na sua comunicação até agora. A opinião é exatamente do ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, para quem a sociedade quer ouvir a verdade tanto sobre o ajuste fiscal quanto sobre os desafios políticos. Em longa entrevista à folha, o petista diz que há uma página em branco no projeto de regulação da mídia. Berzoini acredita que, se o governo levar uma proposta sem consenso com os demais setores envolvidos, o projeto sequer tramitará.

    O ministro diz que o PT não escondeu os reais números da economia, porque eles são publicados todo mês. E que algumas coisas se acirraram nos últimos meses do ano, como preço do petróleo e commodities. “Mas nossos programas sociais foram mantidos. Não haverá qualquer tipo de aventura orçamentária. Assim como o fato de haver o ajuste não significa que o orçamento acabou”, garantiu.

    Sobre as manifestações, dizze que o Brasil consolidou a cultura de participação pelas redes sociais, que acelera as mobilizações. E que não há razão para tratar as manifestações como problema. “Quanto mais a gente politizar e mostrar o que está em jogo e o que pode ser feito, é bom.”

    Abaixo, os principais trechos da entrevista.

    Protestos

    “Não me surpreenderia se houver uma presença elevada de público. Especialmente porque temos um momento político com vários desafios colocados para o governo e para o Brasil.”

    Comunicação

    “Nós precisamos estabelecer uma dinâmica de comunicação que permita as pessoas saberem desses desafios de maneira didática, tanto na questão econômica, que assumiu uma complexidade que não tinha há um ano, como na política, com a repercussão da Lava Jato, que coloca o tema negativo da corrupção. Nosso erro foi termos nos comunicado mal.”

    Crise

    “Acho que o governo, no conjunto, e eu me incluo, não fez uma interlocução mais objetiva, o que prejudica a percepção das pessoas do que está em jogo. O Brasil enfrentou durante seis anos uma crise mundial de altíssimo impacto, e apesar disso conseguimos a menor taxa de desemprego da história em dezembro e elevação real de 70% do salário mínimo. Mas, ao mesmo tempo, esgotamos os espaços fiscais. Mas a crise foi muito além. Estamos entrando no sétimo ano de crise internacional. Não quero, no entanto, atribuir somente as nossas dificuldades à crise interna.”

    Economia

    “Acho que na avaliação da duração da crise e na utilização dos mecanismos anticíclicos, talvez tenhamos ido um pouco além do que era possível, e talvez até aquém do que era necessário. Então agora é hora de reorganizar o orçamento sem prejudicar as políticas sociais fundamentais e sem comprometer os investimentos mais fundamentais. Não é um ajuste do tipo 'para tudo' , mas essencial para chegar em 2016 com crescimento significativo.

    Contabilidade

    “Os números da economia são publicados todo mês. E algumas coisas se acirraram nos últimos meses do ano, como preço do petróleo e commodities. Mas nossos programas sociais foram mantidos. Não haverá qualquer tipo de aventura orçamentária. Assim como o fato de haver o ajuste não significa que o orçamento acabou.”

    Perversidade

    “A pessoa diferencia aquilo que é necessidade daquilo que é perversidade. Quando a situação é mais difícil, tem que buscar equilibrar as contas. É razoável que as pessoas se sintam preocupadas em relação ao futuro. As pessoas se perguntam sobre o emprego, a renda. A percepção da veracidade do que foi dito na campanha é algo que vai se construir a longo do mandato, não no curto prazo. Não podemos nos preocupar com pesquisas.”

    Luta de classes

    “Não estamos fazendo ruptura com o discurso da campanha. Em crises anteriores, o ajuste era sobre os trabalhadores, a baixa renda e até sobre a classe média. Ficaram seis anos sem reajuste da tabela do Imposto de Renda. Hoje, discutimos se vai ser de 4,5% ou 6,5%. E não acredito em recessão este ano. Temos um momento que vai exigir de nós esforço para convencer as pessoas de que esse é o caminho. É esse o problema que nós tempos até agora, nós não conseguimos realizar uma comunicação eficiente em relação a isso.”

    Culpados

    Nós todos temos responsabilidade de dialogar de maneira franca e transparente com o conjunto dos movimentos sociais, com empresários, com a imprensa, para deixar claro que o esforço que foi feito e que manteve desemprego baixo e renda alta não tem mais espaço para continuar. As pessoas gostam de ouvir a verdade. Como disse a presidente, a gente faz isso em casa e nas empresas.”

    Manifestações

    “O Brasil consolidou a cultura de participação pelas redes sociais, que acelera as mobilizações. Não há razão para tratar as manifestações como problema. Quanto mais a gente politizar e mostrar o que está em jogo e o que pode ser feito, é bom.”

    Impeachment

    “É um discurso golpista porque não há os pressupostos fundamentais para isso, o que não fortalece a democracia. Não devemos aceitar violência nem a ruptura da ordem institucional. Quando há manifestação a favor ou contra, tempos de respeitar.”

    Regulação da mídia

    Abriremos debates públicos no fim do semestre. Vamos abrir diálogo muito amplo e sem prazo para encerrá-­lo. Nesse tema, se não afastarmos os mitos e maniqueísmos não iremos a lugar nenhum especialmente numa conjuntura difícil como a que temos hoje. O governo não pode ficar nem surdo a quem diz que não tem que ter mudança nenhuma nem mundo com aqueles que dizem que tem que ter mudança profunda.

    Não será o ministério que fará proposta isoladamente. Vamos buscar algum grau de entendimento. Eu diria que hoje ninguém tem hegemonia sobre esse assunto. A leitura que se faz é do monopólio e oligopólios. Vários países têm legislações sobre isso. Como não tenho uma propposta referencial, vou buscar que o debate comece com a cabeça aberta. Não tem proposta de restrição de conteúdo. Não há razão para partirmos de uma opinião de um governo, que não é de um partido só. E tem que discutir o papel da internet, de tudo, empresas de conteúdo. Aquelas que usam a rede e a que faz a infraestrutura da rede.

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