'Bolsonaro não é bem-vindo a Portugal', afirma Joana Mortágua, deputada portuguesa
“O Bloco de Esquerda achou que era importante sinalizar, neste momento, que Bolsonaro não é bem-vindo a Portugal. As visitas de Estado têm significados e leituras políticas. Isso, em nada prejudica nossa relação com o povo brasileiro, com o Estado brasileiro", diz a deputada Joana Mortágua
Do Brasil de Fato - Na quinta-feira (1), parlamentares portugueses do partido Bloco de Esquerda pediram ao Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal que cancele a visita do presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PSL) àquele país, que estaria prevista para o início de 2020.
Os parlamentares criticaram as declarações do brasileiro sobre Fernando Souza Cruz, militante da Ação Popular que foi assassinado pela ditadura militar. Em entrevista ao Brasil de Fato, a deputada Joana Mortágua criticou o presidente brasileiro.
“O Bloco de Esquerda achou que era importante sinalizar, neste momento, que Bolsonaro não é bem-vindo a Portugal. As visitas de Estado têm significados e leituras políticas. Isso, em nada prejudica nossa relação com o povo brasileiro, com o Estado brasileiro, mas nós entendemos que a comunidade internacional tem que estar atenta a líderes políticos eleitos como Bolsonaro, que depois desenvolvem atitudes, comportamentos e discursos que não estão compatíveis com as regras básicas democracia”.
Apesar da preocupação, ainda não existe visita oficialmente marcada, segundo o governo português. "Não consigo cancelar viagens que não estão programadas", resumiu Augusto Santo Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros.
Troça das vítimas
No comunicado do Bloco de Esquerda, o partido afirma que “os portugueses não podem manter-se indiferentes frente a um presidente que, como diz a Ordem dos Advogados do Brasil, parece ignorar os fundamento do Estado Democrático de Direito, entre eles a dignidade da pessoa humana, na qual se inclui o direito ao respeito da memória dos mortos”.
Ainda de acordo com os parlamentares, caso Portugal insista em receber Bolsonaro, será “conivente com a constante falta de respeito à democracia demonstrada pelo atual governo.”
Mortágua lamenta que Bolsonaro se coloque ao lado da ditadura militar e não das vítimas do regime - que durou de 1964 e 1985.
“Então, é uma atitude de fazer troça das vítimas e usar a dor dessas famílias como forma de arremesso político. É inaceitável um líder democrático, em um mundo democrático, utilizar a morte e a ditadura de forma leviana e provocatória, sem respeito por princípios básicos dos direitos humanos, que a comunidade internacional deve preservar. Nesse sentindo, entendemos que Portugal não deve receber Bolsonaro”, encerra.
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