Breno Altman: Bolsonaro apostou na naturalização da pandemia e ganhou a aposta
“O Brasil é um País estranho. Quando a primeira morte aconteceu, se esgotou todo o estoque de álcool em gel e papel higiênico nos supermercados. Com 110 mil mortes as pessoas estão indo aos bares, aos restaurantes, às praias, saindo às ruas. É a naturalização da pandemia”, analisou o jornalista na TV 247. Assista
247 - O jornalista e editor do site Opera Mundi, Breno Altman, analisou na TV 247 os últimos resultados da pesquisa Datafolha que indicam um cenário favorável para Jair Bolsonaro em relação à aprovação de seu governo.
Altman avalia que a aprovação crescente de Bolsonaro se deve a dois fatores, sendo o primeiro deles o auxílio emergencial. O jornalista avaliou que o auxílio emergencial chega nas camadas mais pobres da sociedade como um feito de autoria de Bolsonaro e, consequentemente, o governo federal ganhou o apoio dessas pessoas.
“O primeiro fator é a renda mínima emergencial. Na situação atual que se encontra o País, que já vinha de uma crise econômica, já vinha de uma situação grave, com a pandemia você tem não só um processo recessivo violento, como uma perda de empregos gigantesca e perda de renda especialmente nas camadas mais pobres. A chegada de uma renda mínima emergencial de R$ 600 não é pouca coisa nesses setores. Então ali ele apareceu com um cantil de água para quem estava morrendo de sede”.
O segundo fator apontado por Altman é a “naturalização da pandemia”, que consiste em um medo maior da sociedade pela falta de renda e emprego do que do próprio coronavírus, que já matou mais de 100 mil pessoas no Brasil. “Ou seja, não provoca um choque na sociedade as 100 mil mortes. O Brasil é um País estranho. Quando a primeira morte aconteceu, se esgotou todo o estoque de álcool em gel e papel higiênico nos supermercados. Com 110 mil mortes as pessoas estão indo aos bares, aos restaurantes, às praias, saindo às ruas. É a naturalização da pandemia. O Bolsonaro apostou na naturalização da pandemia e ganhou a aposta, porque ele imaginou, e corretamente, que o medo das pessoas em relação a perda de renda e de emprego seria maior do que o medo em relação a Covid-19”.
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