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Documento que mostra suposta doação do PCC ao The Intercept foi adulterado digitalmente, aponta análise

Professor de computação forense da Universidade Federal do ABC e no MBA na USP, Mario Gazziro disse que a análise mostra pelo menos três linhas adulteradas

PCC, The Intercept Brasil e Jovem Pan (Foto: Reuters | Reprodução)

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247 - Professor de computação forense da Universidade Federal do ABC e no MBA na Universidade de São Paulo (USP), Mario Gazziro afirmou que existe 95% de chance de falsificação no documento sobre a acusação, sem provas, de ligação da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC-SP) com o site Intercept Brasil. Em entrevista à Fórum, o estudioso disse que a análise mostra pelo menos três linhas adulteradas. 

"Não me refiro apenas ao contorno em vermelho adicionado à edição, pois o padrão azul indica que o conteúdo dentro dessas linhas não é compatível com o padrão de artefatos de compressão do resto da imagem, demonstrando claramente (e com validade em tribunal) que esse conteúdo foi substituído ou editado". "As regiões em azul foram destacadas após aplicação de um filtro conhecido como analise ELA a 95% que destaca regiões as quais não seguem o mesmo padrão de artefatos de compressão do restante do documento, provando que aqueles trechos sofreram adulteração digital", disse.

"Resolvemos fazer a análise digital da imagem apresentada pelo site e encontramos grave indício de manipulação digital pela técnica ELA (error level analysis), usando o software forense chamado Sherloq (disponível no github)", disse Gazziro . De acordo com a revista, Marc Sousa, âncora da TV Record e jornalista da Jovem Pan em Curitiba (PR), foi quem divulgou o suposto documento.

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Foto: Reprodução

 

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Foto: Reprodução

Juristas e internautas falam em armação

A análise do estudioso foi revelada em um contexto no qual a Operação Sequaz, da Polícia Federal (PF), que prendeu na última quarta-feira (22) suspeitos de integrar o PCC e planejar o assassinato do senador Sergio Moro (União Brasil-PR), que tentou associar a facção criminosa ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Juristas destacaram a hipótese de Moro ter feito armação para tentar desestabilizar o governo Lula. Internautas também deixaram a palavra "armação" como um dos assuntos mais comentados nas redes. 

Intercept versus Jovem Pan 

O site The Intercept Brasil (TIB), que conduziu a "Vaza Jato", recebeu questionário da rádio bolsonarista Jovem Pan sobre um suposto financiamento que o veículo receberia do PCC. 

Em nota, o Intercept criticou a emissora. "O jogo é sujo, nós sabemos. Nós repudiamos mais essa tentativa de criminalizar o nosso jornalismo e de associá-lo ao crime organizado. Não recuaremos".

Diálogos da Vaza Jato

O Intercept foi o veículo que, em 2019, deu início à divulgação da Vaza Jato (diálogos entre Moro e membros do Judiciário paranaense divulgados a partir de 2019). Segundo as conversas, Moro interferia na elaboração de denúncias, que devem ser feitas por promotores do Ministério Público Federal (MPF-PR). Enquanto juiz da Lava Jato, Moro determinou a prisão de Lula e tirou o petista da eleição de 2018. No ano seguinte, o atual senador aceitou ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), mas deixou o governo alegando tentativa de interferência na Polícia Federal, subordinada à pasta.

Em 2021, o Supremo Tribunal Federal declarou a suspeição de Moro nos processos contra Lula. Em 2022, quando tentava candidatura ao Senado, Moro foi derrotado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) por fraude em domicílio eleitoral. Após a decisão, ele foi candidato pelo Paraná. 

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