“Folha está em dívida com o Brasil depois da fraude no Datafolha”, diz Mário Vitor Santos, ex-ombudsman do jornal
O jornalista condenou a postura da publicação de divulgar uma pesquisa com perguntas tendenciosas que visam desfavorecer o ex-presidente Lula. "É quase uma espécie de recurso in extremis, em desespero, no sentido de conter uma onda que vinha se consolidando na opinião pública e no Judiciário". Assista
247 - Mário Vitor Santos, jornalista e ex-ombudsman da Folha de S.Paulo, em sua participação no Giro das 11 desta terça-feira (23), na TV 247, condenou a parcialidade da publicação no tocante à recente divulgação de uma pesquisa Datafolha que, segundo ele, busca "conter a onda" da opinião pública.
A pesquisa pergunta aos inquiridos se consideram justa a condenação de quatro anos atrás contra o ex-presidente Lula, sem considerar a decisão de anulação dos processos proferida pelo ministro do Supremo Edson Fachin.
"Em 2017, o então juiz Sergio Moro condenou Lula à prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá. Na sua opinião, a condenação de Lula na época foi justa ou injusta?", questionou o Datafolha. Neste cenário, 57% dos entrevistados consideram a condenação justa.
No programa, o sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, condenou a pesquisa: "A pergunta a respeito da decisão é inteiramente capciosa". "Como você vê, eles não perguntam o que o entrevistado pensa hoje, depois de conhecer as picaretagens da turma da Lava Jato, mas o que achou há quatro anos, quando uma maioria da opinião pública achava a operação uma coisa boa", disse.
Mário Vitor não poupou palavras ao condenar a atitude da publicação: "Graças ao Marcos Coimbra a Folha vai ter que publicar o 'Erramos' dessa manchete. Ela vai ter que publicar alguma correção. Seus leitores merecem melhor informação, e o país merece uma informação justa. A Folha está em dívida com o Brasil a partir dessa manchete".
"Veja, Mauro e Marcos. Isso acontece num momento em que a opinião pública vinha caminhando numa outra direção. É quase uma espécie de recurso in extremis, em desespero, no sentido de conter uma onda que vinha se consolidando na opinião pública e no Judiciário em função de Lula não ter recebido um julgamento honesto, justo, correto e imparcial", continuou.
Para o jornalista, a postura da Folha e seu instituto de pesquisas demonstra o verdadeiro objetivo de retirar a possibilidade de o PT voltar ao poder: "Justamente nesse momento, surge essa manchete, do nada, um raio em céu azul, inesperada e com esse tipo de intenção. Mostra o grau de golpismo, o grau de conspiração que tomou conta da redação da Folha de São Paulo. Paulatina, segura e crescentemente é isso que acontece na redação de um jornal que supostamente é um jornal mais de centro-esquerda, mas que em sua essência é um jornal lavajatista, a favor da Lava Jato e de todas as injustiças que ela cometeu. Porque é um jornal efetivamente contra a possibilidade do PT ou do Lula voltarem a uma vida política normal".
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