"Vergonha", diz Altman, sobre o silêncio da esquerda brasileira diante do massacre na Palestina
Jornalista critica a não convocação ao ato de solidariedade à Palestina marcado para este sábado
247 – O jornalista Breno Altman, editor do Opera Mundi, criticou duramente, na noite de ontem, os principais partidos da esquerda brasileira por não convocarem seus militantes ao ato de solidariedade ao povo palestino marcado para este sábabo. Tal silêncio, na sua visão, é vergonhoso. Confira:
Reuters – Forças de Israel avançaram na Cidade de Gaza - a principal cidade da Faixa de Gaza - em sua ofensiva contra o Hamas, disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nesta quinta-feira (2), mas o grupo militante resistiu com ataques relâmpagos a partir de túneis subterrâneos.
A cidade no norte da Faixa de Gaza tornou-se foco do ataque de Israel, que prometeu aniquilar a estrutura de comando do grupo islâmico palestino e ordenou que civis fugissem para o sul.
“Estamos no auge da batalha. Tivemos sucessos impressionantes e passamos da periferia da Cidade de Gaza. Estamos avançando”, afirmou Netanyahu sem dar mais detalhes.
O brigadeiro-general Iddo Mizrahi, chefe dos engenheiros militares de Israel, afirmou que as tropas estavam em um primeiro estágio de abertura de rotas de acesso em Gaza, mas estavam encontrando minas e armadilhas. “O Hamas aprendeu e se preparou bem”, disse.
Soldados do Hamas e da aliada Jihad Islâmica emergiram de túneis para atirar contra tanques e depois desapareceram novamente, segundo moradores e vídeos dos dois grupos.
Com pedidos internacionais para uma pausa humanitária às hostilidades sendo ignorados, não houve trégua para o sofrimento dos civis palestinos, com especialistas da ONU dizendo que eles estão sob “grave risco de genocídio”.
Civis palestinos sofrem com escassez de alimentos, combustível, água potável e remédios.
“Água está sendo usada como uma arma de guerra”, disse Juliette Touma, porta-voz da agência da ONU para refugiados palestinos, a UNRWA.
"Estamos ficando doentes"
Em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, Rafif Abu Ziyada, de nove anos, disse que ela estava bebendo água suja e tendo dores no estômago e de cabeça.
“Não há gás para cozinhar, não há água, não comemos bem. Estamos ficando doentes”, disse. “Há lixo no chão e o lugar inteiro está poluído.”
Antes de viajar para o Oriente Médio nesta quinta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que discutiria passos concretos para minimizar os danos aos civis em Gaza, após afirmar anteriormente que eles estavam carregando o fardo do conflito.
Mais de um terço dos 35 hospitais de Gaza não estão funcionando, e muitos deles foram transformados em campos improvisados de refugiados.
“A situação é além de catastrófica”, afirmou a caridade Auxílio Médico para Palestinos, descrevendo corredores lotados e muitos médicos que estão em luto e desabrigados.
“Continuamos convencidos que o povo palestino está sob grave risco de genocídio”, afirmaram sete relatores especiais da ONU em um comunicado em Genebra.
“Exigimos um cessar-fogo humanitário para garantir que o auxílio chegue aos que mais precisam”.
A mais recente guerra no conflito de décadas começou quando soldados do Hamas invadiram a fronteira de Gaza com Israel em 7 de outubro. Israel afirma que eles mataram 1.400 pessoas, a maioria civis, e tomaram mais de 200 reféns no dia mais sangrento de seus 75 anos de história.
O bombardeio subsequente de Israel contra o pequeno enclave palestino com população de 2,3 milhões matou pelo menos 9.061 pessoas, incluindo 3.760 crianças e 2.326 mulheres, segundo autoridades sanitárias de Gaza.
Israel disse que perdeu 18 soldados e matou dúzias de militantes desde que as operações por terra foram expandidas na última sexta-feira.
"Não somos animais"
A passagem de Rafah, de Gaza para o Egito, foi aberta para retiradas restritas pelo segundo dia, sob um acordo mediado pelo Catar entre Israel, Egito, Hamas e Estados Unidos, com o objetivo de permitir que alguns portadores de passaportes estrangeiros e seus dependentes, e alguns moradores feridos de Gaza, saíssem do enclave.
A autoridade palestina de fronteira, Wael Abu Mehsen, disse que 400 cidadãos estrangeiros sairão para o Egito pela passagem de Rafah na quinta-feira, após cerca de 320 na quarta-feira.
Dúzias de palestinos criticamente feridos cruzarão também. Israel pediu que países estrangeiros enviassem navios hospitalares para eles.
“Eu quero cruzar. Não somos animais”, disse Ghada el-Saka, egípcia em Rafah esperando para voltar para seu país após visitar parentes. “Vimos a morte com nossos próprios olhos”, acrescentou, descrevendo um ataque perto da casa de seus irmãos que fez com que ela e sua filha se abrigassem na rua.
Suzan Beseiso, cidadã norte-americana com parentes em Gaza, disse que não estava empolgada em deixar Gaza “porque temos tantas pessoas que amamos e com as quais nos preocupamos”.
“Neste momento, estou dividida. Não sei se conseguirei ver a família que deixei para trás novamente ou meus amigos que deixei para trás. As pessoas estão morrendo. Todo mundo está morrendo. Ninguém está seguro.”
Embora EUA e outras nações ocidentais tradicionalmente apoiem Israel, imagens angustiantes de corpos nos escombros e as condições infernais em Gaza geraram apelos de contenção e protestos nas ruas ao redor do mundo.
Apesar de Israel ter dito aos cidadãos para irem ao sul, aquela parte do território também não foi poupada. Três palestinos morreram em um bombardeio com tanques perto da cidade de Khan Younis, e um ataque aéreo matou cinco no lado de fora de uma escola da ONU no campo de refugiados de Beach, disseram autoridades sanitárias de Gaza.
Na região central de Gaza, um ataque aéreo destruiu aglomerados de casas no campo de refugiados Bureij, disseram moradores e autoridades de Gaza, com 15 corpos retirados dos destroços.
“Um massacre, um massacre”, diziam pessoas enquanto recolhiam cadáveres em cobertores.
Israel estava conversando com agências médicas para estabelecer hospitais de campo na região sul da Faixa de Gaza, disse uma autoridade israelense na quinta-feira.
“Neste momento, estamos falando sobre hospitais de campo que forneceriam cuidado médico básico exigido para traumas de guerra”, disse o coronel Elad Goren, da COGAT, agência do Ministério da Defesa israelense que faz a ligação com palestinos em assuntos civis.
Os mais recentes ataques de Israel incluíram a região com alta densidade populacional de Jabalia, organizada como campo de refugiados em 1948.
O gabinete de imprensa de Gaza, comandado pelo Hamas, disse que pelo menos 195 palestinos foram mortos em dois ataques na terça e na quarta-feira, com 120 desaparecidos e pelo menos 777 pessoas feridas.
Israel, que acusa o Hamas de se esconder atrás de civis, disse que matou dois comandantes do Hamas em Jabalia.
Com as nações árabes expressando ultraje pelas ações de Israel, o Alto Comissário para Direitos Humanos da ONU disse que os “ataques desproporcionais” de Israel podem constituir crimes de guerra.
A violência também se espalhou para a ocupada Cisjordânia, com os ataques israelenses desencadeando conflitos com homens armados e pessoas atirando pedras.
(Reportagem de Nidal al-Mughrabi em Gaza, Ali Sawafta em Ramallah, Dan Williams, Emily Rose, Maytaal Angel em Jerusalém, Clauda Tanios em Dubai; Reportagem adicional das redações da Reuters ao redor do mundo)
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