X, de Musk, deve enfrentar fuga ainda maior de anunciantes

247 – A empresa de mídia social X, atualmente sob propriedade do bilionário Elon Musk, está diante da possibilidade de perder mais anunciantes, segundo reportagem da Reuters. Especialistas da indústria publicitária não veem uma solução imediata para este problema, após Musk criticar severamente algumas das principais marcas que deixaram a plataforma. Este mês, Walt Disney e Warner Bros. Discovery suspenderam seus anúncios na X, em resposta ao apoio de Musk a uma publicação que falsamente acusava membros da comunidade judaica de incitar ódio contra pessoas brancas.

Musk, ao se desculpar por seu post durante um evento do New York Times DealBook na quarta-feira, atacou os anunciantes que deixaram a plataforma, acusando-os de "chantagem" em uma diatribe cheia de palavrões. Ele pareceu direcionar suas críticas especificamente a Bob Iger, CEO da Walt Disney, que, falando mais cedo no evento, comentou que a associação com a X "não era positiva" para a empresa.

Lou Paskalis, fundador da consultoria de marketing AJL Advisory e ex-chefe de mídia global do Bank of America, comentou: "Isso não são anunciantes se reunindo secretamente para apoiar uma agenda." Em um memorando aos funcionários na quinta-feira, que foi visto pela Reuters, a CEO da X, Linda Yaccarino, descreveu a entrevista de Musk como "cândida e profunda", incentivando a equipe a assisti-la. Ela reiterou que a missão da X é ser uma plataforma aberta sem censura, afirmando: "Nossos princípios não têm preço, nem serão comprometidos – nunca."

O chefe da Tesla também reconheceu que um boicote prolongado dos anunciantes poderia levar a X à falência, mas sugeriu que o público culparia as marcas, e não ele, por um possível colapso. No entanto, Jasmine Enberg, analista da Insider Intelligence, disse: "Se alguém está matando a X, é Elon Musk – não os anunciantes."

"Se a X colapsar, uma autópsia revelaria uma série de decisões de políticas da plataforma, cortes de pessoal, tweets e comentários de Musk que afastaram a principal fonte de receita da X", acrescentou Enberg. Um executivo de uma importante empresa global de compra de anúncios, que preferiu não ser identificado, disse que apenas um grande cliente continuava anunciando na X. "Parece que (Musk) está determinado a destruir a plataforma", disse o executivo.

A X corre o risco de perder não apenas anunciantes corporativos, mas também dinheiro de candidatos políticos, uma fonte de receita que foi reaberta após a plataforma suspender uma proibição de anúncios políticos. Os gastos com anúncios políticos nos EUA em 2024, ano de eleição presidencial, devem atingir um recorde de US$ 10,2 bilhões, segundo a AdImpact, que monitora anúncios políticos.

Mike Nellis, CEO da Authentic, uma agência de marketing digital que trabalha com candidatos democratas, incluindo o presidente dos EUA Joe Biden, disse que planeja conversar com todos os seus clientes sobre se devem ou não investir na X. "Dizer aos principais anunciantes e a Bob Iger para se f... pode ser o último prego no caixão", disse Nellis.