Atentado aos gasodutos Nord Stream completa um ano, sem qualquer apuração
Países ocidentais ainda não demonstraram disposição para conduzir uma investigação aberta sobre o caso
247 – Nesta terça-feira (26), o ataque aos gasodutos Nord Stream 1 e Nord Stream 2, responsáveis por fornecer gás natural da Rússia para toda a Europa via Alemanha, completa um ano. No entanto, países ocidentais ainda não demonstraram disposição para conduzir uma investigação aberta sobre o caso, gerando controvérsia e incertezas sobre os responsáveis pelas explosões que afetaram o fornecimento de energia para o continente europeu, segundo reportagem da agência Sputnik.
Logo que as explosões ocorreram, países europeus prontamente rotularam o incidente como sabotagem. O primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, chegou a insinuar que Moscou poderia estar envolvida nos ataques, enquanto a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ameaçou responder a essa suposta violação deliberada da infraestrutura energética da Europa, sem, no entanto, especificar quem estaria por trás do ataque.
Em resposta, o Kremlin, por meio de seu porta-voz Dmitry Peskov, destacou que o presidente dos EUA, Joe Biden, já havia feito ameaças contra o gasoduto em fevereiro de 2022. Nessa ocasião, a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, divulgou um vídeo em setembro de 2022 no qual Biden prometia "acabar com o Nord Stream" caso a Rússia invadisse a Ucrânia. O Departamento de Estado dos EUA, porém, negou qualquer envolvimento nas explosões.
O presidente russo, Vladimir Putin, classificou as explosões como um ato de terrorismo internacional e anunciou sua intenção de levar o caso ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU).
Uma reviravolta significativa na narrativa ocorreu quando o renomado jornalista americano e vencedor do Prêmio Pulitzer, Seymour Hersh, publicou uma investigação em fevereiro de 2022. Hersh citou fontes que afirmaram que explosivos haviam sido implantados nos gasodutos em junho de 2022 por especialistas americanos, com o apoio de mergulhadores noruegueses, sob a cobertura do exercício BALTOPS 2022 da OTAN. Segundo Hersh, a decisão de realizar a sabotagem foi tomada por Biden após nove meses de discussões com funcionários do governo envolvidos em questões de segurança nacional. A investigação de Hersh também concluiu que a CIA estava diretamente envolvida na preparação da sabotagem, com a ordem vinda do chefe da agência, William Burns.
A controvérsia se intensificou quando um membro do exercício BALTOPS 2022 enviou uma carta a John Dygan, jornalista americano, afirmando que havia testemunhado a chegada de um grupo de americanos não uniformizados por helicóptero ao local de treinamento em 15 de junho de 2022. O grupo teria sido recebido pelo vice-almirante da 6ª Frota dos EUA e permaneceu afastado por seis horas. Essas alegações adicionaram mais complexidade ao caso.
Outra reviravolta surgiu quando a revista online alemã T-online, anteriormente não envolvida na investigação, relatou um suposto "rastreamento russo" nas explosões do Nord Stream, alegando que um militar russo estava presente na área dos gasodutos quatro dias antes das explosões. Maria Zakharova rapidamente classificou essa versão como uma farsa, apontando para o silêncio dos serviços de inteligência dinamarqueses em relação a qualquer envolvimento russo.
Mais investigações surgiram quando o jornal The New York Times, o alemão Die Zeit e o britânico The Times publicaram simultaneamente informações sobre os prováveis autores dos ataques terroristas. De acordo com o The New York Times, citando fontes americanas, a sabotagem poderia ter sido realizada por um grupo pró-ucraniano, sem o conhecimento das autoridades dos EUA. O Die Zeit trouxe detalhes adicionais, incluindo informações sobre um iate chamado Andromeda supostamente envolvido no ataque, alugado por uma empresa polonesa e supostamente pertencente a dois ucranianos. O The Times, por sua vez, alegou que os serviços de inteligência europeus conheciam o nome do patrocinador privado da sabotagem, embora a identidade não tenha sido divulgada.
A Rússia continuou a negar qualquer envolvimento e apelou pela criação de uma comissão internacional para investigar os atentados do Nord Stream. Essa demanda ocorreu no contexto das dúvidas de Moscou de que a investigação dos países europeus seria limitada. O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, duvidou que os países que estavam investigando os ataques terroristas no Nord Stream tornariam suas conclusões públicas.
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, enfatizou que todos os apelos da Rússia para investigar os ataques terroristas contra o Nord Stream permaneceram sem resposta por parte dos países ocidentais.
Na atual situação, um ano após as explosões, a Rússia convocou uma reunião no Conselho de Segurança da ONU. O primeiro vice-representante permanente da Rússia na ONU, Dmitry Polyanskiy, prometeu que a Rússia continuará a expor as ações dos ocidentais. O embaixador russo na Alemanha, Sergei Nechaev, afirmou que a Rússia persistirá na busca por uma investigação transparente sobre as explosões dos gasodutos. O embaixador russo na Dinamarca, Vladimir Barbin, enfatizou a necessidade de uma investigação sobre sabotagem para evitar futuros ataques a infraestruturas críticas. Maria Zakharova, representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, declarou que Moscou está empenhada em concluir a investigação do ataque terrorista no Nord Stream e prometeu usar todos os meios, inclusive em fóruns multilaterais, para que a verdade se torne conhecida do público.
O caso do atentado aos gasodutos do Nord Stream continua envolto em mistério e controvérsia, com as investigações e as acusações de envolvimento de diferentes atores ainda pendentes e sem uma resolução clara à vista. Enquanto isso, a Europa continua a depender de importações de gás natural da Rússia por meio desses gasodutos estratégicos, aumentando a pressão por uma solução para o impasse.
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