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    Com medo de crise migratória, G20 se reúne para discutir colapso econômico no Afeganistão

    A crise econômica no Afeganistão se dá, principalmente, porque o país tem uma economia 75% dependente de ajuda estrangeira, um resultado da invasão norte-americana ao país, enquanto os EUA congelaram US$ 9 bilhões guardados no estrangeiro após a ascensão do Talibã

    Cabul bombardeada em 2000 (Foto: Pepe Escobar)

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    ANSA, 247 – Começou na manhã desta terça-feira (12), na Itália, a cúpula extraordinária do G20 sobre o Afeganistão, com o desafio fundamental de evitar uma catástrofe humanitária e enviar ajuda à população do país, cujo poder foi tomado pelo grupo fundamentalista islâmico Talibã desde agosto passado.

    A conferência, a portas fechadas, tratará também de questões envolvendo a crise humanitária no território afegão, além da luta contra o terrorismo, a liberdade de circulação dentro do país e fronteiras abertas, segundo a presidência italiana do G20.   

    Para o encontro, além dos chefes de Estado e de governo do G20, foram convidados representantes da ONU, Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e membros que representam os países vizinhos do Afeganistão.   

    A UE será representada pelos seus líderes políticos, Charles Michel e Ursula von der Leyen, enquanto a China pelo ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, após a desistência do presidente Xi Jinping.   

    Já a Rússia não participará da cúpula, tendo em vista que Vladimir Putin não poderá comparecer em decorrência de “seus compromissos para o dia” e o chanceler Serghei Lavrov está viajando. O anúncio foi feito pelo Kremlin, enfatizando que os organizadores do G20 extraordinário foram avisados com antecedência, de acordo com a agência Tass.   

    A reunião se focará em três temas principais: o apoio humanitário, a luta contra o terrorismo e a garantia da liberdade de movimento dentro e fora das fronteiras do Afeganistão para todos os assuntos, desde os operadores de ONGs locais a estrangeiras.   

    Outro assunto no centro da agenda será “a condição das mulheres”, já definida pelo primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, como “uma prioridade”. O desafio será encontrar medidas para pressionar o Talibã a garantir os direitos das mulheres, desde o retorno total às escolas e locais de trabalho até o reconhecimento de seu papel na vida política, enquanto hoje mais de 2 milhões de meninas não têm acesso ao sistema educacional.   

    Fontes do Palazzo Chigi enfatizam que a cúpula é uma oportunidade de explorar o potencial do G20 para uma ampla convergência em questões-chave. A ambição é canalizar a ação dos membros em apoio às atividades da ONU, pressionando o Talibã para cortar relações com grupos terroristas e redirecionar a assistência humanitária para proteger os mais vulneráveis, incluindo mulheres e menores.   

    Além disso, o compromisso de apoiar, sempre em conjunto com a ONU, os países vizinhos do Afeganistão no acolhimento de refugiados também é possível.   

    “Pedi mais fundos para a cooperação no Afeganistão para ajudar os civis. Devemos garantir que o Estado não entre em colapso, porque se o Afeganistão entrar em colapso em seu aparato estatal veremos fluxos migratórios descontrolados para os países vizinhos, com a consequente desestabilização”, explicou o chanceler da Itália, Luigi Di Maio.   

    Segundo o ministro italiano, é preciso “encontrar um mecanismo para financiar o Estado sem dar dinheiro ao Talibã, para evitar um colapso econômico”.

    A reunião

    A reunião foi realizada por videoconferência. A crise econômica no Afeganistão se dá, principalmente, porque o país tem uma economia 75% dependente de ajuda estrangeira, um resultado da invasão norte-americana ao país, que foi totalmente devastado, transformado numa grande favela. Não bastasse isso, após a vitória do Talibã no país, os EUA decidiram congelar US$ 9 bilhões guardados no estrangeiro - no FMI e no Banco Mundial, por exemplo.

    A União Europeia pretende enviar € 700 milhões para o país e nações vizinhas, enquanto deve destinar mais € 300 milhões para evitar um colapso dos serviços básicos no país - num total de € 1 bilhão em fundos de ajuda. Segundo o secretário-geral da ONU, António Guterres, o país está num ponto em que o colapso econômico pode ser total, e isto deve ser evitado para não haver uma intensa crise migratória.

    “Respeitando a lei e os princípios internacionais, temos que encontrar maneiras de injetar liquidez na economia para que ela não entre em colapso. Se não agirmos e ajudarmos os afegãos a resistir a esta tempestade, e o fizermos em breve, não apenas eles, mas todo o mundo pagarão um alto preço”, disse.

    Essa ajuda econômica, no entanto, é condicionada a que o Talibã realize uma série de políticas defendidas pelos Estados europeus e norte-americano. Essa imposição, todavia, é rejeitada pela Rússia e pela China, enquanto o primeiro, que deu pouca importância à reunião do G20, organiza uma outra conferência para discutir o problema do Afeganistão, no dia 20 de outubro, com o Paquistão, a Índia e o Irã.

    Recentemente, em Doha (Qatar), os EUA tiveram sua primeira reunião com o Talibã desde que o grupo assumiu o controle do país, na qual o grupo no governo afegão recusou uma cooperação dos EUA no combate ao Daesh (Estado Islâmico).

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