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    Deputada americana pede que EUA abram arquivos sobre a ditadura brasileira

    A deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez fez um pedido ao Departamento de Estado dos EUA para que sejam liberados documentos da inteligência

    (Foto: Reprodução - 15.jul.2019 / Reuters)

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    247 — A deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez fez um pedido ao Departamento de Estado dos Estados Unidos para que sejam liberados documentos da inteligência americana relacionados à ditadura militar brasileira. Essa demanda foi apresentada como uma emenda provisória ao orçamento anual de Defesa dos EUA (NDAA, na sigla em inglês), juntamente com outras 1.471 propostas de parlamentares, porém, não há garantia de que será aprovada.

    Em 2022, alguns deputados democratas tentaram aprovar uma emenda para investigar se as Forças Armadas do Brasil estavam interferindo nas eleições do país, mas essa proposta não foi incluída no texto final. No texto provisório da emenda atual, Alexandria Ocasio-Cortez, conhecida como AOC e representante da ala mais à esquerda dos democratas, solicita um relatório do secretário de Estado, Antony Blinken, sobre o envolvimento dos EUA no golpe de 1964 e se tinham conhecimento prévio da possibilidade de os militares tomarem o poder.

    A deputada também solicita que o eventual documento contenha informações de inteligência entre os anos de 1964 e 1985 sobre o envolvimento dos militares brasileiros em assassinatos, torturas, desaparecimentos e prisões arbitrárias, bem como sobre a morte de indígenas por violência direta ou negligência. Além disso, o relatório deve incluir uma análise da parceria militar entre os EUA e o Brasil durante a ditadura, abordando detalhes sobre treinamento, logística e transferência de armas.

    Em 2024, o golpe militar brasileiro completa 60 anos, e a participação dos Estados Unidos nesse período já foi documentada por historiadores. O então embaixador dos EUA no Brasil em 1964, Lincoln Gordon, propôs o envio de uma força naval para a costa brasileira como parte da Operação Brother Sam, com o objetivo de auxiliar as tropas que depuseram o presidente João Goulart (1961-1964). Embora a ação tenha sido aprovada pelo governo Lyndon Johnson, Goulart foi derrubado antes da chegada dos navios.

    Arquivos da embaixada americana dos anos de 1975-1976, publicados pelo WikiLeaks, revelaram que a Casa Branca tinha conhecimento das violações de direitos humanos durante a ditadura militar brasileira, mas minimizava essas violações como exceções, como forma de justificar a continuidade do apoio e treinamento militar às forças brasileiras. Os Estados Unidos também apoiaram a Operação Condor, que estabeleceu uma rede para ações coordenadas de repressão nas ditaduras do Cone Sul.

    Recentemente, a Folha de S.Paulo noticiou que o historiador americano James Green, um dos principais pesquisadores sobre o Brasil nos EUA, está trabalhando em conjunto com ativistas e organizações nacionais para solicitar a liberação de aproximadamente mil arquivos secretos que podem revelar a atuação dos Estados Unidos no golpe de 1964 e durante a ditadura militar brasileira.

    Um precedente para essa solicitação ocorreu no ano 2000, quando, após pressões da sociedade chilena, os Estados Unidos liberaram 11 mil documentos relacionados ao seu envolvimento no golpe de 1973 no Chile.

    Além do pedido de Ocasio-Cortez, outra emenda ao orçamento anual de Defesa dos EUA foi apresentada pelo deputado republicano Carlos Gimenez, solicitando informações sobre a presença militar iraniana no Brasil, na Bolívia e na Venezuela. O Brasil foi criticado por autoridades americanas por permitir que dois navios de guerra iranianos, alvos de sanções dos Estados Unidos, atracassem na costa brasileira entre o final de fevereiro e o início de março.

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