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Diálogo revela envolvimento dos EUA na derrubada do premiê do Paquistão. Motivo foi neutralidade diante da guerra na Ucrânia

Uma reunião ocorreu em 7 de março de 2022 entre o embaixador paquistanês e dois representantes dos EUA. Um dia depois, uma moção de desconfiança foi apresentada contra Khan

Imran Khan (Foto: REUTERS/Lim Huey Teng)

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247 - Um vazamento de informações revelado pelo The Intercept expõe partes de uma conversa entre um funcionário paquistanês e dois representantes do Departamento de Estado dos Estados Unidos, sugerindo o envolvimento dos EUA na moção de desconfiança que levou à deposição em 2022 do então primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan.

Conforme detalhado no documento confidencial, uma reunião ocorreu em 7 de março de 2022 entre o embaixador paquistanês nos EUA, Asad Majeed Khan, e dois membros do Departamento de Estado, incluindo Donald Lu. Um dia após essa reunião, em 8 de março de 2022, uma moção de desconfiança foi apresentada contra Imran Khan, culminando em sua remoção do cargo em 10 de abril. Khan foi condenado a três anos de prisão por acusações de corrupção e detido pela segunda vez desde sua expulsão. Os defensores de Khan consideram as acusações infundadas. A sentença também impede Khan, o político mais popular do Paquistão, de disputar as eleições previstas para o final deste ano.

De acordo com o documento obtido, durante a reunião, Donald Lu, que anteriormente havia trabalhado em recursos humanos na Microsoft, criticou a postura neutra do Paquistão em relação à Ucrânia. Ele sugeriu a possibilidade de uma moção de desconfiança como forma de corrigir essa postura.

Para Lu, o sucesso de uma moção de desconfiança contra o primeiro-ministro Imran Khan poderia amenizar as preocupações nos EUA e na Europa, especialmente considerando a visita de Khan à Rússia.

“Acho que se o voto de desconfiança contra o primeiro-ministro for bem-sucedido, tudo será perdoado em Washington porque a visita à Rússia está sendo vista como uma decisão do primeiro-ministro", afirmou Lu, de acordo com o documento divulgado.

O embaixador paquistanês, por sua vez, manifestou esperança de que a crise entre Rússia e Ucrânia não prejudicasse a relação do Paquistão com os EUA. "Vamos esperar alguns dias para ver se a situação política muda, o que significaria que não teríamos um grande desacordo sobre esta questão e a mossa desapareceria muito rapidamente", disse o funcionário do Departamento de Estado dos EUA, citado pelo documento obtido pelo The Intercept.

Em resposta às acusações de seu envolvimento na destituição de Imran Khan, Mathew Miller, porta-voz do Departamento de Estado, refutou as alegações, destacando que expressaram preocupações sobre a visita de Khan a Moscou durante a invasão russa da Ucrânia, tanto publicamente quanto em comunicações privadas.

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