Esquerda ganha eleições no estado alemão da Turíngia, frustrando a AfD
A Esquerda (Die Linke) ganhou as eleições no estado-federado da Turíngia, no Leste da Alemanha, com uma vantagem considerável face ao partido de direita radical Alternativa para a Alemanha (AfD)
DW Brasil - Resultados preliminares indicam a liderança da legenda A Esquerda na eleição estadual na Turíngia, no Leste alemão, que ocorreu neste domingo (27/10). O pleito deve confirmar ainda o fortalecimento dos populistas de direita da sigla Alternativa para Alemanha (AfD).
A Esquerda, que atualmente comanda o estado, deve obter 30,6% dos votos, um crescimento de 2,4 ponto percentual em relação à última eleição na região em 2014.
Em segundo lugar, estão os populistas de direita, com 23,6%. A AfD foi a legenda que mais cresceu desde a último pleito e mais do que dobrou o resultado anterior. O partido conquistou votos, principalmente, da União Democrata Cristã (CDU), que aparece em terceiro lugar, com 22,1%.
Apesar do terceiro lugar, os democrata-cristãos, da chanceler federal alemã, Angela Merkel, devem amargar a maior derrota, perdendo 11,4 pontos percentuais em relação a 2014.
O Partido Social-Democrata (SPD) também perdeu 4,1 pontos percentuais e deve conquistar 8,3% dos votos, enquanto o Partido Verde deve alcançar 5%, 0,7 ponto percentual a menos do que no pleito passado. A Assembleia Legislativa também deve contar ainda com deputados do Partido Liberal Democrático (FDP), que aparece com 5% dos votos, o dobro do conquistado em 2014.
O pleito teve uma alta participação eleitoral, que chegou a 65,5% superando os 52,7% registrados há cinco anos.
A Turíngia foi o primeiro e único estado da Alemanha a ter um governador da legenda A Esquerda. A atual coalizão de governo, formada pela sigla, SPD e verdes, não deve, no entanto, conquistar assentos suficientes para garantir a maioria no parlamento regional e, para evitar um governo de minoria deve buscar outros parceiros.
O atual governador, Bodo Ramelow, afirmou que a eleição indica seu fortalecimento e disse que pretende assumir o mandato para governar novamente o estado.
Todos os partidos já rejeitam governar ao lado dos populistas de direita, que na Turíngia lançou como principal candidato o ultradireitista Björn Höcke, conhecido por sua posição anti-imigração e por constantemente minimizar o Holocausto.
Após a divulgação dos primeiros resultado, Höcke afirmou que sua legenda deseja participar do governo e disse que o resultado é um claro sinal de que os alemães desejam uma "nova democracia".
Resultado preocupante
Representantes de organizações judaicas e muçulmanas mostram preocupação diante do avanço dos populistas de direita. A ex-presidente do Conselho Central dos Judeus Charlotte Knobloch falou em "erosão da cultura democrática" na Alemanha. "Onde um partido como esse celebra sucesso, há um problema", acrescentou.
"Quem votou na AfD sabia exatamente o que estava fazendo. Com seu voto, muitos eleitores apoiaram um partido que há anos com sua banalização do regime nazista, seu nacionalismo aberto e seu ódio contra minorias, incluindo a comunidade judaica, prepara o terreno para a exclusão e a violência de extrema direita", destacou Knobloch.
O presidente do Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha, Aiman Mazyek, afirmou que o fato de quase um quatro dos eleitores terem votado "num partido de extrema direita" é "muito mais do que um sinal de alarme".
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