Evo Morales, Portugal, dívidas e europeus
Considero afronta à comunidade internacional países falidos, a exemplo de Portugal e Espanha, tratarem um mandatário legitimamente eleito por um povo sofrido como o é o boliviano com desrespeito
No dia 2 de julho de 2013, o presidente da Bolívia, Evo Morales, voltava de reunião de chefes de estado acontecida em Moscou, capital da Rússia. Eis que o avião presidencial do líder boliviano teve de aterrissar em solo austríaco, em Viena, porque governos europeus, a obedecer às ordens do governo dos Estados Unidos impediram que o avião onde viajava Evo Morales voasse pelos céus da Itália, da Espanha, da França e de Portugal.
A arrogância, a prepotência, o preconceito e o autoritarismo tão comuns aos caráteres europeus em relação à maioria das nações do mundo impediram que um líder de uma nação democrática e independente continuasse o seu voo para atravessar o oceano Atlântico e dessa forma chegar ao seu destino, que é a cidade de La Paz, sede do governo da Bolívia.
O motivo de tal desfaçatez e do total desrespeito é a desconfiança ou a suspeita desses países de essência moral colonizadora e imperialista de que o ex-agente da CIA e da NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA), Edward Snowden, estivesse dentro do avião de Evo Morales, pois a Bolívia é um dos 21 países que se dispuseram a dar abrigo ao Snowden, bem como é uma das nações da América do Sul cujo presidente é ideologicamente socialista.
O ex-agente da CIA vazou informações do governo estadunidense, que deixariam os nazistas com os cabelos em pé. Países falidos como Portugal e Espanha e que enfrentam grave crise econômica a exemplo da Itália e da França se submeteram aos ditames e à neurose dos EUA, país useiro e vezeiro em invadir inúmeros países em sua sangrenta história, com o intuito de pilhar riquezas, derrubar governos e dominar povos independentes, e, consequentemente, marcar território e assim implantar bases militares e de espionagem para garantir os seus interesses econômicos e geopolíticos.
Considero afronta à comunidade internacional países falidos, colonizados e em crise financeira e moral, a exemplo de Portugal e Espanha tratarem um mandatário legitimamente eleito por um povo sofrido e humilde como o é o boliviano. Evo Morales foi tratado como se ele fosse inferior, não somente no que diz respeito ao desenvolvimento social e econômico da Bolívia, mas, sobretudo, racialmente e politicamente, porque o mandatário boliviano é etnicamente indígena e ideologicamente socialista.
Além disso, o presidente da Bolívia contrariou, no decorrer de seu governo, os interesses da perversa e colonizada oligarquia boliviana de origem espanhola, bem como mudou regras e normas no que é relativo aos contratos de gás, petróleo, prata e cobre firmados anteriormente por governantes entreguistas com as multinacionais pertencentes aos países desenvolvidos, além de ter rompido com contratos e negócios draconianos, pois inúmeras companhias foram enquadradas, sendo que algumas foram estatizadas para o bem do serviço público e do atendimento ao povo boliviano, um dos povos mais pobres e explorados do mundo.
Contudo, o que mais me chama a atenção é a postura e a conduta internacional de Portugal, um país pequeno, semi industrializado, ou seja, não produz quase nada, e que teve problemas de ordem estrutural para se adequar às exigências da União Europeia, e, consequentemente, ingressar no bloco europeu, que atualmente enfrenta séria crise econômica. Portugal se transformou em um anão arrogante e prepotente e para ter os benefícios da UE vendeu a alma ao diabo e “esqueceu” de seus interesses, pois se valeu de um momento, especificamente a década de 1990, que se mostrava uma década farta e rica. E assim Portugal se locupletou. Só que quem nunca comeu melado se lambuza, e deu no que deu: Portugal deu com os burros n’água.
Os portugueses, espertos e pragmáticos como sempre, passaram a eleger governantes conservadores, de direita, e dessa forma buscaram se elitizar e com isso atender aos anseios neoliberais do bloco econômico europeu. Além disso, esqueceram de sua industrialização para poder desenvolver a própria economia, pois se fiaram nas importações de produtos industrializados, agropecuários e nas atividades do terceiro setor, que ocupou inadequadamente o lugar do estado, que, controlado por mandatários neoliberais, eximiu-se de sua responsabilidade administrativa, o que acarretou desproteção social, recrudescida após a crise iniciada em 2008.
Há muito tempo Portugal deu uma guinada à direita, mesmo quando primeiros ministros sociais democratas assumiram o poder. Por sua vez, a social democracia se tornou conservadora, pois a verdade é que os sociais democratas são (tal qual afirmam os socialistas e os trabalhistas) a direita envergonhada, mas que perdeu a vergonha, a exemplo dos ex-primeiros ministros da Grã-Bretanha, Tony Blair, e da Espanha, Felipe González, que, no decorrer de seus mandatos, tornaram-se governantes conservadores e aliados de George Walker Bush, presidente estadunidense que se autodenominou o senhor da guerra.
Portugal se alinhou automaticamente aos países poderosos, cujos presidentes ou primeiros ministros eleitos professam ou professavam a ideologia conservadora e colocaram em prática a teoria neoliberal, a exemplo dos Estados Unidos, da Alemanha, da França, da Inglaterra, da Itália, da Espanha, além do Japão e de Israel, países distantes da Europa, mas extremamente importantes no que é referente às questões geopolíticas e às alianças armadas — bélicas.
Os portugueses foram os anfitriões das reuniões para que os EUA, a Inglaterra, a Espanha, a França e a Itália esquematizassem e decidissem pelas invasões armadas em países como a Líbia e o Iraque, que tiveram suas infraestruturas totalmente destruídas pelos bombardeios dos EUA e da Otan, além de terem suas riquezas e reservas controladas por forças alienígenas, após guerras que assassinaram centenas de milhares de pessoas, cujo objetivo primordial é o roubo do petróleo, atividade ilegal e contrária às leis internacionais, que foram rasgadas pelos países ocidentais, que se auto definem como sociedades brancas, civilizadas e cristãs. Ponto.
Portugal não tem outra solução, apesar de o país ibérico compor com o sistema de capital e bélico controlado pelos grandes países capitalistas, que sempre apeteceram o imaginário dos portugueses, povo aventureiro, corajoso, determinado e audacioso, responsável maior pelo início das grandes navegações e pelas conquistas de terras e continentes, bem como pela escravidão de seres humanos, a exemplo dos africanos e dos índios.
Portanto, Portugal não me surpreende. Sua política externa é imperialista e de fundo colonizador, como sempre o foi. Como é um país pequeno e não mais a potência dos séculos XVI e XVII, os lusitanos não pensam duas vezes quando se trata de apoiar os interesses de seus parceiros mais fortes, afinal os portugueses precisam de investimentos, bem como ter um parque industrial que atenda às suas necessidades. A crise europeia e mundial foi dolorosa e pegou Portugal desprevenido, porque tal país confiou demais no euro, a moeda comum europeia, bem como na abertura das fronteiras, principalmente as dos países da Europa Ocidental.
Todavia, quando a crise surge e se torna um tsunami, os países mais fortes ou dominantes fecham as suas torneiras, apertam os cintos e colocam barreiras em suas fronteiras. E quem não tem terras extensas, agricultura, pecuária e indústria desenvolvidas e mercado interno e bancos fortes, com suas atividades reguladas e fiscalizadas, além de um estado que sirva de anteparo para a indústria e o comércio, torna-se presa fácil para os países ricos, que nunca abdicaram de seus papéis de predadores.
A verdade é que a crise mundial e a ascensão de políticos socialistas e trabalhistas nas Américas do Sul e Central, a partir do início deste século, resultou no estreitamento do volume de riquezas enviadas para fora em forma de remessa de lucro. A torneira da América Latina não parou de jorrar água para os gringos, mas o volume diminuiu, o que ajudou a deixar a crise europeia e estadunidense ainda mais grave.
Tal crise não é apenas redundante de uma questão imobiliária e bancária, como ocorreu nos EUA, por exemplo. Quando um país poderoso e da grandeza do Brasil paga a sua dívida externa, evidentemente que os países considerados desenvolvidos terão acesso a menos riquezas, menores fluxos de capital, que eram baseados, inclusive, em juros escorchantes. A verdade é que os países da Europa Ocidental e os EUA têm méritos por se desenvolverem, mas é também inegável que esse desenvolvimento contou com a ajuda primordial dos países pobres colonizados, por intermédio da exploração de suas riquezas naturais e do trabalho de seus povos, com a aquiescência e a cumplicidade de governantes colonizados, apátridas e vendilhões de suas pátrias, a exemplo de Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal I —, que, ao contrário de Lula que pagou a dívida externa e aumentou exponencialmente as reservas internacionais do Brasil, vendeu o patrimônio público, e, incompetente e irresponsável, foi ao FMI três vezes de joelhos e com o pires nas mãos, porque quebrou o Brasil três vezes e por isto se submeteu aos ditames draconianos do FMI.
O Fundo colonizador, voraz e feroz, que por meio de suas receitas econômicas tentava curar o paciente com veneno ou apagar o fogo com gasolina, tal qual faz agora com Portugal, a Grécia, a Irlanda, a Espanha e até mesmo com a Itália. Esses países para receberem esmolas e pagarem suas dívidas têm de se humilhar e abrir suas contas para os agentes do FMI, ou seja, para os EUA, o Japão, a Alemanha, a Inglaterra e a França, sendo que estes últimos dois atualmente enfrentam graves problemas econômicos, ao ponto de seus povos saírem às ruas e protestarem inúmeras vezes. Os europeus não se manifestaram porque querem mais avanços sociais, como ocorreu no Brasil quando os filhos da classe média, “apartidários” e “apolíticos”, saíram às ruas em junho para bradar que querem o que muita gente até agora não entendeu.
Os europeus protestaram porque não querem perder o que já conquistaram — o que é muito diferente. Ponto. O europeu em crise moral, financeira e de identidade quer seu emprego e sua vida confortável de volta. Seus dias, anos e décadas subsidiados pelo estado de bem-estar social, que lhe proporcionou até então um alto padrão de vida foram virados ao avesso, um verdadeiro pesadelo, que o leva, aos milhares, a imigrar novamente e fazer o mesmo caminho de seus antepassados para as Américas.
Esta é a verdade, que a imprensa de mercado jamais mostra de forma efetiva, pois não quer evidenciar o fracasso econômico daqueles que tal imprensa de negócios privados sempre admirou de forma subserviente e colonizada. Esta é a diferença dos protestos do Brasil em relação às manifestações dos europeus em crise desde 2008. Os europeus querem manter o que conquistaram, e os brasileiros querem mais conquistas das muitas que já conquistaram. E só não percebe essas diferenças quem não quer, por motivo de ignorância, vontade própria ou quem tem interesse político e ideológico. Ponto.
Contudo, os países dominantes de caráteres imperialistas continuam com suas prepotências e a se valer de suas condições tecnológicas, acadêmicas e bélicas. Apesar de tudo o que a crise econômica e moral têm lhes ensinado, países como a França, a Itália, a Espanha e Portugal continuam, em tempo de século XXI, a se comportar como bárbaros, o que na verdade sempre foram, porque são os principais responsáveis por guerras milenares, bem como, recentemente, em pleno século XX, trucidaram-se, quase se extinguiram, na Primeira Guerra Mundial e na Segunda Guerra Mundial. Bárbaros com verniz de civilizados, mas ferozes e violentos quando se trata de seus negócios e de suas espoliações e piratarias. Os europeus se odeiam, porque guerreiam há milênios para usurpar as terras dos outros. Ou eu estou equivocado e não percebi o quanto eles se amam?
E daí? E o Evo Morales, presidente eleito da Bolívia? O Evo é o mais acabado exemplo do que tudo o que escrevi até agora. A Bolívia e o seu povo são um dos países e povos usurpados através de história, e o mandatário boliviano foi usurpado e desrespeitado em sua dignidade e autoridade como líder de todo um povo, mesmo da parte da população do país andino que não votou nele. Fiz questão de escrever sobre os europeus, o Brasil, a crise internacional e as dívidas para mostrar os interesses que estão por trás de uma ação inquestionavelmente imperialista e açodadamente prepotente contra um líder de um país pobre, cuja nação é etnicamente indígena. Portugal sabe disso, bem como a França, a Itália e a Espanha, que se recusaram a permitir que Evo Morales voasse pelos seus céus para retornar à sua casa — a Bolívia —, a mando dos Estados Unidos.
Esses países sabem também que seus povos estão fartos de seus governantes, que não lhes garantem nem o emprego quanto mais a vida confortável que viviam antes da crise de 2008 e que já dura cinco anos e não tem tempo e nem hora para terminar. Os europeus ocidentais sentem os novos tempos e as mudanças no jogo de xadrez internacional.
Apareceram novos protagonistas e muitos deles poderosos como o Brasil, a China, a Rússia, o Irã, a Índia, a Argentina e a África do Sul, donos de robustos produtos internos brutos e, sobretudo, de terras, espaços que podem ser destinados a diversos segmentos da economia, além de possuírem gigantescas populações, o que leva países agressores a pensar duas vezes antes de se aventurarem em ações belicistas. Todos esses países, vale ressaltar, dominam ou falta pouco para dominar a tecnologia nuclear. Os governos europeus e os EUA sabem disso. Não existe mais um mundo bipolar e o que parece é que muitos dos países que dominaram o mundo por muitas décadas e até séculos não compreenderam ainda a nova realidade mundial.
“Um incidente desnecessário e lamentável”. Assim definiram diferentes especialistas em política exterior europeia sobre a covardia, a arrogância e a prepotência contra o presidente Evo Morales e a sua comitiva. Logo após a falta de educação e de respeito ocorridos no dia 2 de julho, o mandatário boliviano, exatamente no dia 16 de julho, participou de reunião com chefes de Estado da Comunidade Europeia, com tradução simultânea a centenas de países. Evo, em discurso atemporal, inquietou a plateia e fez com que muitos diplomatas e mandatários pensassem e discernissem sobre a história das nações e as suas dívidas. O índio calou fundo os corações armados e arrogantes daqueles que se julgam civilizados e pensam que vivem em um mundo à parte, mesmo na era globalizada. Entretanto, ninguém está sozinho neste mundo. Nem os europeus.
PS: A imprensa comercial e privada mais uma vez sonegou ao público o que não lhe interessa, e quase ninguém ficou sabendo do discurso de Evo Morales aos poderosos da Comunidade Europeia.
Leia abaixo o discurso de Evo Morales
“Aqui eu, Evo Morales, vim encontrar aqueles que participam da reunião. Aqui eu, descendente dos que povoaram a América há quarenta mil anos, vim encontrar os que a encontraram há somente quinhentos anos. Aqui, pois, nos encontramos todos. Sabemos o que somos, e é o bastante. Nunca pretendemos outra coisa.
O irmão aduaneiro europeu me pede papel escrito com visto para poder descobrir aos que me descobriram. O irmão usurário europeu me pede o pagamento de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei a vender-me.
O irmão rábula europeu me explica que toda dívida se paga com bens, ainda que seja vendendo seres humanos e países inteiros sem pedir-lhes consentimento. Eu os vou descobrindo. Também posso reclamar pagamento e também posso reclamar juros.
Consta no Archivo de Índias, papel sobre papel, recibo sobre recibo e assinatura sobre assinatura, que somente entre os anos 1503 e 1660 chegaram a San Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.
Saque? Não acredito! Porque seria pensar que os irmãos cristãos pecaram em seu Sétimo Mandamento.
Espoliação? Guarde-me Tanatzin de que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue de seu irmão!
Genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomé de las Casas, que qualificam o encontro como de destruição das Índias, ou a radicais como Arturo Uslar Pietri, que afirma que o avanço do capitalismo e da atual civilização europeia se deve à inundação de metais preciosos!
Não! Esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata devem ser considerados como o primeiro de muitos outros empréstimos amigáveis da América, destinado ao desenvolvimento da Europa. O contrário seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito não só de exigir a devolução imediata, mas também a indenização pelas destruições e prejuízos.
Não. Eu, Evo Morales, prefiro pensar na menos ofensiva destas hipóteses.
Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais que o início de um plano 'MARSHALLTESUMA', para garantir a reconstrução da bárbara Europa, arruinada por suas deploráveis guerras contra os cultos muçulmanos, criadores da álgebra, da poligamia, do banho cotidiano e outras conquistas da civilização.
Por isso, ao celebrar o Quinto Centenário do Empréstimo, poderemos perguntar-nos: os irmãos europeus fizeram uso racional, responsável ou pelo menos produtivo dos fundos tão generosamente adiantados pelo Fundo Indoamericano Internacional?
Lastimamos dizer que não. Estrategicamente, o delapidaram nas batalhas de Lepanto, em armadas invencíveis, em terceiros reichs e outras formas de extermínio mútuo, sem outro destino que terminar ocupados pelas tropas gringas da OTAN, como no Panamá, mas sem canal.
Financeiramente, tem sido incapazes, depois de uma moratória de 500 anos, tanto de cancelar o capital e seus fundos, quanto de tornarem-se independentes das rendas líquidas, das matérias primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.
Este deplorável quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar e nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e os juros que, tão generosamente temos demorado todos esses séculos em cobrar.
Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus as vis e sanguinárias taxas de 20 e até 30 por cento de juros, que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo. Limitaremo-nos a exigir a devolução dos metais preciosos adiantados, mais os módicos juros fixos de 10 por cento, acumulado somente durante os últimos 300 anos, com 200 anos de graça.
Sobre esta base, e aplicando a fórmula europeia de juros compostos, informamos aos descobridores que nos devem, como primeiro pagamento de sua dívida, uma massa de 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, ambos valores elevados à potência de 300. Isto é, um número para cuja expressão total seriam necessários mais de 300 algarismos, e que supera amplamente o peso total do planeta Terra.
Muito pesados são esses blocos de ouro e prata. Quanto pesariam calculados em sangue?
Alegar que a Europa, em meio milênio, não pode gerar riquezas suficientes para cancelar esse módico juro, seria tanto como admitir seu absoluto fracasso financeiro e/ou a demencial irracionalidade das bases do capitalismo.
Tais questões metafísicas, desde logo, não inquietam os indoamericanos. Mas, exigimos, sim, a assinatura de uma carta de intenção que discipline os povos devedores do Velho Continente, e que os obrigue a cumprir seus compromissos mediante uma privatização ou reconversão da Europa, que permita que a nos entregue inteira, como primeiro pagamento da dívida histórica”.
É isso aí.
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