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Homem de confiança do Kremlin, Sergei Lavrov desembarca no Brasil na segunda-feira

Visita do chanceler russo faz parte da estratégia de Vladimir Putin de ocupar espaços deixados pelo governo dos EUA na América Latina

O chanceler russo, Sergey Lavrov (Foto: Divulgação)

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Por Eduardo Maretti, da RBA - Depois da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, com uma parada nos Emirados Árabes Unidos, o Brasil recebe nesta segunda-feira o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov. A programação prevê que o diplomata irá ao Ministério das Relações Exteriores (MRE), em Brasília, e depois falará à imprensa por volta das 12h30.

Lavrov se encontrará com o ministro Mauro Vieira, no Palácio do Itamaraty. Segundo o Planalto, a conversa será sobre “o potencial da parceria estratégica brasileiro-russa”. Na pauta, perspectivas de cooperação em comércio e investimentos, ciência e tecnologia, meio ambiente, energia, defesa, cultura e educação. A informação é do MRE.

De personalidade fria e discreta, Lavrov é um dos homens mais importantes do Kremlin e do governo de Vladimir Putin. O Brasil é uma das escalas que ele fará na América Latina. O esforço russo faz parte de estratégia de ocupar espaços deixados pelo governo americano de Joe Biden na região.

O presidente democrata dos Estados Unidos demonstra pouco ou nenhum interesse na América Latina, com exceção do México, que tem extensa fronteira com os EUA. Lavrov passará por Venezuela, Cuba e Nicarágua, consideradas pelo Ocidente três ditaduras de esquerda no subcontinente e aliados do Kremlin na região.

Em artigo na revista mexicana Buzos, reproduzido em outros veículos, o ministro de Relações Exteriores da Rússia comentou a situação no mundo e falou da América Latina em particular, além do Brasil. “A rápida mudança do cenário geopolítico abre novas oportunidades para o desenvolvimento de uma cooperação mutuamente benéfica entre a Rússia e os Estados da América Latina”, escreveu.

Obstinação do Ocidente

Segundo ele, “os países dessa região estão desempenhando um papel cada vez mais importante em uma ordem mundial multipolar”. O chanceler anotou que “a situação no mundo permanece extremamente tensa e continua a se deteriorar em muitos aspectos”. O chanceler defende “que os países da América Latina e do Caribe sejam fortes, unidos na diversidade, politicamente sólidos, economicamente estáveis”.

“A principal razão – disse ele no texto – é a obstinação do chamado Ocidente histórico, liderado pelos Estados Unidos, em tentar manter o domínio global e impedir o desenvolvimento e o fortalecimento de novos centros mundiais.” O objetivo de Washington, de acordo com ele, é “impor à comunidade internacional uma ordem mundial unipolar neocolonial”.

Com sua visita, Lavrov terá oportunidade de avaliar de perto a real posição brasileira ante a ordem mundial que Rússia e China estão construindo. No final de fevereiro, o Brasil foi o único país do Brics a votar na Assembleia-Geral da ONU pela aprovação de uma resolução exigindo a “retirada imediata” das tropas russas da Ucrânia.

A decisão brasileira foi criticada por analistas, por contrariar a tradição da diplomacia brasileira de equidistância em situações semelhantes. Mais do que isso, o Itamaraty foi o único voto contra a Rússia. China, África do Sul e Índia se abstiveram.

Em sua viagem à China, no entanto, o presidente Lula deu várias indicações de sua agora aparente tendência à aproximação com os dois gigantes que lideram a tentativa de mudar o eixo geopolítico do mundo para a chamada Eurásia.

Exportações russas à AL

Segundo Lavrov, apesar das sanções impostas à Rússia e da pressão política no contexto do conflito ucraniano, as exportações totais para os países latino-americanos e caribenhos cresceram 3,8% em 2022 e os embarques de fertilizantes e derivados de petróleo também aumentaram.

“Tanto a Rússia quanto a América Latina têm suas vantagens competitivas no contexto dos processos objetivos de formação de uma ordem mundial multipolar”, afirmou.

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