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Intercâmbio comercial China-Brasil é tema de evento no Rio de Janeiro

A América Latina estará no centro da segunda fase da Iniciativa Cinturão e Rota, ambicioso projeto da China para intercâmbio comercial e cultural

Intercâmbio comercial China-Brasil é tema de evento no Rio de Janeiro

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247, com Diário do Povo e Monitor Mercantil, por J.C.Cardoso - A América Latina estará no centro da segunda fase da Iniciativa Cinturão e Rota, ambicioso projeto da China para intercâmbio comercial e cultural.

No último sábado (10), o cônsul-geral da China no Rio de Janeiro, Li Yang, recebeu integrantes da Academia, do corpo consular e da mídia para falar sobre Cinturão e Rota e sobre a parceria Brasil–China. Especificamente sobre o Rio de Janeiro, os chineses vão incrementar parceria visando à inovação, colaboração cultural e na área de segurança, onde o cônsul enxerga um obstáculo ao incremento do turismo.

Além de planejamento, têm a seu lado disciplina e execução. O comércio com países interligados pelo Cinturão e Rota cresce acima da média, assim como os investimentos da China para atender a seus objetivos. Para ilustrar, só no primeiro semestre deste ano, 93 novos aeroportos foram licenciados no país, que conta agora com 404 aeroportos, incluindo 231 civis, que suportam a decolagem e a aterrissagem de aeronaves da aviação geral (composta por serviços industriais, agrícolas, de emergência médica, busca e resgate, pesquisa científica e uso esportivo, entre outros). Até 2020, a China espera 200 novos aeroportos de aviação geral. A previsão é que esse número atinja cerca de 2 mil até 2030. No primeiro semestre, as autoridades registraram mais 118 aeronaves de aviação geral, um aumento de 9,5% em termos anuais, levando o total do país para 2.415 unidades.

Segundo a Agência Brasil, a China está abrindo seu mercado de 1,3 bilhão de consumidores para o Brasil e para todos os países que queiram aproveitar essa oportunidade. As nações e empresas interessadas devem participar da 1ª Exposição Internacional de Importação da China, a se realizar no Centro de Convenções da cidade chinesa de Shanghai, de 5 a 10 de novembro de 2018.

"É raro ver um país promover uma exposição com foco em importações e é exatamente isso que a China está fazendo" disse a ministra-conselheira da Embaixada chinesa no Brasil, Xia Xiaoling. Segundo ela, muitos países estão interessados em participar do evento, mas o Brasil ainda não reservou um estande para mostrar seus produtos, apenas confirmou que participará do Pavilhão das Nações, uma mostra paralela à exposição. "O Brasil parece que não tem pressa", afirmou a conselheira.

Segundo Xia Xiaoling, os países que responderam afirmativamente, até 31 de janeiro deste ano, ao convite para participar da 1ª Exposição Internacional de Importação da China, terão grande desconto no pagamento do espaço.

"Não temos problemas em importar mais do Brasil", disse o encarregado de Negócios da embaixada chinesa, ministro Song Yang, que não se mostrou preocupado com o crescente superávit brasileiro com a China. Ele acrescentou que não entende por que alguns setores brasileiros se queixam de que a China só importa commodities como soja em grão e minérios de ferro.

"Queremos importar muito mais. Queremos importar produtos tecnológicos de alta qualidade, peças de automóveis e muitos outros produtos industrializados e aeroespaciais. Basta que o Brasil participe da Exposição Internacional de Importação da China e mostre seus produtos. Sem conhecer o produto brasileiro, o chinês não pode comprar mais", disse Song Yang.

Song Yang disse que, também na área de serviços, o Brasil não está aproveitando as vantagens oferecidas pela China. Citou o exemplo do turismo. No ano passado, a China enviou para o exterior 129 milhões de turistas. Para o Brasil, porém, só vieram 60 mil. De acordo com Song Yang, o Brasil não investe em propaganda na China para tornar conhecidas suas belezas turísticas. "Tudo o que o chinês sabe sobre o Brasil se limita ao Corcovado, ao Cristo Redentor, ao Parque Nacional do Iguaçu e ao Neymar".

Em termos de produtos tradicionais de exportação brasileiros, a ausência de publicidade também está provocando a perda de mercado na China. O diplomata chinês disse que atualmente o café da Colômbia e de alguns países da América Central está ganhando terreno em detrimento do café brasileiro.

Song Yang lembrou que, apesar de o Brasil não explorar todo o potencial de seu comércio, as vendas favorecem o lado brasileiro. Em 2017, o Brasil exportou US$ 47,48 bilhões para a China e importou US$ 27,32 bilhões, tendo um superávit de US$ 20,16 bilhões. Isso significou um grande avanço nas exportações brasileiras para a China, já que no ano anterior o superávit chegou a US4 11,7 bilhões.

No que se refere a investimentos, o Brasil recebeu a preferência chinesa. Segundo Song Yang, a América Latina e o Caribe constituíram a segunda região do mundo que recebeu mais investimentos chineses, depois da Ásia. A China canalizou até 2017 cerca de US$ 207 bilhões em investimentos diretos para a América Latina e o Caribe. Desse total, o Brasil recebeu cerca de US$ 50 bilhões.

Em setembro do ano passado, segundo o Palácio do Planalto (sede da Presidência da República no Brasil), com 14 acordos assinados entre os dois países e o anúncio da disposição chinesa em aumentar a compra de carne brasileira, ministros do governo Michel Temer avaliam que a visita de Estado à China trará avanços em infraestrutura e comércio ao Brasil.

"A China é, hoje, o maior parceiro comercial do Brasil. Chineses têm experiência e história de sucesso em infraestrutura de grande porte e queremos que eles participem desse crescimento do nosso País", afirmou o o ministro brasileiro dos Transportes, Portos e Aviação Civil, Maurício Quintella.

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