Por Jon Herskovitz e Marice RichterDALLAS, 22 Nov (Reuters) - Dallas irá relembrar nesta sexta-feira o 50º aniversário do assassinato do presidente John F. Kennedy, na primeira vez em que a cidade realiza uma cerimônia oficial em alusão àquele que é considerado o dia mais sombrio da sua história.
Kennedy será lembrado com orações, um discurso do prefeito Mike Rawlings e um sobrevoo de caças militares sobre a praça Dealey, onde Kennedy foi baleado na cabeça durante desfile em carro aberto.
Apenas 5.000 pessoas poderão assistir às cerimônias ao vivo na praça, mas telões serão espalhados por outros lugares do centro. As atividades começam às 11h30 (15h30 em Brasília), para coincidir com a hora do crime.
Em aniversários anteriores do crime, adeptos de teorias conspiratórias sobre a morte de Kennedy costumavam ocupar a praça Dealey, denunciando a tese oficial segundo a qual Lee Harvey Oswald, um ex-fuzileiro naval com inclinações comunistas, teria agido sozinho para fazer os três disparos contra o presidente a partir do sexto andar de um prédio próximo, que servia como depósito de livros.
Os "conspiratórios" estarão em peso em Dallas neste ano, mas, naturalmente, não farão parte da programação oficial.
"A morte dele mudou para sempre a nossa cidade, e também o mundo", disse Rawlings em nota. "Queremos marcar esse trágico dia lembrando um grande presidente com o senso de dignidade e história que ele merece."
Durante anos, Dallas foi vista como uma cidade pária por causa do crime, e sempre evitou qualquer cerimônia alusiva. O estigma começou a desaparecer há algumas décadas, e agora o Museu do Sexto Andar, no antigo depósito de livros, é uma das maiores atrações turísticas da localidade texana.
Dias atrás, a prefeitura apagou um grande X que havia sido pintado por um desconhecido no asfalto da rua Elm para marcar o local exato em que Kennedy foi baleado.
Muitos achavam que o X era de mau gosto, mas a indicação oficial --uma pequena placa num montículo gramado na própria praça-- também era considerada inadequada.
Após milhares de livros, reportagens, programas de TV, filmes de ficção e documentários sobre o 22 de novembro de 1963, as pesquisas mostram que a maioria dos norte-americanos ainda acredita em teoristas conspiratórias, rejeitando que Oswald tenha sido o único envolvido.
Hugh Ayensworth, que há 50 anos estava na praça Dealey como repórter, testemunhou a morte de Kenedy e também viu o corpo de Oswald depois de ser assassinado por Jack Ruby, dono de uma casa noturna em Dallas. Desde então, Ayensworth se dedica a investigar essas mortes e a desvendar supostas tramas.
"Não podemos aceitar muito confortavelmente que dois ninguéns, dois nadas - Lee Harvey Oswald e Jack Ruby - fossem capazes de mudar o curso da história mundial", disse ele à Reuters.