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Ministro da Polônia pede extradição de soldado nazista homenageado no Canadá

Yaroslav Hunka foi aplaudido na Câmara dos Comuns do país norte-americano, tendo sido também chamado de "herói ucraniano e canadense"

Yaroslav Hunka, de 98 anos, recebe aplausos na Câmara canadense (Foto: Reprodução/Youtube )

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Sputnik Brasil - O ministro da Educação da Polônia, Przemyslaw Czarnek, fez um apelo ao presidente do país para que peça a extradição de Yaroslav Hunka, ucraniano veterano do Exército nazista que foi ovacionado no Parlamento canadense na última semana. "Apelo ao Presidente [Andrzej Duda] para que examine imediatamente os documentos para determinar se Yaroslav Hunka é procurado por crimes contra a nação polaca e judeus polacos", afirmou Czarnek em uma carta aberta publicada no X, antigo Twitter.

"As características de tais crimes constituem a base para solicitar a sua extradição do Canadá." Hunka foi aplaudido na Câmara dos Comuns do país norte-americano, tendo sido também chamado de "herói ucraniano e canadense". O veterano atuou na Primeira Divisão Ucraniana ou 14ª Divisão de Granadeiros da SS, também conhecida como Divisão Galícia por contar com muitos voluntários dessa região da Ucrânia. >>> Como o Canadá se tornou um refúgio para nazistas ucranianos da 2ª Guerra

Segundo a comunidade judia Amigos do Centro Simon Wiesenthal de Estudos sobre o Holocausto, "não há dúvidas" que a 14ª Divisão de Granadeiros da SS, na qual participou Hunka, foi responsável por matar civis "com um nível de brutalidade e rancor inimagináveis".

A divisão era composta por voluntários, dos quais muitos eram admiradores de Stepan Bandera (1909–1959), colaboracionista nazista ucraniano durante a Segunda Guerra Mundial. Outros viam nos nazistas aliados na conquista de autonomia perante Moscou. >>> Presidente da Câmara do Canadá renuncia após escândalo de homenagem a soldado nazista

Na tarde desta terça-feira (26), o presidente da Câmara dos Comuns do Canadá, Anthony Rota, anunciou a renúncia do cargo após o escândalo ganhar proporção mundial. Hunka pode ter se reunido pessoalmente com Justin Trudeau e Zelensky

Em uma imagem publicada no Facebook, rede social pertencente à Meta (cujas atividades são proibidas na Rússia por serem consideradas extremistas), a nora de Yaroslav afirmou: "Dedo [avô] está esperando na sala de recepção por Trudeau e Zelensky". Ainda não é claro se no momento em que a imagem foi tirada, Hunka já havia sido ovacionado pelo Parlamento ou não. A introdução de Hunka foi feito pelo presidente da Câmara, Anthony Rota.

O próprio Trudeau afirmou que a celebração de Hunka foi “extremamente perturbadora” e “profundamente embaraçosa para o Parlamento do Canadá e, por extensão, para todos os canadenses”. Ele não mencionou qualquer encontro pessoal com o veterano da SS, mas, em vez disso, apelou a uma “resistência à propaganda russa”.

Ministério das Relações Exteriores russo se pronuncia

O ministério das Relações Exteriores russo classificou a homenagem à Hunka como "a melhor maneira de caracterizar o regime do primeiro-ministro Justin Trudeau que abraçou a russofobia desenfreada." "Os colaboradores ucranianos que serviram aos nazis escaparam à responsabilização pelo genocídio nos territórios ocupados da União Soviética e da Europa para receberem abrigo no Canadá após a Grande Guerra pela Pátria", disse a pasta, em comunicado divulgado hoje (26).

O texto acrescenta, ainda, que "não é por acaso que existem monumentos aos líderes do nacionalismo ucraniano no país" e que a esmagadora maioria dos nazistas que receberam asilo, como Yaroslav Hunka, "estão vivendo os seus dias em segurança, honrados e cuidados como combatentes do comunismo russo".

"Por mais que certos membros do Parlamento canadense tentem pedir desculpa retrospectivamente depois de receberem uma tempestade de indignação da comunidade judaica e até mesmo do aliado de Ottawa, a Polónia, o fato é que a ideologia ultraliberal propagada no Canadá e permeada de ódio pela Rússia, a sua cultura, valores religiosos e tradicionais, tem essencialmente as mesmas raízes do nazismo", prossegue o documento. "Esperamos que forças saudáveis ​​na sociedade canadense se pronunciem contra a nazificação da história e da vida cotidiana encorajada pelas autoridades do país, juntamente com a russofobia desenfreada."

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