Senadores pressionam Blinken a agir contra autoritarismo de Bolsonaro
Ao destacar que Bolsonaro tem levantado constantes dúvidas sobre o sistema eleitoral brasileiro, os democratas lembram que o sistema é considerado um dos mais seguros do mundo e não tem nenhuma evidência de fraudes
BRASÍLIA (Reuters) - Um grupo de senadores democratas do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos Estados Unidos cobrou, na terça-feira, do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, uma posição clara contra ameaças à democracia feitas pelo presidente Jair Bolsonaro e alertaram que qualquer ação antidemocrática pode ter "sérias consequências".
"Dado o status do Brasil como uma das maiores democracias e economias do mundo e um dos principais aliados dos EUA na região, a deterioração da democracia brasileira traz implicações para todo o hemisfério e além. Instamos o senhor a deixar claro que os EUA apoiam as instituições democráticas brasileiras e que qualquer ruptura antidemocrática com a atual ordem constitucional terá sérias consequências", diz a carta.
O texto foi assinado pelo presidente do comitê, o democrata Bob Menendez e por Dick Durbin, que também é presidente da Comissão de Justiça do Senado, Ben Cardin e Sherrod Brown, também democratas do comitê.
Os senadores destacam que, por várias vezes, Bolsonaro repetiu que só sairá do cargo "preso, morto ou reeleito", e avaliam que essa linguagem é "irresponsável" em qualquer democracia, mas especialmente em uma do calibre do Brasil, que por décadas foi capaz de transferências de poder pacíficas.
Ao destacar que Bolsonaro tem levantado constantes dúvidas sobre o sistema eleitoral brasileiro, os democratas lembram que o sistema é considerado um dos mais seguros do mundo e não tem nenhuma evidência de fraudes.
"Como duas das maiores democracias do hemisfério, os Estados Unidos e o Brasil mantêm ampla cooperação em questões de segurança, econômicas e diplomáticas. Além disso, nossa parceria com o Brasil deve ser um baluarte contra atores não democráticos, da China e Rússia a Cuba e Venezuela, que procuram minar a estabilidade democrática em nosso hemisfério", diz a carta.
"De fato, enquanto o hemisfério enfrenta o impacto da pandemia de Covid-19 e da mudança climática, os Estados Unidos se beneficiam agora mais do que nunca de uma forte parceria com o Brasil. Uma ruptura da ordem constitucional do Brasil colocaria em risco os próprios alicerces dessa relação bilateral", completam os senadores.
Em visitas de enviados do governo norte-americano ao Brasil, como o Conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, o tema das eleições foi levantado em conversas com diversos membros do governo Bolsonaro e com o próprio presidente.
Logo após a viagem de Sullivan, em um comunicado, o Departamento de Estado informou que foi ressaltada a confiança que o governo norte-americano tem no sistema eleitoral brasileiro.
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