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‘Tsunami social': sindicatos prometem paralisar a França em nova greve contra reforma da aposentadoria

Dois em cada três franceses, segundo as pesquisas, são contrários ao projeto de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030

Um sindicalista da CGT com um cartaz contra Emmanuel Macron durante uma das manifestações contra a reforma da aposentadoria (Foto: REUTERS/Eric Gaillard)

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Da RFI - A França vive nesta terça-feira (7) seu sexto dia de greve nacional desde o início do ano, em protesto contra a reforma da Previdência. Os sindicatos prometem que desta vez vão “paralisar” o país para bloquear o projeto promovido pelo presidente Emmanuel Macron que tem, entre suas medidas mais contestada, o aumento da idade mínima para a aposentadoria.

 Dois em cada três franceses, segundo as pesquisas, são contrários ao projeto de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e de antecipar para 2027 a exigência de contribuir por 43 anos (e não 42 como atualmente) para receber a pensão integral. Mas o governo afirma que, ao elevar uma das menores idades de aposentadoria da Europa, pretende evitar um déficit da Previdência. Segundo o porta-voz do Executivo, Olivier Véran, o objetivo é "cumprir o objetivo de um sistema equilibrado até 2030”.

 Desde a apresentação do projeto, em janeiro, os sindicatos organizaram grandes manifestações, incluindo a maior em três décadas no país, em 31 de janeiro - que mobilizou de 1,27 a 2,8 milhões de pessoas. Mas isso não foi suficiente para forçar o governo a recuar.

 Agora, as forças sindicais esperam intensificar o protesto. Uma fonte policial estima o número de manifestantes na França entre 1,1 milhão e 1,4 milhão. "Será um tsunami social", disse Murielle Guilbert, do sindicato Solidaires, nesta segunda-feira.

 Os serviços ferroviários na França e o transporte público de Paris, crucial para a economia da capital, devem sofrer perturbações já a partir da noite desta segunda-feira. "Teremos dias difíceis. É provável que as coisas não acabem em 7 de março à noite ou na manhã de 8 de março", advertiu o ministro dos Transportes, Clément Beaune, lembrando que os sindicatos ameaçam prolongar a mobilização. As autoridades solicitaram o cancelamento de 20% a 30% dos voos programados nos principais aeroportos.

 Impacto econômico "limitado"

 Os sindicatos também pediram o fechamento das escolas. Obras paralisadas, lojas fechadas, pedágios abertos e estradas bloqueadas também estão no programa de ações previstas.

 Os caminhoneiros já iniciaram a greve e provocaram engarrafamentos em cidades como Lille (norte) e Rouen (nordeste). Desde a sexta-feira passada, trabalhadores do setor de energia provocaram reduções na produção em várias usinas nucleares.

 Apesar do objetivo de bloquear a economia, o impacto das greves será "limitado", segundo os analistas do banco ING, que calculam, em caso de longas paralisações, uma queda de apenas 0,2 ponto percentual no PIB.

 A última vez que os franceses conseguiram evitar uma reforma da Previdência aconteceu em 1995. Os sindicatos paralisaram os serviços de trens e metrô por três semanas e conseguiram manter um grande apoio da opinião pública.

 A maioria dos franceses apoia atualmente o princípio de greves prorrogáveis (56%) e o objetivo sindical de "paralisar a França" (59%) para forçar o governo a recuar, de acordo com uma pesquisa da Elabe publicada nesta segunda-feira.

 O projeto, no entanto, segue o trâmite parlamentar. Depois de passar pela Assembleia (Câmara baixa), o plenário do Senado (Câmara alta) debate desde quinta-feira as propostas, que avançam graças ao apoio da oposição de direita.

 Tempo de debate limitado

 O governo optou por um polêmico procedimento parlamentar que limita o tempo de debate e permite aplicar as medidas caso as duas Câmaras do Parlamento não aprovem o mesmo texto até 26 de março. A Assembleia não votou o projeto.

 O Dia Internacional da Mulher, na quarta-feira, também pode registrar uma forte mobilização, em particular quando os opositores do projeto consideram que as mulheres são um dos grupos mais prejudicados pela reforma.

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