Appio ouvirá Palocci nesta sexta sobre suposta tortura da Lava Jato
O despacho do juiz Eduardo Appio cita "possíveis abusos e alegações de tortura" contra o ex-ministro
247 - Nesta sexta-feira (19) o juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Eduardo Appio, ouvirá em uma audiência o ex-ministro Antonio Palocci sobre seu acordo de delação premiada, firmado com a Polícia Federal em março de 2019 no contexto da Operação Lava Jato.
Na delação, Palocci incriminou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sem provas. O ex-ministro afirma que suas declarações não foram espontâneas e acusa a Lava Jato de torturá-lo.
De acordo com a decisão de Appio, a audiência terá o objetivo de "prevenir danos irreparáveis". O despacho também menciona "alegações feitas pelo diligente advogado em relação a possíveis abusos e alegações de tortura contra Antonio Palocci Filho".
O acordo de delação premiada de Palocci é repleto de inconsistências. Mensagens trocadas por integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Paraná indicam que Sergio Moro, ex-juiz suspeito da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, tinha interesse na celebração de certos acordos de colaboração, como o do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro e o de Palocci. O intuito era ter fundamentos para condenar o então ex-presidente Lula. Vale lembrar que juiz não pode participar das negociações de termo de delação.
Na delação, Palocci acusou Lula de corrupção. Às vésperas do primeiro turno das eleições de 2018, Moro levantou o sigilo de um dos anexos da delação. As informações foram usadas na campanha eleitoral para atacar o candidato do PT a presidente, Fernando Haddad, especialmente por seu oponente no segundo turno, Jair Bolsonaro — que venceu a disputa. Até procuradores da Lava Jato consideraram que a divulgação do documento por Moro foi uma tentativa de influenciar as eleições.
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