Lula defende Estado forte e promete barrar privatizações e venda de armas
"Um país pode ter toda a riqueza do mundo, mas se o povo não puder tomar café, almoçar e jantar, esse país não é soberano", disse o ex-presidente durante ato em Porto Alegre
247 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (1), durante encontro com lideranças no Rio Grande do Sul, fez críticas aos processos de privatização da Petrobrás e da Eletrobrás. O petista voltou a defender a atuação do Estado para condutor do crescimento socioeconômico e defendeu políticas que estimulam a venda de livros e não de armas.
"Um país pode ter toda a riqueza do mundo, mas se o povo não puder tomar café, almoçar e jantar, esse país não é soberano", disse Lula. "A soberania não pode discurso, tem que ser prática. Vocês compravam gasolina a dois reais e sessenta centavos. Somos autossuficientes e não podemos comprar um botijão de gás de treze quilos. Como sobrevivem os caminhoneiros? Tudo isso repercute na comida, porque a inflação... 50% da inflação são preços controlados pelo governo... Energia, gás, gasolina", acrescentou.
O ex-presidente criticou a iniciativa do governo Jair Bolsonaro de culpar os conflitos na Ucrânia pela alta da inflação no Brasil. "Por causa da guerra na Ucrânia? É por falta de vergonha. Se a gente privatizar a Eletrobrás, também vão tomar conta das nossas águas. Nunca mais haverá programa Luz para Todos", afirmou.
"Quero Estado forte. Eles não sabem falar a palavra desenvolvimento, crescimento, na palavra educação, cultura. Não sabem falar nada do que nós necessitados. Homem que distribui armas quando o País está precisando de livros, acaba com Ministério da Cultura, vamos criar Comitê de Cultura em cada estado. Vamos fazer a revolução cultural que o País precisa", continuou.
"Fizemos a maior política de inclusão social que esse País já mostrou. Não vamos usar arma, tiro...Quer proibir venda de armas, evitar genocídio, quando você vê um Genivaldo é jogado num carro... O Estado inexiste no cumprimento de suas obrigações. O Estado tem que estar na favela, com escola, lazer, centro cultural, com rua asfaltada, coleta de esgoto", complementou.
Alckmin
O ex-governador Geraldo Alckmin disse que vai "suar a camisa para Lula voltar a presidência do Brasil.
"Para salvar a democracia, o Brasil precisa da volta de Lula. Para combater o desemprego, a fome... Para recuperar a educação, salvar a saúde, o meio ambiente. Chegou o tempo da esperança, o tempo de Lula presidente", disse Alckmin.
Antes de iniciar o discurso, o ex-governador também cumprimentou Dilma e afirmou que ela é "guerreira, honesta".
Palanque
Em seu pronunciamento, o ex-presidente destacou a necessidade de conversas para um "consenso" sobre a chapa no Rio Grande do Sul.
"Quero fazer um apelo aos partidos que estão aqui no palco comigo: sentem, conversem e cheguem a um consenso sobre quem será nosso candidato a governador e senador no Rio Grande do Sul", disse.
Mais depoimentos
A ex-presidente Dilma Rousseff destacou a necessidade de "eleger Lula e fazer um governo em que o povo volte a decidir os destinos do país, que não fiquem nas filas procurando ossos nos açougues... Vamos ter de lutar".
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) destacou a aliança do PT com outros partidos como PSB, PCdoB, Psol e Rede, além de ter criticado a perseguição contra Lula, que teve mais de 20 vitórias na Justiça.
"Queremos construir uma grande unidade com todos os partidos que estão em nosso palanque nacional. Queremos ter a capacidade de fazer como vocês fizeram em nível nacional. Queremos oferecer ao Rio Grande a possibilidade de voltar a ser feliz de novo. Nosso estado foi palco de ato de perseguição, da covardia do TRF4, que não teve coragem de analisar a perseguição de Sergio Moro, Dallagnol, dos algozes da Lava Jato. Muitos tiveram seu coração dilacerado quando iram Lula ser levado para (a prisão) Curitiba", disse.
De acordo com o parlamentar, o governo Bolsonaro é "fascista, homofóbico, negacionista, racista". "Tínhamos oportunidade de comer melhor, ver filhos entrando em universidade, ter uma casa".
A ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) afirmou que o "Brasil viu o terror se instalar neste País". "Desemprego, fome, racismo, machismo, destruição da indústria, do polo naval. (Presidente) Muitas vezes a gente cantava ‘ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro’. As mulheres vão ser livres, negros e negras vão reconstruir esse País e população LGBT vai ser respeitada".
Segundo o presidente nacional do Psol, Juliano Medeiros, a aliança do seu partido com o PT "não começou nesta eleição". "O Psol esteve nas ruas em 2016 defendendo o mandato dessa mulher (Dilma), vítima de um golpe parlamentar. Em 2018, quando a Lava Jato perseguia Lula, estive em São Bernardo do Campo levando a solidariedade do Psol e entrarmos de corpo e alma pela liberdade de Lula. A aliança não é por um partido, eleição, mas por uma geração de brasileiros e brasileiras, que, se não tiveram a oportunidade de derrotar Bolsonaro, vão ser empurradas para a fome, miséria, violência".
Pré-candidato ao governo do Paraná, o ex-senador Roberto Requião (PT-PR) disse que o governo Bolsonaro é de "pouca vergonha, supressão dos direitos dos trabalhadores, entrega do petróleo". Estamos "ameaçados pela reação conservadora", disse.
O ex-parlamentar também criticou os processos de privatização da Petrobrás e da Eletrobrás. "A soberania, o domínio da nação sobre suas riquezas, sobre pesquisas, ciência e tecnologia", disse Requião. "Devemos a anular todas as iniciativas" contra a soberania, acrescentou.
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