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    Lula sugere negociação entre Cuba e Estados Unidos pelo fim do embargo

    "Joga fora o ódio que está acumulado há 60 anos e chama o governo cubano para uma conversa”, disse o ex-presidente Lula

    Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)

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    Tiago Pereira, Rede Brasil Atual - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a criação de uma mesa de negociação entre Cuba e os Estados Unidos. Ele disse que o povo cubano tem o direito de se manifestar, e que o governo tem obrigação de conversar com o povo. “O povo cubano tem direito de ir para as ruas, tem direito de pedir liberdade, de pedir mais comida na mesa e mais energia”, disse Lula, em entrevista ao Canal Once, do México, transmitida pela TVT nesta quarta-feira (28). “O que a gente não pode é permitir a ingerência de um país sobre o outro”, acrescentou. A segunda parte da entrevista vai ao ar na próxima semana.

    O objetivo das negociações seria pôr fim ao embargo econômico dos Estados Unidos contra a ilha, que dura quase seis décadas. “Temos que entender 60 anos de bloqueio. É muito ódio acumulado dos cubanos de Miami contra os cubanos de Cuba. Se não tivesse o bloqueio, Cuba poderia ser uma Noruega, uma Holanda, uma Suíça. Porque tem um povo extremamente qualificado.”

    No entanto, em vez de insuflar os protestos e anunciar novas restrições contra Cuba, Lula afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, devia ter suspendido as 246 medidas coercitivas tomadas pelo seu antecessor, Donald Trump, contra a ilha. Lula declarou ser um “fã” da Revolução Cubana, mas também defendeu o aprimoramento da sua democracia.

    “Joga fora o ódio que está acumulado há 60 anos, e chama o governo cubano para uma conversa”, recomendou Lula a Biden. “Vamos tentar uma solução negociada. E ver o que pode ser feito para tirar o embargo, e como pode ser aprimorada a democracia cubana”.

    Nicarágua

    Mais democracia também é a solução de Lula para as crescentes tensões entre o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e setores da oposição. “Se pudesse dar um conselho a Ortega, ou a qualquer outro presidente da região: não abram mão da democracia. Não abra mão de defender a liberdade de imprensa, de expressão.” Para o ex-presidente, a democracia “é uma beleza”, porque permite a alternância de poder. “Às vezes a sociedade elege uma pessoa pior, uma pessoa melhor. Não tem problema. São erros que a sociedade pode cometer, mas somente ela que pode garantir o exercício livre e pleno da democracia.”

    Relação Brasil-México

    Lula também advogou uma maior integração entre o México e os demais países latino-americanos, incluindo o Brasil. Ele disse que a cooperação entre os países da região é importante para fazer frente à dominação dos Estados Unidos no continente. E também para melhorar as condições de negociação com outros blocos, como a União Europeia, e potências, como a China.

    “Se a gente agir enquanto bloco, estabelecendo uma parceria, sem que haja hegemonia de um país sobre outro, podemos criar um bloco extraordinário, economicamente forte, de mais de 400 milhões de seres humanos. Não quero transformar os Estados Unidos em inimigo, nem romper relações. E acho que o México também não. O que queremos é criar alternativas, para que a gente não termine o século 21 igual terminamos o século 20.”

    Bolsonaro “genocida”

    Nesse sentido, Lula também defendeu o aprofundamento do intercâmbio econômico, tecnológico e educacional entre brasileiros e mexicanos. Inclusive contornando a dependência do dólar nas relações comerciais entre os dois países. Contudo, Lula afirmou que essa aproximação, no momento, é mais difícil, por conta da atuação do atual presidente, Jair Bolsonaro.

    “Enquanto temos um bom presidente no México, que é o (Andrés Manuel) Lopez Obrador, não temos um bom presidente no Brasil. Na verdade, temos um genocida governando o Brasil . Um cidadão que não gosta de trabalhador, que não gosta de mulher, de negro, de índio, que não gosta de pobre. Que não acredita no coronavírus, que não acredita na vacina. É um cidadão que despreza aquilo que todos os seres humanos prezam.”

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