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'Quando acabar a eleição, não tem mais lulista ou bolsonarista', diz Lula

Em entrevista, o ex-presidente falou em tom de união e destacou os apoios que tem recebido: "significam facilitar a possibilidade de eu ganhar com uma diferença maior"

Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)

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Por Guilherme Levorato, 247 - O ex-presidente Lula (PT) concedeu na manhã desta segunda-feira (10) entrevista à Super Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, e falou em tom de união ao ser perguntado sobre como será governar - se eleito - um país com uma massa de bolsonaristas. Jair Bolsonaro (PL) recebeu mais de 51 milhões de votos no primeiro turno, em 2 de outubro.

De acordo com o petista, superada a eleição, o Brasil não poderá mais ficar dividido entre seus apoiadores e os de Bolsonaro. "Não tem grande massa nem que apoie ele [Bolsonaro] nem que apoie o Lula. Ganhando a eleição, quem ganhou toma posse e vai governar e quem perdeu vai lamentar e se preparar para outra eleição. Foi assim que eu fiz em 89, 94 e 98. A eleição termina no dia 30. A hora que fechar a urna e anunciar [o vencedor], terminou. Não tem mais bolsonarista ou lulista, flamenguista ou vascaíno, corintiano ou palmeirense. Uma sociedade civilizada disputa da forma mais democrática possível, briga por seu candidato, luta por seu candidato. Acabada a eleição, tem seu resultado. Quem ganhou, governa. Quem perdeu, chora. Simples assim".

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Lula também foi questionado sobre o significado dos apoios que vem recebendo neste segundo turno. Já declararam voto no petista o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os ex-presidenciáveis José Serra (PSDB) e Simone Tebet (MDB), o PDT, de Ciro Gomes, os economistas Pedro Malan, Edmar Bacha, Arminio Fraga e Persio Arida, entre outros. "[Os apoios] representam você aumentar a quantidade de votos que você teve. Eu acho que esses apoios significam facilitar a possibilidade de eu ganhar as eleições com uma diferença maior no segundo turno. Eu agradeço os apoios, agradeço os votos do povo do Rio de Janeiro. Eu estou indo ao Rio de Janeiro visitar as comunidades do Alemão, da Rocinha e Belford Roxo porque eu quero aumentar a quantidade de votos que nós tivemos. É possível, eu sempre fui bem votado no Rio de Janeiro e é preciso recolocar na cabeça do povo brasileiro a lembrança daquilo que o meu governo fez para o Rio de Janeiro comparado ao que fez o Bolsonaro".

Em uma fala direcionada ao eleitorado fluminense, o ex-presidente lembrou dos feitos de seu governo no estado. "Você sabe o que aconteceu no Rio de Janeiro quando nós assumimos a Presidência. Nós descobrimos o pré-sal, recuperamos a indústria de óleo e gás, recuperamos a indústria naval, fizemos o maior investimento de obras públicas que já aconteceu no Rio de Janeiro. E nós vamos voltar a fazer o Rio de Janeiro crescer outra vez, crescer economicamente, gerar riqueza, emprego para distribuir para o povo. É isso que conta. O Rio não pode continuar sendo um estado extraordinário que aparece mais nas páginas policiais do que nas páginas econômicas. É isso que eu vou fazer para o Rio de Janeiro, e eu vou conversar com o governador independentemente do partido que ele for. Quando um presidente vai conversar com o governador, ele não olha o partido, ele olha o povo do estado. Vou tratar os governadores em igualdade de condições. O interesse é do povo, não do governo". O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), foi reeleito no primeiro turno.

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O ex-presidente garantiu que, se eleito, o Brasil voltará a ser destino de investimentos estrangeiros. "Eu tenho orgulho de como o mundo respeitava o Brasil. A França, a Alemanha, a China, Rússia, Índia. Essas pessoas viviam respeitando o Brasil e querendo fazer negócio. E eu, eleito presidente da República, sou a primeira chance de trazer investimento direto do estrangeiro para o Brasil - não para comprar nossas empresas, mas para fazer empresas novas, gerar empregos novos para que a gente garanta oportunidades novas para o povo do Rio de Janeiro. E vamos fazer muito investimento em obras de infraestrutura. Você está lembrado do PAC, quando empregos a gente gerou. Nós vamos voltar".

Perguntado sobre como será sua postura nos debates que virão pela frente com Bolsonaro, Lula disse que não entrará no "jogo rasteiro" do atual chefe do Executivo. "Eu vou ao debate da forma que eu sempre participei. Eu participei com Serra, com Alckmin, com Fernando Henrique Cardoso. Eu vou debater da forma que tem que ser o debate, duas pessoas apresentando propostas na televisão, uma pessoa questionando a outra. Eu quero saber o que ele fez e o que eu fiz, fazer uma comparação entre os dois governos para que o povo possa avaliar quem é que tem mais condições de governar o Brasil. É assim que eu vou para o debate. Eu de vez em quando vejo o presidente aparecendo na televisão meio nervoso, meio boquirroto, ofendendo, xingando as pessoas. Da minha parte não haverá baixo nível. Da minha parte, quando eu estiver falando na câmera da televisão, eu estarei falando com você sentado no sofá, com seu filho, seu neto, seu cunhado, seu empregado. Eu estarei falando com as pessoas do Brasil, não com o presidente. Estarei falando com as mulheres, homens e adolescentes para tentar convencê-los de que a proposta do PT é a melhor".

Lula também comentou mais uma vez o recente ataque de Bolsonaro contra o Nordeste. Ele associou a boa votação do petista na região ao analfabetismo da população dos estados nordestinos. "Acho de uma grosseria e de uma irresponsabilidade sem precedentes. Pouca coisa aconteceu nesse país que não tivesse a mão de nordestino. Eu sou nordestino com muito orgulho. Nasci em Garanhuns (PE) e tenho muito orgulho de ter sangue nordestino. Fiz minha carreira profissional em São Paulo. Mas acho que quem tiver uma gota de sangue nordestino não pode votar nesse cara [Bolsonaro]. Esse cara não gosta de mulher, de negro, de indígena, de sindicato. Ele não gosta de nada, só dos milicianos dele. Não é possível que você tenha um presidente da República que fale tamanha asneira contra um povo trabalhador como o povo nordestino. É impressionante a capacidade, a grosseria que esse candidato tem de ofender as pessoas. Pois então eu quero dizer: tenho orgulho de ser nordestino".

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Copa do Mundo

Em um momento mais descontraído da entrevista, Lula opinou sobre a Seleção Brasileira e sobre a expectativa de vitória na Copa do Mundo do Catar. "Pode acontecer com o Brasil agora em 2022 o que aconteceu em 2002. O Brasil está com uma seleção nova, com gente que está muito experimentada. Todos os jogadores jogam nos melhores times estrangeiros. E essa meninada de hoje vem com a vontade de ganhar a Copa do Mundo. Portanto, eu acho que vamos repetir em 2022 o que nós fizemos em 2002 e em 1994. O Brasil tem condições de ser campeão do mundo".

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