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    Senadores discursam: Brasil está insatisfeito com políticos

    Senadores e líderes partidários repercutiram nesta segunda (16) as manifestações que ocorreram em todo o país, ontem, contra o governo e a corrupção; em comum, as análises levam à conclusão de que há insatisfação generalizada da sociedade com a classe política como um todo; o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse que "o que está em jogo não é apenas a questão do governo Dilma ou do PT, mas é a política no Brasil de modo geral"; o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), disse que as manifestações de ontem refletiram a insatisfação com a classe política, agravada pela percepção de aumento dos casos de corrupção no país

    Senadores e líderes partidários repercutiram nesta segunda (16) as manifestações que ocorreram em todo o país, ontem, contra o governo e a corrupção; em comum, as análises levam à conclusão de que há insatisfação generalizada da sociedade com a classe política como um todo; o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), disse que "o que está em jogo não é apenas a questão do governo Dilma ou do PT, mas é a política no Brasil de modo geral"; o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), disse que as manifestações de ontem refletiram a insatisfação com a classe política, agravada pela percepção de aumento dos casos de corrupção no país (Foto: Valter Lima)
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    Agência Brasil - Senadores e líderes partidários repercutiram hoje (16) as manifestações que ocorreram em todo o país, ontem (15), contra o governo e a corrupção. Em comum, as análises levam à conclusão de que há insatisfação generalizada da sociedade com a classe política como um todo, uma vez que os manifestantes não permitiram a participação de nenhuma representação partidária.

    O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), avaliou que os protestos não foram promovidos apenas por pessoas que não votaram na presidenta Dilma Rousseff, mas também por eleitores dela que estão insatisfeitos. Para ele, no entanto, o governo não é o único foco de insatisfações. “O que está em jogo não é apenas a questão do governo Dilma ou do Partido dos Trabalhadores, mas é a política no Brasil de modo geral, a necessidade de mudança da cultura política que nós temos. E eu acredito que isso só se vai fazer por intermédio de uma reforma política. Temos que estar dispostos, preparados e sermos urgentes nas ações nesse sentido.”

    Costa também reconheceu a necessidade de que seu partido apresente novas propostas e faça uma reflexão sobre as críticas que vem recebendo. “Eu diria que o PT está vivendo um momento de dificuldade, e ele precisa reagir. E começou a reagir também com sua militância, mas essa reação precisa ter uma intensidade maior, inclusive dentro do partido. Ou seja, o PT precisa passar por um processo de autorenovação, precisa mudar e fazer com que a cultura interna do partido se altere também.”

    Para ele, o PT conseguiu implementar nos últimos 12 anos um conjunto programático que incluiu crescimento com distribuição de renda, geração de empregos e melhoria dos salários. “Temos de avançar agora para apresentar uma nova utopia, um novo manifesto do partido, uma proposta de funcionamento interno do partido, que abra as portas para a sociedade, que não privilegie as chamadas tendências, mas privilegie o contato com os movimentos sociais e com uma nova postura eleitoral também.”

    O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), disse que as manifestações de ontem refletiram a insatisfação com a classe política, agravada pela percepção de aumento dos casos de corrupção no país. “O brasileiro está insatisfeito com o governo, insatisfeito com a classe política, insatisfeito com a atuação da classe política e, principalmente, com a corrupção, que está endêmica e é, na percepção popular, uma coisa consentida pelo governo do PT nos últimos anos. Isso faz com que a classe política como um todo precise refletir, mas principalmente o governo.”

    Agripino criticou duramente a resposta dada pelo governo no primeiro momento após as manifestações. Para ele, os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, escalados para falar em nome do governo, apresentaram posições divergentes, que se mostraram sem credibilidade. “O governo não tinha direito de, depois dos eventos, colocar dois ministros com posições diametralmente opostas. Um deles pregando democracia e respeito às facções e o outro dizendo claramente que o movimento era só de pessoas que não tinham votado em Dilma. Isso tira a credibilidade de qualquer iniciativa que o governo venha a querer tomar e que satisfaça aquilo que é a exigência do povo brasileiro. Ou Dilma acorda, ou o povo vai acordar Dilma”, afirmou.

    A tribuna do Senado também foi dominada por discursos de análise das manifestações. José Antonio Reguffe (PDT-DF) disse que os manifestantes não devem ser “desqualificados”, e sim ouvidos. “É muito importante que a presidenta faça uma reflexão. A presidenta está defendendo, por exemplo, agora, um ajuste fiscal, de que já falei nesta tribuna, que pune o contribuinte. Antes de punir o contribuinte, o ajuste fiscal deveria ser reduzindo a despesa”, disse Reguffe.

    O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) também pediu que a presidenta receba os protestos com “humildade e respeito”. “Os indicativos da rua são na clara direção de que a presidenta precisa governar o país com base em nossa realidade, e não de olho nas próximas eleições, como tem sido a marca dos governos que se sucedem. As manifestações pediram ao governo e à presidenta que esqueçam o projeto de poder e coloquem o pé num projeto de nação. E reconhecer os equívocos do 'Dilma 1' [primeiro mandato] é o primeiro passo para essa possibilidade de entendimento”, disse Ferraço.

    No mesmo sentido, Waldemir Moka (PMDB-MS) cobrou do governo que dê explicações e dialogue mais com a sociedade e o Congresso. “Se o governo não tiver a capacidade de admitir os erros, essas manifestações só vão aumentar – eu tenho isso comigo”, afirmou Moka. Para ele, as políticas que o governo precisa implementar, como o ajuste fiscal, estão diretamente relacionadas com o combate à corrupção. “Uma coisa puxa outra”, disse Moka. Segundo o senador, não será possível convencer as pessoas a fazer sacrifícios se elas não virem exemplos de austeridade nas lideranças políticas. “Precisamos fazer isso. É preciso tratar essas coisas com seriedade porque, senão, junto com essa crise, vai o Congresso. E aí perde-se a representatividade”, alertou.

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