Bolsonaro diz que nasceu do Centrão: 'fui do PP metade do meu tempo'
“O Centrão é um nome pejorativo. Eu sou do Centrão. Eu fui do PP metade do meu tempo. Fui do PTB. Fui do então PFL", destacou Jair Bolsonaro em entrevista à rádio Banda B
247 - Jair Bolsonaro, em entrevista à rádio Banda B, nesta quinta-feira, 22, confirmou que suas raízes políticas se encontram no “Centrão”, que, segundo ele, é um “nome pejorativo”. A declaração ocorreu ao comentar a ida do senador Ciro Nogueira (PP) para ocupar o cargo de chefe da Casa Civil no lugar do general Luiz Eduardo Ramos.
“O Centrão é um nome pejorativo. Eu sou do Centrão. Eu fui do PP metade do meu tempo. Fui do PTB. Fui do então PFL. (...) O tal Centrão são alguns partidos que lá atrás se uniram na campanha do Alckmin. Algo pejorativo. Não tem nada a ver. Eu nasci de lá”, afirmou.
Na época da campanha eleitoral, no entanto, Bolsonaro fazia demagogia “anti sistema”, que agora ele reconhece fazer parte. Falava contra a política de oferecer cargos em troca de apoio e atacava o “Centrão”.
“Mas e o Centrão, por que não começa devolvendo os ministérios agora? Devolvendo as estatais, diretorias de banco, ou vão deixar para fazer isso ano que vem?”, afirmou em 2018, ao atacar grupo que declarou apoio à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à presidência da República.
Centrão no governo
Para alguns analistas, a indicação de Nogueira para a Casa Civil mostra que Bolsonaro não tem mais força e está dominado pelo grupo. O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL), concorda com a tese. “Orçamento terceirizado. Cargos terceirizados. Governo terceirizado. Pra que semipresidencialismo se o presidente já não manda nada?”, postou o parlamentar no Twitter.
Também empresários têm se demonstrado descontentes com o controle do “Centrão” sobre a política do governo federal, principalmente no que diz respeito às reformas e ao controle dos ministérios. De acordo com um representante empresarial ouvido pela coluna “Painel” da Folha de S.Paulo, a categoria vê as medidas como um sinal de que Jair Bolsonaro está sendo engolido pelo centrão e o ministro da Economia vai perdendo força.
O presidente da Associação de Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro, disse que a mudança é mais uma preocupação que se soma à pandemia, à retomada e às reformas tributária e administrativa. “Economicamente não é favorável”, disse.
Uma das principais medidas da reforma ministerial é o desmembramento do Ministério da Economia, do neoliberal Paulo Guedes, com a criação da pasta da Previdência e Trabalho, ocupada pelo atual secretário-geral da Presidência, Onyx Lorenzoni (DEM). Segundo a Agência Brasil, a Secretaria-Geral deve ficar com Luiz Eduardo Ramos, que foi substituído por Nogueira na Casa Civil.
O PP, de Nogueira, é composto or figuras políticas próximas ao governo, como o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira - que está engavetando os pedidos de impeachment no Congresso -, e Ricardo Barros, líder do governo na Câmara que está no centro da crise envolvendo a compra superfaturada da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde.
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