Congressistas cobram provas de Bolsonaro: “ou prova fraude ou terá cometido crime”
“Sem prova de fraude, o presidente tem que responder processo de impeachment!”, cobrou o senador Randolfe Rodrigues. Para o líder do PSB, Alessandro Molon (RJ), trata-se na nova “cortina de fumaça”
Por Nathalia Bignon, para o 247 - Jair Bolsonaro voltou a atiçar os ânimos de políticos ao afirmar, na noite desta segunda-feira (9), nos Estados Unidos, que a última eleição para presidente, da qual saiu vencedor, foi fraudada e que ele tem provas de que teria vencido no primeiro turno. Congressistas vieram a público exigindo a revelação de evidências ou a responsabilização do presidente.
“Sem prova de fraude, o presidente tem que responder processo de impeachment! Bolsonaro não pode achar que tem liberdade para macular nossas instituições preparando terreno para qualquer tipo de golpe que esteja em sua cabeça! E isso tudo enquanto o país afunda na crise econômica...”, defendeu o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Depois do líder do PSB, Alessandro Molon (RJ) citar a nova “cortina de fumaça” criada por Bolsonaro para camuflar a crise econômica, o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA) buscou facilitar a equação. “É simples: ou o Jair Bolsonaro prova que houve fraude em 2018 ou terá cometido crime de responsabilidade”, definiu.
Conterrânea de Jerry, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) classificou como ‘grave’ a tentativa de desqualificar as instituições brasileiras. “Deslegitimar as eleições presidenciais de 2018, fazendo uma acusação grave, sem apresentar provas e sem levar os ‘fraudadores’ à justiça, em meio a uma crise econômica, fiscal e política global é de uma irresponsabilidade sem tamanho. Essa verborragia é um grave problema”, sentenciou.
Presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) usou o mote das fraudes para enquadrar o presidente e o atual ministro da Justiça e ex-juiz responsável pelo caso Lava Jato, Sérgio Moro. “Fraude é você, Jair Bolsonaro, eleito com mentiras na internet, não participou de debates, não disse o que faria. É fraude do Moro, juiz político q prendeu Lula para facilitar sua vida e foi pago com o ministério da Justiça. Fale da crise do país, irresponsável”,
Colega de partido, Bohn Gass (PT-RS) lançou um desafio. “Se Bolsonaro provar que houve fraude na eleição e que ele deveria ter ganho no 1º turno, proponho que todo o Tribunal Superior Eleitoral seja derrubado e os ministros, presos. Mas, se Bolsonaro não provar, proponho que o derrubado e preso seja ele”.
Ex-aliado de Bolsonaro, Alexandre Frota (PSDB-SP) questionou a consequência da afirmação feita pelo presidente diante do mercado. “Após pouco mais de um ano, Bolsonaro afirma que houve fraude nas eleições de 2018, na qual ele foi vencedor. Tenho uma ideia, que tal anular as eleições? Quem vai investir em um país, onde o próprio presidente diz que as eleições foram fraudulentas?”, questionou o deputado, que protocolou nesta tarde um pedido para que o mandatário apresente as provas em 24 horas.
Pompeo de Mattos (PDT-RS) chegou a concordar com o presidente. “Bolsonaro tem razão, sim houve fraude no resultado da eleição: fraude é ELE. O povo o elegeu para governar e não pra criar ‘factoide’ todo dia. Bem que ele podia parar de falar bobagem e começar a governar o país”, criticou o deputado federal.
Eleito pelo PSOL-SP, Ivan Valente foi direto à sentença. “O delinquente que ocupa a Presidência afirmou que as eleições foram fraudadas e que ele venceu no 1° turno. A fraude foi o financiamento de empresários que pagaram o envio em massa de fake news! Mentir descaradamente às vésperas de manifestações golpistas é crime qualificado!”, afirmou.
TSE
No início da tarde de hoje, o TSE emitiu nota na qual desmente as declarações do presidente.
“Ante a recente notícia, replicada em diversas mídias e plataformas digitais, quanto a suspeitas sobre a lisura das eleições 2018, em particular o resultado da votação no primeiro turno, o Tribunal Superior Eleitoral reafirma a absoluta confiabilidade e segurança do sistema eletrônico de votação e, sobretudo, a sua auditabilidade, a permitir a apuração de eventuais denúncias e suspeitas, sem que jamais tenha sido comprovado um caso de fraude, ao longo de mais de 20 anos de sua utilização”, diz o comunicado.
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