Ex-diretor da Abin confirma à CPI que GDias recebeu alertas sobre atos golpistas do 8/1 pelo WhatsApp
"Não houve de minha parte interesse em esconder informação, tanto que apresentei ao ministro. Cabe ao ministro decidir se encaminha ou não aquela informação", disse Saulo Moura
247 - O ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha afirmou durante seu depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Investigação (CPMI) que apura os atos golpistas do dia 8 de janeiro, que o general da reserva Marco Edson Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) conhecido como GDias, recebeu avisos no WhatsApp sobre os possíveis atentados em Brasília. Segundo Saulo, que estava no comando da agência quando os eventos ocorreram, o general recebeu os avisos por meio de uma planilha elaborada por ele que teria sido enviada por meio do WhatsApp.
"[Eu] Elaborei os dois relatórios. O primeiro em uma planilha que continha os avisos enviados pela ABin a grupos e também os avisos enviados por mim pessoalmente, do meu telefone, ao ministro-chefe do GSI [GDias]. Entreguei essa planilha ao ministro, e ele determinou que fosse retirado o nome dele de lá, porque não era o destinatário oficial daqueles recados. Apenas os avisos encaminhados para os grupos de WhatsApp deveriam permanecer. Ele deu essa ordem, eu a segui", contou Saulo em sua oitiva segundo o Metrópoles.
As alterações nos documentos resultaram em dois relatórios com diferentes destinatários: um com o nome de Gonçalves Dias e outro sem o nome do general. "Não houve de minha parte interesse em esconder informação, tanto que apresentei ao ministro. Cabe ao ministro decidir se encaminha ou não aquela informação. Da parte da Abin, não houve nenhuma iniciativa em esconder que o ministro recebeu informações. E ele recebeu essas informações de mim", afirmou.
Cunha acabou sendo exonerado do cargo de vice-diretor da Abin em março e, em abril, foi escolhido pelo presidente Lula para liderar a Assessoria Especial de Planejamento e Assuntos Estratégicos do GSI. Ele assumiu suas funções no GSI em 13 de abril. Uma semana depois, no dia 19, foram divulgadas imagens do então ministro-chefe do GSI, Gonçalves Dias, dentro do Palácio do Planalto durante a invasão do local por extremistas bolsonaristas no dia 8 de janeiro.
A convocação para que Saulo Moura da Cunha prestasse depoimento à CPMI foi solicitada pelo senador Magno Malta (PL-ES), e pelos deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), Marco Feliciano (PL-RJ) e Delegado Ramagem (PL-RJ), todos integrantes da base bolsonarista no colegiado, sob a justificativa de que ele era vice-diretor da ABin no dia dos ataques golpistas.
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