Flávio Dino: aprovação de Bolsonaro não causa desespero e a tendência ainda é de erosão
Governador do Maranhão minimizou a popularidade do governo apontada no Datafolha, uma vez que os números, segundo ele, são muito baixos para o segundo ano de uma gestão. “Não há motivo para desespero mas também não há motivo para inércia”. Assista
247 - O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), minimizou na TV 247 a popularidade crescente do governo Jair Bolsonaro apontada na última pesquisa Datafolha e afirmou que não há motivos para desespero.
Para Dino, a aprovação de Bolsonaro já é muito baixa para uma gestão que ainda está em seu segundo ano no comando do Brasil. O governador falou também que a tendência ainda é de queda na popularidade do bolsonarismo.
“Não é algo que deva levar desespero. O problema é que nós achamos o Bolsonaro tão ruim, e de fato ele é, que às vezes a gente se espanta que um terço da população o aprove. É uma popularidade baixa, eu particularmente acho que para um governo ainda começando é muito pouco. Acho que há uma contradição muito aguda no governo, várias contradições. Há contradição entre investigações, polícia, Queiroz, milicianos, filhos. Há muitas contradições e por isso acho que a tendência do Bolsonaro continua a mesma, de erosão. Não há motivo para desespero mas também não há motivo para inércia, também não é possível esperar que a fruta amadureça e caia por mero efeito da força gravidade. É preciso que nós façamos a nossa parte”.
Questionado se o Brasil conseguirá se reerguer economicamente nos próximos dois anos a ponto de influenciar na campanha eleitoral de 2022, Flávio Dino afirmou que não há como ocorrer um crescimento “robusto” com a manutenção do programa neoliberal de Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes. “Só seria possível haver um crescimento econômico robusto, significativo, com geração de empregos mudando a agenda e mudando, portanto, as forças sociais que apoiam o governo. Não acredito que haja esta mudança nesta profundidade. E também há de se considerar muita ineficiência do governo, é um governo muito atrapalhado, muito atabalhoado do ponto de vista da gestão mesmo, da implementação de programas, de projetos, de obras. Infelizmente eu não vejo que haja essa retomada mais visível do crescimento”.
Com uma recente mudança na postura de Jair Bolsonaro em relação a pautas sociais e na cruzada do chefe do Executivo em busca de ampliar suas bases, Flávio Dino negou que Bolsonaro consiga manter uma agenda popular por muito tempo, já que sua eleição à presidência foi municiada pelo mercado financeiro e pelas elites, que não nutrem interesse por uma agenda social. “É possível que o Bolsonaro vire Lulista de repente? Sim, é possível, mas não me parece que vá ocorrer em razão da sua base social, da sua base parlamentar, dos pactos que fez com o dito mercado, que também tem um poder sancionatório, o mercado não é um cordeirinho, é também um lobo, ele tem poder de impor sanções quando suas agendas não são executadas, e não vejo que o Bolsonaro vá fazer um trânsito tão profundo nessa direção, ou seja, radicalizar na ruptura com as forças que o levaram ao governo”.
O governador ainda apontou uma falha na comunicação da esquerda no tema do auxílio emergencial, que foi uma conquista de partidos progressistas no Congresso Nacional que acabou caindo na conta de Bolsonaro pelos olhares do povo, o que fez a popularidade do governo federal subir. “Nós precisamos ter bandeiras claras, assim como houve com os R$ 600, de que o Bolsonaro veio para a nossa agenda, nós precisamos comunicar isso à sociedade. Acho que nessa temática do auxílio emergencial faltou isso. Nós vencemos a luta parlamentar mas não houve um trabalho de comunicação dessas bandeiras e dessas lutas, a conexão da luta social com a luta institucional, até porque, equivocadamente, houve uma minimização dessa vitória. Os nossos companheiros e companheiras lutam, obtêm vitórias e quem não está lá [no Congresso Nacional] minimiza, e depois você descobre que foi uma grande vitória só que você não capitalizou para o seu campo adequadamente”.
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