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Mãe de aluna que denunciou grupo que fazia apologia ao nazismo em escola de Valinhos diz que já teve filha chamada de 'escrava'

"A escola precisa trabalhar um protocolo de antirracismo, para educar as crianças a não reproduzirem esse discurso, que é estrutural", disse a advogada Thaís Cremasco

Colégio Visconde de Porto Seguro, em Valinhos (SP) (Foto: Divulgação (colégio Visconde de Porto Seguro/Campus em Valinhos))

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247 - As mensagens de cunho racista, xenofóbicas e de teor nazista, que resultaram na expulsão de oito alunos do Colégio Visconde de Porto Seguro, em Valinhos, na região metropolitana de Campinas (SP), não foram as únicas registradas no interior da unidade. De acordo com a coluna do jornalista Fausto Macedo, do jornal O Estado de S. Paulo, a advogada Thaís Cremasco, que levou o caso para a direção da escola, afirma que sua filha foi chamada de ‘escrava’ esse ano. 

“Já haviam acontecido outras situações de racismo. Quando o diretor da Escola diz que eu não denunciei, não é verdade. Eu tenho e-mails e gravação das minhas reuniões denunciando, por exemplo, o fato de minha filha ter passado meses almoçando e lanchando sozinha, porque nenhuma criança queria sentar com ela, porque o cabelo dela era ‘feio’. Quando eu levei isso para a escola, eles não entenderam como racismo. A minha discussão foi justamente para fazê-los entender que ações como essas são racistas, que isso é uma violência contra ela. Como minha filha não quis que eu levasse isso adiante, por medo de perder as amigas, eu encerrei a denúncia. Mas a escola colocou panos quentes, ‘ah, isso é bullying, isso acontece’. A minha filha foi chamada de ‘escrava’ esse ano na escola”, disse Thaís.

“O meu filho defendeu uma menina que estava sendo chamada de ‘macaca’ e a escola tentou demonstrar que ele estava exagerando na reação, colocando-o como errado, sendo que estava defendendo uma vítima. A escola precisa trabalhar um protocolo de antirracismo, para educar as crianças a não reproduzirem esse discurso, que é estrutural”, completou. 

>>> ‘Sou pró-reescravização do Nordeste’: Alunos de colégio alemão são investigados após mensagens em grupo 

De acordo com Thaís, os estudantes listados no grupo de Whatsapp alteraram o nome da comunidade e seguiram enviando mensagens ofensivas até a última quarta (2). “Esse grupo depois virou um outro, que chamava ‘sempre Bolsonaro’. Nesse grupo, eles passaram o telefone, CPF de professores e fizeram violência contra eles, no sentido de falar da condição social deles. Fizeram piadas gordofóbicas e homofóbicas, fizeram apologia à violência contra esses professores, porque entenderam que eles eram petistas. Isso ainda não está no boletim, mas eu tenho todas as provas”, ressaltou. 

Ainda conforme a advogada, o caso foi comunicado ao Ministério Público e uma investigação sobre o caso deverá ser aberta. “Os órgãos alemães também foram notificados. Eu até dei uma entrevista para um jornal alemão ontem. Na Alemanha essa situação é levada muito mais a sério. Existe na escola um movimento entendendo os meus atos como odiosos. Como se eu estivesse ‘polarizando’. Na verdade, eu enxergo que simplesmente estou na defesa da democracia e da liberdade”, afirmou. 

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