Moradores da Zona Oeste do Rio são obrigados a pagar 'taxas duplas' para milicianos e traficantes

247 - Os moradores da Zona Oeste do Rio de Janeiro têm enfrentado uma realidade de violência extrema, com confrontos frequentes entre milicianos e traficantes na região, há pelo menos dois anos. Segundo o G1, o cenário é marcado por uma disputa territorial que já resultou na transição de cerca de 14 comunidades das mãos da milícia para o controle do tráfico.

Nesse contexto, os moradores relatam sofrer abusos de ambos os lados do conflito, sendo obrigados a pagar taxas tanto para traficantes quanto para milicianos. "É absurdo a exploração que já existia e agora triplicou. Porque o povo está tendo que pagar dos dois lados. Na Muzema, é tráfico e milícia. Tem que pagar para o traficante, tem que pagar para a milícia", disse um morador que não quis se identificar. 

O domínio da milícia, historicamente estabelecido desde os anos 1980 na Zona Oeste, está enfrentando a invasão de áreas estratégicas pelo Comando Vermelho (CV), maior facção criminosa do estado. O objetivo do CV é consolidar o que eles chamam de "cinturão do tráfico", buscando controlar favelas que ofereçam acesso a áreas de mata, facilitando rotas de fuga e esconderijos, além de conectá-las a outras regiões dominadas pela facção.

A guerra entre os grupos criminosos tem se intensificado com confrontos frequentes, como os ocorridos na Muzema e em Rio das Pedras, último reduto da milícia na região. Recentemente, na região de Teixeiras, na Taquara, traficantes atiraram uma bomba caseira em direção a policiais durante uma operação.

Apesar das tentativas de diálogo entre as lideranças dos grupos em conflito, os esforços têm sido frustrados pela rivalidade e pelo histórico de violência. As autoridades de segurança, por sua vez, afirmam estar realizando investigações e operações para identificar e prender os criminosos, além de promover ações para enfraquecer os grupos criminosos e apreender armas. O Batalhão de Jacarepaguá da Polícia Militar tem realizado operações frequentes na região, contando com roteiros de rondas para tentar conter a prática de crimes.