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    Requião recebe de Gleisi proposta para cargo em Itaipu, recusa e se diz desrespeitado: "boquinha de luxo"

    Requião chamou o cargo oferecido de "sinecura": "o que eu iria fazer me reunindo de 60 em 60 dias com 12 pessoas? Não é ruim ganhar R$ 27 mil sem fazer nada, mas fere a autoestima"

    Roberto Requião e Lula (Foto: Eduardo Matysiak)

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    247 - O ex-governador do Paraná e ex-senador Roberto Requião (PT) afirmou à Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, ter se sentido desrespeitado ao ser sondado pela presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), sobre a possibilidade de assumir a presidência do conselho de administração da hidrelétrica de Itaipu.

    Requião classificou o posto oferecido como uma "sinecura", ou seja, cargo com boa remuneração e que exige pouco trabalho. "Não achei graça nisso. Uma sinecura dourada não é o objetivo de uma vida inteira de dedicação ao interesse público. O que eu iria fazer com o compliance de Itaipu, me reunindo de 60 em 60 dias com 12 pessoas? Não tinha o que fazer lá".

    "Eu acho que seria menos desrespeitoso não terem me oferecido nada", completou.

    Requião, que se filiou ao PT antes da eleição e fez campanha para o presidente Lula (PT) no Paraná, afirmou não ter ingressado no partido em busca de cargos no governo. "Entrei no PT sabendo da alta rejeição do partido no Paraná, para ajudar a ganhar a eleição. Acho que fiz isso". No entanto, o ex-governador disse que recebeu de Lula a promessa de que seria chamado a Brasília para discutir seu papel. "O Lula me ligou uns 25 dias atrás dizendo: 'Requião, eu vou te ligar para você vir a Brasília e eu, a Gleisi e você discutirmos a questão de como é que vai ficar o Paraná e tudo'. Mas acabou não me ligando. De repente, eu recebo essa sondagem [para o conselho de Itaipu]".

    A sondagem foi feita, segundo ele, por Gleisi, "que, diga-se de passagem, é minha amiga".

    "Você já pensou o cara sair da presidência do Parlamento Euro-Latinoamericano, do Senado da República e do governo três vezes para ser bedel de Itaipu? Eu não posso, com a carga que eu tenho, arranjar um cabide dourado em Itaipu. Isso faria com que eu perdesse a minha autoestima. Não tem cabimento. Não é ruim ganhar R$ 27 mil por mês sem fazer nada, mas é uma coisa que fere a autoestima das pessoas. Eu acho que é por aí, R$ 27 mil, R$ 30 mil [o salário]. Mas seria uma coisa que eu perderia o respeito por mim mesmo", finalizou.

    Por sua vez, Gleisi diz que o cargo foi oferecido a Requião por ser considerado importante para o desenvolvimento do Brasil e para as relações com outros países. "O conselho é responsável pela elaboração e pela aprovação da política da empresa, pelo que a empresa vai fazer, como vai fazer, quem acompanha, quem aprova. Se fosse para não fazer nada, as empresas não tinham conselho. Tanto as públicas como as privadas têm conselhos. Os conselheiros têm responsabilidade grande, até porque, se tiver algum problema, eles também têm responsabilidade".

    A presidente petista ainda disse que Requião pode ter ficado frustrado por não ter sido indicado por Lula a algum ministério. "Muitos tinham essa expectativa e não conseguiram".

    Ela afirmou esperar que o caso não abale a relação de Requião com o PT. "A gente tem um carinho e muito respeito pelo Requião. É um companheiro de grande caminhada que veio para o PT. O PT tem sido solidário com ele, e ele conosco. Espero que continuemos".

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