Secretaria de Educação de Santa Catarina, do bolsonarista Jorginho Mello, censura nove livros em escolas

247 - A Secretaria de Educação de Santa Catarina, sob o comando do governador bolsonarista Jorginho Mello (PL), emitiu um ofício na última terça-feira (7), orientando as escolas do estado a retirarem nove obras de suas bibliotecas. O comunicado, assinado pelo supervisor regional de educação, Waldemar Ronssem Júnior, e pela integradora regional de educação, Anelise dos Santos de Medeiros, não fornece explicações sobre a medida, mas indica que novas orientações serão enviadas em breve.

"Determinamos que as obras listadas abaixo sejam retiradas de circulação e armazenadas em local não acessível à comunidade escolar", destaca um trecho do ofício, segundo o jornal O Globo. Entre os livros banidos, destacam-se clássicos da literatura fantástica, como "It: A Coisa", de Stephen King, "Laranja Mecânica", de Anthony Burgess, e "Exorcismo", de Thomas B. Allen. A lista inclui ainda obras como "A Química Entre Nós", "Coração Satânico" e "Os 13 Porquês". 

Ainda segundo a reportagem, o Psol de Santa Catarina denunciou o caso ao Ministério Público e classificou a decisão como "uma censura grave, mais um sintoma da agenda ideológica antidemocrática e autoritária do governo Jorginho Mello”. Diante da falta de resposta do governo catarinense, o PSOL está considerando medidas judiciais para impedir a retirada dos livros.

O movimento de censura é visto como parte de uma tendência mais ampla, na qual governantes conservadores e de extrema direita têm promovido investidas contra obras literárias nos últimos anos.

Em 2019, o então prefeito do Rio de Janeiro,  Marcelo Crivella,ordenou o recolhimento da história em quadrinhos "Vingadores: A Cruzada das Crianças" da Bienal do Livro, alegando conteúdo sexual inadequado para menores devido a um beijo entre dois personagens do mesmo sexo que são namorados.

“O movimento de censura tem ganhado força especialmente nos Estados Unidos desde a eleição de Donald Trump em 2016. Um levantamento da American Library Association (ALA) de março deste ano indicava que o país recebera 1.269 solicitações de banimento de livros no último ano, em particular a obras referentes à comunidade LGBT+ ou pessoas não brancas. O total de 2022 chegou a 2.571, frente 713 em 2021 e 156 em 2020”, ressalta a reportagem.