Efeito coronavírus: como evitar a intoxicação por produtos de limpeza em casa
Esse tipo de ocorrência pode ter aumentado por conta da pandemia de Covid-19, segundo dados da Anvisa e da Unicamp
Por Fábio de Oliveira, da Agência Einstein - Os casos de intoxicação por produtos de limpeza entre adultos tiveram um aumento de 23,3% entre janeiro e abril deste ano em comparação com dados do mesmo período de 2019, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Foram 1.540 registros. Quanto às crianças, notificaram-se 1.940 ocorrências, ou um salto de 6,01% em relação ao ano passado. Os números são dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox). São 36 unidades no País. De acordo com a nota técnica da Anvisa, o crescimento foi verificado desde que se passou a recomendar a limpeza de objetos e superfícies devido à pandemia de Covid-19. Isso sugere um elo entre a maior frequência de uso daqueles produtos e exposição a eles.
No CIATox da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior paulista, no mesmo intervalo de meses no comparativo com 2019, o aumento no número de casos foi de 31%. “É o dobro da média que costumamos observar”, revela José Luiz da Costa, professor de toxicologia e coordenador do CIATox da cidade. Entre menores de 15 anos, o registro foi 15% maior e, nos adultos, 70%. A intoxicação intencional em maiores de 15 anos também subiu 44%. Os produtos de limpeza, chamados tecnicamente de domissanitários, incluem sabonetes, xampus, álcool em gel, água sanitária e desinfetante. “É um tipo de produto que está dentro de casa, lugar onde as pessoas estão ficando por mais tempo”, explica Costa. Dessa forma, existe um maior risco de contato com os artigos.
O mais comum, de acordo com o professor de toxicologia, é a mistura de produtos. Por exemplo, água sanitária (hipoclorito de sódio) com ácido de vinagre ou limpa pedra, que também contém ácidos. “Forma-se gases que são irritantes para os olhos e o trato respiratório”, diz Costa. No que concerne aos pequenos, o perigo é deixar desinfetantes e afins ao alcance deles ou que fiquem desassistidos.
A compra de produtos clandestinos também coloca a população em risco. Eles geralmente são vendidos em garrafas PET e não dispõe de tampa com trave de segurança. “Além disso, são coloridos e a criança pode confundi-los com suco ou refrigerante”, alerta Costa. Sem contar que não passam por controle de qualidade. Ou seja, não se tem conhecimento de sua constituição química nem de sua eficácia bactericida.
Álcool em gel
A Anvisa também computou 108 casos de intoxicação pelo produto de janeiro a abril deste ano – em 2019, foram 17. Crianças foram as vítimas mais comuns, representando 88 do total de ocorrências.
Para evitar intoxicação em casa:
- Mantenha os produtos de limpeza fora do alcance dos pequenos, principalmente os que estão na faixa etária entre 1 e 5 anos
- Não permita que as crianças tenham acesso ao local onde eles estão armazenados
- Não deixe detergentes e produtos de limpeza em geral debaixo da pia ou no chão do banheiro
- Evite o armazenamento desses produtos em recipientes diferentes e não etiquetados
- Leia e siga as instruções descritas no rótulo
- Não compre produtos clandestinos
- Não misture produtos
- Garanta ventilação adequada quando for utilizá-los
- Inutilize embalagens vazias porque elas sempre ficam com resíduos. Jogue-as fora de preferência em sistema de coleta seletiva
- Se houver exposição, ligue para um CIATox. Evite tomar leite ou induzir vômito – isso não funciona nessa situação
- O número do Disque-Intoxicação da Anvisa é 0800-722-6001
Uso do álcool em gel:
- Lave as mãos das crianças com água e sabonete. Utilize o álcool em gel quando isso não for possível. Os pequenos devem aplicá-lo sob a supervisão de um adulto
- Não use a opção em forma de aerossol em crianças
- Não armazene o álcool em gel em recipientes diferentes e não etiquetados
- Não aplique o produto, inflamável, perto de fogões, isqueiros e fósforos e deixe-o distante do fogo e do calor
Para mais informações, acesse o portal online da Anvisa.
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