Transporte de grãos na hidrovia do Tapajós é suspenso por seca, diz Associação de Terminais Portuários da Bacia Amazônica
O terminal localizado na Região Norte também escoa derivados de petróleo e fertilizantes
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) reiterou o posicionamento de que os volumes exportados pelo país não serão impactados pelo baixo nível do rio.
"Em períodos de seca, é comum que os alertas para o possível perigo de transporte por hidrovias aumente. Como forma de se precaver dessas situações, as traders atuam com cautela e se programam com antecedência, direcionando parte de suas cargas para os portos do Sul. Assim, não há impacto nas exportações", afirmou o diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes, em nota.
De acordo com a Anec, a estação de transbordo de Miritituba, situada em Itaituba, movimentou aproximadamente 15 milhões de toneladas de grãos em 2023. As barcaças que saem de lá levam as cargas até os terminais exportadores de Santarém e Barcarena, ambos no Pará, e Santana (AP).
O milho dominou as movimentações em Miritituba no ano passado, com cerca de 7,5 milhões de toneladas, seguido pela soja (6,8 milhões de toneladas), segundo dados oficiais citados pela Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport). O terminal também escoou derivados de petróleo e fertilizantes.
Ao comentar anteriormente sobre a redução das cargas pelo Tapajós em setembro e a paralisação do transporte pelo Madeira, a Anec havia feito comentário nesta direção, acrescentando que há maiores custos logísticos ao mudar a exportação de grãos dos portos do Norte para os do Sul/Sudeste.
O problema gerado pela seca acontece no momento em que o Brasil já embarcou a maior parte da soja prevista para exportação em 2024.
A Anec projeta embarques totais da oleaginosa neste ano de 99 milhões de toneladas --até setembro, a exportação havia somado 89,1 milhões de toneladas. No caso do milho, o país tinha exportado até o mês passado 23,5 milhões de toneladas, de 41 milhões previstos para 2024.
A Hidrovias do Brasil, líder na movimentação de cargas pelo corredor do Tapajós até Barcarena, com capacidade de movimentar mais de 7 milhões de toneladas por ano, não comentou o assunto.
A Amaggi e a Bunge, que também atuam na região, não comentaram o assunto. Procurada, a Louis Dreyfus não se manifestou imediatamente.
(Por Roberto Samora; edição de Marta Nogueira e Letícia Fucuchima)
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