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"A pátria não se vende": sindicatos paralisam a Argentina na segunda greve nacional contra Milei

A jornada acontece em um clima de recessão econômica e precarização salarial

Manifestantes protestam contra plano econômico do presidente Javier Milei, em Buenos Aires 10/04/2024 (Foto: REUTERS/Agustin Marcarian)

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RT - Os sindicatos argentinos realizam nesta quinta-feira (9) a segunda greve nacional desde a posse do presidente Javier Milei, com um alto grau de adesão que vai paralisar a economia do país sul-americano por 24 horas.

Ruas semi-vazias; escritórios do governo, escolas, bancos, lojas e restaurantes fechados; voos cancelados; transporte público limitado e hospitais atendendo apenas emergências são alguns dos efeitos do dia de protesto convocado pela Confederação Geral do Trabalho (CGT) e pela Central de Trabalhadores da Argentina (CTA, que está dividida em duas facções).

Diferentemente da greve anterior, realizada em 24 de janeiro, desta vez não houve manifestações, apenas uma paralisação sob o lema "a pátria não se vende".

Os motivos da greve são diversos. Por exemplo, contra a reforma trabalhista promovida pelo governo na Lei Bases, em discussão no Congresso, que aprofunda a precarização de milhões de trabalhadores.

Também é devido à crise econômica que se agravou e, em apenas cinco meses, aumentou drasticamente a pobreza, que agora atinge cerca de 50%, enquanto os salários têm uma perda de poder de compra de 17%.

Além disso, em meio a um cenário de recessão, há uma queda de 21,2% na indústria e de 42,2% na construção, dados oficiais divulgados às vésperas da greve.

Os líderes da CGT avaliaram o resultado da greve e afirmaram que, pela sua "contundência", o governo deve "tomar nota" e reconfigurar sua política de ajuste, que está levando a população "a extremos".

"Longe de ser sustentável, estão levando a população a extremos que dificilmente poderão se recuperar se isso continuar", disse Héctor Daer, líder do sindicato da Saúde e co-secretário-geral da central sindical.

Reações 

Horas antes do início da greve, Milei publicou uma foto em que aparecia sorridente com uma camiseta com a frase "Eu não paro".

Os membros do gabinete aderiram depois à campanha para contrariar o protesto.

"Minha solidariedade a todos os trabalhadores que não podem ir trabalhar hoje e receberão menos no final do mês, resultado dessa greve. Sinto que o sindicalismo está cada vez mais distante da realidade", escreveu nas redes sociais o ministro da Economia, Luis Caputo.

"As pessoas já abriram os olhos e estão cientes de que só sairemos desse desastre com esforço e sacrifício, não gastando mal o dinheiro dos contribuintes ou imprimindo mais pesos para que cada vez valham menos. Continuemos confiando, estamos no caminho certo", acrescentou.

A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, optou por mostrar fotos de supostos danos a ônibus de uma empresa que não aderiu à greve.

"Não deixemos que destruam tudo o que estamos conquistando. Nós vamos proteger todos os que forem trabalhar", disse ao reiterar que quem for "obrigado" a parar pode fazer uma denúncia anônima na linha telefônica aberta pelo governo para esse fim.

O porta-voz Manuel Adorni já havia alertado que aos trabalhadores estatais que aderirem à greve será descontado o salário.

Em luta 

Rodolfo Aguiar, secretário-geral da Associação de Trabalhadores do Estado (ATE), afirmou hoje que a greve alcançou uma adesão de 97% em nível nacional neste setor.

"As tentativas do governo de instilar medo e temor foram infrutíferas. Exceto aqueles que garantem serviços mínimos essenciais, nenhum funcionário público foi trabalhar. Neste momento, a adesão à medida é quase total em todo o país", afirmou, lembrando que os funcionários públicos não estão parando "por esporte", mas sim obrigados pelo governo.

"Sua política econômica, a redução dos salários reais e as demissões são apenas algumas das causas de nossa decisão. Temos um governo que se ajoelha diante do poder estrangeiro e, assim, traça um caminho de servidão. Temos que demonstrar que nunca nos ajoelharemos. O plano de luta no Estado não vai parar", explicou.

Por outro lado, Rubén Sobrero, líder do Sindicato Ferroviário (trabalhadores do transporte ferroviário), e Eduardo Belliboni, do Partido Obrero, advertiram que se o governo não responder às demandas desta jornada massiva, vão promover uma terceira greve geral, mas de 36 horas.

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