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    Ainda é cedo para falar em estabilidade nas relações entre Brasil e Argentina, diz analista

    A ministra das Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, teve uma intensa agenda em Brasília

    Chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e a ministra das Relações Exteriores Diana Mondino (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

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    Sputnik - Após meses de embates e diferenças ideológicas, o Brasil recebeu a primeira visita oficial de uma representante do governo da Argentina. A ministra das Relações Exteriores Diana Mondino teve uma intensa agenda em Brasília, com encontros com o homólogo Mauro Vieira e o vice-presidente Geraldo Alckmin.

    Para a cientista política Beatriz Bandeira de Mello, pesquisadora do Observatório Político Sul-Americano (OPSA), ainda é cedo para afirmar que as relações Brasil-Argentina estão estáveis, apesar da visita da chanceler argentina ser um sinal positivo ao governo brasileiro.

    "A visita acontece em um momento delicado, depois do encontro do presidente argentino, Javier Milei, com o empresário Elon Musk na semana passada. Nesse encontro, Milei ofereceu ajuda a Musk no caso envolvendo o ministro Alexandre de Moraes, o STF [Supremo Tribunal Federal] e as investigações sobre a atuação das chamadas milícias digitais no Brasil. Esse comportamento do Milei, notadamente pró-Estados Unidos e distante da América do Sul, tem contribuído para um esfriamento das relações entre Brasília e Buenos Aires. Nesse caso, a ministra atua para minimizar arestas e evitar maiores conflitos entre as partes", pontua à Sputnik Brasil.

    Segundo Bandeira de Mello, as relações entre Argentina e Brasil ficaram estremecidas durante os governos de Alberto Fernández e Jair Bolsonaro. Isso começou a mudar no início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas a entrada de Buenos Aires no BRICS foi rejeitada este ano por Milei.

    "A possibilidade de ruptura das relações diplomáticas é remota, dada a complementaridade econômica e comercial entre os países, mas não há dúvida de que as diferenças ideológicas contribuem para que a relação bilateral se mantenha em caráter inercial, ou seja, através da simples manutenção de agendas protocolares", explica.

    Entre os assuntos discutidos no encontro com Vieira estavam infraestrutura fronteiriça, cooperação em energia e defesa, além de integração e a Hidrovia Paraguai-Paraná. A ministra Mondino propôs estabelecer um mecanismo de cooperação em matéria fluvial e citou a complementariedade energética e nuclear.

    O professor Lucho Karamaneff, da Universidade Nacional de San Martín (UNSAM), acredita que o encontro visa "manter o que explodiu por baixo" da relação política entre os dois países.

    "A Argentina é um país parceiro, sócio e amigo do Brasil, com quem temos uma relação estreita há longo tempo e com oportunidades de cooperação em todas as áreas. A relação bilateral Brasil-Argentina é estratégica e deve ser aprofundada [...]. Precisamos ampliar o comércio e firmar acordos no âmbito do Mercosul para promover as exportações, aumentando os empregos na nossa região e gerando mais renda", enfatizou Alckmin.

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